POR VER
Do ponto de vista económico, o ano de 2017 será satisfatório, para 44% dos empresários que participam no último barómetro mensal da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, realizado em parceria com o Observador, a TSF e a Netsonda. Já 31% perspectivam que o ano será economicamente medíocre, e 8% acreditam mesmo que será mau, enquanto somente 13% defendem que 2017 será bom para a economia nacional.
O regresso do proteccionismo poderá ser uma realidade, na opinião de uma maioria tímida dos gestores inquiridos (42%), contrariada por 32% de respondentes que afirmam o oposto. Uns expressivos 24% não sabem/não respondem a esta questão.
Neste Barómetro de Janeiro, a ACEGE pediu aos empresários e gestores que classificassem um conjunto de medidas fiscais, numa escala de zero a cinco pontos (em que zero corresponde a ‘Não concordo nada’, e cinco corresponde a ‘Concordo totalmente’).
A primeira, relativa às mudanças no pagamento do IVA em importações fora da União Europeia, recolheu um resultado preocupante: 46% parecem desconhecer estas mudanças (não sabem/não respondem), enquanto 8% concordam totalmente com as mesmas (atribuindo 5 a esta medida), 13% classificam-na com 4 pontos e 15% com 3 pontos.
Pelo contrário, quando a classificação se refere à implementação de mais benefícios fiscais ao investimento e ao aumento de capitais por parte das empresas, reúne-se o consenso entre os executivos nacionais: 48% concordam totalmente com estas medidas (atribuindo-lhes nota máxima), 32% concordam bastante (classificando-as com um 4), 9% concordam (3 pontos), e 3% concordam parcialmente (2 pontos).
Quanto à questão de as empresas com dívidas ao Estado terem de pagar uma taxa de 0,3% sobre o total do valor patrimonial tributário, as opiniões dividem-se: 20% dos gestores católicos não concordam nada com a medida, ao passo que 19% lhe atribuem 4 pontos, outros 19% a avaliam com 3 pontos, e 12% concordam totalmente com este pagamento adicional.
Redução de IRC para PME do interior aplaudida
As micro, pequenas e médias empresas do interior do País vão beneficiar de uma redução da taxa de IRC, prevendo-se uma taxa de 12,5% para os primeiros 15 mil euros de matéria colectável. Concordarão os empresários nacionais com esta medida? A avaliar pela amostra do inquérito da ACEGE, sim: 47% dos respondentes dão pontuação máxima a esta medida, 27% classificam-na com 4 pontos e 15% com 3 pontos.
Mas, para beneficiar da redução de IRC, há critérios de delimitação a ter em conta, como emigração e envelhecimento, actividade económica e emprego, empreendedorismo e infra-estruturação do território. A maioria dos empresários e gestores concorda também com a estipulação destes critérios: 16% totalmente, 26% bastante (4 pontos) e 23% em geral (3 pontos).
Acresce que 31% concordam totalmente que apenas poderão tirar partido deste benefício “empresas que exerçam actividade e tenham direcção efectiva nas áreas beneficiárias”, e que não tenham salários em atraso, condição defendida também, com 4 pontos, por 26% dos inquiridos, e, com 3 pontos, por 20% dos inquiridos.
Por outro lado, 18% dos empresários concordam bastante (4 pontos) e 19% concordam (3 pontos) que não haja benefícios na redução do IRC “para empresas que resultem de cisão efectuada nos dois anos anteriores à [sua] usufruição”. 14% concordam apenas parcialmente (2 pontos) com esta restrição.
Ainda em relação à redução do IRC para PME do interior do País, 25% avaliam com 4 pontos, 21% com 3 pontos e 17% com 5 pontos a ideia de que para beneficiar desta regalia, a determinação do lucro tributável deve ser efectuada com recurso a métodos directos de avaliação, ou no âmbito do regime simplificado de determinação da matéria colectável.
Considerando que o Banco Central Europeu prolongou até ao final de 2017 o programa de compra de dívida, mas irá fazê-lo a um ritmo menor, outra questão que se impõe no actual contexto económico é se Portugal vai ter de se financiar a taxas de juro mais elevadas durante este ano. E, sobre esta matéria, os empresários católicos não têm dúvidas – 86% acreditam que sim, contra somente 6% que defendem o contrário (7% não sabem/não respondem).
Por último, e dando como exemplo que o Governo italiano vai compensar os detentores de obrigações do Monte dei Paschi que tenham de suportar perdas com o resgate do banco, o inquérito mensal ACEGE/Observador/TSF questiona se os contribuintes devem ser sempre chamados a suportar perdas dos bancos em dificuldades. A esmagadora maioria (88%) dos empresários e gestores que participam neste Barómetro não tem dúvidas que os contribuintes não deveriam pagar esta pesada factura. Apenas 8% dos inquiridos sustentam que as perdas com o resgate de bancos devem ser compensadas por esta via.
O inquérito, que mensalmente toma o pulso ao sentimento económico face às questões da actualidade, inclui a questão fixa “Como define o seu estado de espírito em relação ao País?”. Como tem vindo a suceder, os executivos revelam principalmente um sentimento pessimista, embora este seja cada vez menor, nos últimos meses. Os empresários e gestores “moderadamente pessimistas” constituem a maioria, com 38% das respostas (um agravamento muito ligeiro face à edição de Dezembro do Barómetro da ACEGE, que registou 37%% neste pessimismo moderado). Seguem-se os que não estão “pessimistas nem optimistas”, com 25% (22%, em Dezembro); os “moderadamente optimistas”, com 22% (24%, em Dezembro) e, por fim, os “francamente pessimistas”, com 12% (15%, em Dezembro). Como também vem sendo habitual, ninguém se manifesta francamente optimista em relação à actual situação do País.
Realizado em colaboração com a Netsonda junto de altos responsáveis de empresas portuguesas, este inquérito mensal é constituído por perguntas de sentimento económico formuladas pelos três parceiros da iniciativa e enviadas aos gestores associados da ACEGE. A presente edição do Barómetro foi realizada entre os dias 5 e 16 de Janeiro, período durante o qual foram questionados 1240 empresários e validadas 192 respostas.
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