O Centro Pedro Arrupe é uma das valências de acolhimento do JRS-Portugal e foi o primeiro acolhimento desenvolvido em Lisboa exclusivamente para migrantes em condições de grande vulnerabilidade. A diversidade é a palavra de ordem: cultural, linguística, de tipologia de migrações, de projetos de vida e de perfis… O centro acolhe 25 migrantes de 15 nacionalidades diferentes, em média por 10 meses. Desde a sua criação, em 2006, já acolheu mais de 2000 migrantes
POR RITA SOMMER

“JRS does not bring hope from the outside, but kindness and supports the hope already living in those we serve.”

JRS international director
Tom Smolich, sj

No dia a dia conhecida por Rita Sommer, mãe de três filhos com 11, 14 e 17 anos, casada e com um spitz alemão anão que se comporta como um pitbull, exceto com os donos. Nasci no Alentejo, mas tenho origem espanhola e alemã. Desde que me lembro que participo em projetos de voluntariado, mas foi em 2002 que desenvolvi um ano de voluntariado em Portugal e posteriormente segui por dois meses para Cabo Verde através da Associação de Ação Social da Universidade Lusíada (ASSUL). Pertencer a este grupo permitiu-me participar em diversos encontros e retiros com jesuítas. Após a integração na ASSUL senti uma transformação na forma como perspetivava o futuro e a espiritualidade.

É após uma vasta experiência no terreno a desenvolver trabalho voluntário que decido matricular-me no curso de Serviço Social pela Universidade Católica Portuguesa. Posteriormente finalizei também o mestrado executivo em Gestão de Recursos Humanos pelo INDEG ISCTE.

Após concretizar a formação académica, comecei a trabalhar enquanto assistente social e membro dos órgãos sociais no Grupo de Intervenção e Reabilitação Ativa (GIRA) – apoio em residências para pessoas com doença mental. Anteriormente tinha estado a trabalhar na Vitae- abrigo do Beato, onde trabalhei nas equipas de rua para sem abrigo e toxicodependentes (Arroios, Anjos, Intendente e bairros de Almada).

Sou catequista na Igreja de São João de Deus há 15 anos a dar catequese aos mais pequeninos.

Relativamente ao trabalho onde permaneço até hoje no Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal) este foi aquele onde colaborei profissionalmente mais tempo, dado ter entrado em 2009. A minha maior paixão profissional é sem dúvida trabalhar com pessoas, especificamente na área das migrações. Comecei como assistente social na valência de acolhimento do JRS-Portugal, Centro Pedro Arrupe (CPA) e posteriormente coordenei a equipa social do JRS por cerca de 6 anos, tendo regressado ao CPA como coordenadora, onde permaneço há 7 anos.

No ano passado, finalizei o curso de coaching promovido pelo JRS Portugal e certificado pela ICU, que tem como objetivo procurar a melhor versão de cada um.

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O Centro Pedro Arrupe é uma das valências de acolhimento do JRS-Portugal e foi o primeiro acolhimento desenvolvido em Lisboa exclusivamente para migrantes em condições de grande vulnerabilidade.

A diversidade é a palavra de ordem: cultural, linguística, de tipologia de migrações, de projetos de vida e de perfis… O centro acolhe 25 migrantes de 15 nacionalidades diferentes, em média por 10 meses. Desde a sua criação, em 2006, já acolheu mais de 2000 migrantes.

O critério de entrada dos residentes baseia-se em três vetores:

  • Vulnerabilidade
  • Potencialidade
  • Motivação face à mudança

Há muitos pedidos para um número limitado de vagas e daí ser necessário proceder a uma seleção cuidada e criteriosa.

Dado que cada residente é um ser único e irrepetível, a metodologia assenta no apoio e acompanhamento individualizado e na escuta ativa. A ocupação e a participação dos residentes são fortemente promovidas e incentivadas, por forma a que cada residente encontre o seu potencial e sentido de vida, mas são os residentes a definir e a concretizar os seus mesmos objetivos. As atividades de grupo são igualmente muito importantes, tais como o desenvolvimento da Hora do Conto que, a partir de uma história ou de um jogo, se debatem temas mais gerais e geralmente se discutem depois as histórias individuais ou até os momentos das refeições (almoço com apoio de equipa técnica) são considerados fundamentais para a partilha, não só de bens alimentares como por reunir um vasto número de residentes que trocam ideias entre si, sorrisos e tudo quanto mais possa conduzir à formação por via da informalidade.

O CPA é um espaço de interculturalidade e de encontro, nomeadamente de voluntários que desenvolvem a maioria das atividades formativas e de desenvolvimento pessoal. Os voluntários são também aqueles que, comummente desempenham o papel de tutores dos residentes. Procura-se, ainda, estabelecer um ambiente favorável aos membros da comunidade e como tal, permite-se aos vizinhos a utilização de alguns espaços e equipamentos, tais como: computadores e integração em algumas atividades culturais.

O desenvolvimento de atividades diárias, imbuídas deste espírito mobilizador e pacificador, são fundamentais ao progresso e concretização dos projetos de vida dos utentes. Acresce que sendo o centro um espaço de constante passagem por ser temporário e com grande rotatividade de pessoas, exige um maior esforço por parte da equipa técnica de renovação do espaço físico. Assim, há uma maior necessidade de adaptação, inovação e evolução face às necessidades a cada momento.

Deste modo, o CPA encontra-se a desenvolver uma campanha, denominada “Mais do que um Lugar-Comum”. Esta é uma campanha que pretende criar as condições para transformar o espaço das garagens contíguas à casa, num espaço polivalente, de socialização e formação. Pretende-se desenvolver atividades de formação formal e informal para os migrantes e refugiados, com enfoque no ensino da língua portuguesa e na dinamização de workshops de capacitação para a empregabilidade e de desenvolvimento pessoal e profissional. Com o número de pessoas a acolher e atividades a aumentar, bem como as condições de acolhimento a necessitarem de serem melhoradas, queremos expandir o espaço que não está a ser bem aproveitado, no piso inferior do centro, cedido pela CML. Esta campanha tem como objetivo a angariação de fundos para a requalificação de espaços comuns no Centro Pedro Arrupe (CPA). Um centro que tem por missão acolher migrantes em situação de carência económica e social durante os quais as pessoas constroem o seu projeto de vida, e dão os primeiros passos no seu processo de integração em Portugal.

Precisamos de parceiros e mecenas que nos ajudem a concretizar este sonho.

Rita Caldeira Castel-Branco de Sommer

Coordenadora do Centro Pedro Arrupe – Serviço Jesuíta os Refugiados