Foi apresentada esta semana a 3ª edição do Programa UPskill. Trata-se de uma iniciativa nacional que tem como foco requalificar pessoas desempregadas ou em situação de subutilização para, através de uma formação intensiva de seis meses, terem acesso a uma nova vida profissional nas várias áreas das tecnologias de informação e comunicação (TIC)
POR MANUEL GARCIA
A abordagem do tema da requalificação profissional tem usualmente e como ponto de partida iniciativas lançadas no contexto empresarial ou de instituições públicas. Ou seja, iniciáticas vindas da oferta e não da procura. Facto que se compreende, pois corresponde à constatação de que um país com trabalhadores mais qualificados consegue atrair mais investimento e criar empresas competitivas.
Esta é uma realidade indissociável do sucesso, numa economia que continua a ser global. Pese embora os últimos acontecimentos nos obriguem a refletir sobre o novo global e as potenciais oportunidades que poderá criar. Mas essa é outra “estória”…
Voltando ao tema de fundo, a questão que se deve colocar é se melhorar as qualificações ou requalificar não deve ter como ponto de partida cada um de nós, correspondendo em primeiro lugar a um objetivo pessoal.
Em Portugal, estamos com cerca de 5,9% de desemprego. Um valor que esconde outra realidade: o desemprego jovem continua em torno dos 17,8%. Se a isto somarmos os 23% de pessoas em situação de subutilização (segundo dados da Nova SBE), verificamos que temos um considerável número de pessoas cuja situação em concreto, de desemprego ou subemprego, estará forçosamente ligada ao facto de terem qualificações que não encontram resposta no mercado de trabalho.
Estas pessoas são o alvo ideal da requalificação. Mas a decisão de ganhar novas competências tem de ser pessoal, porque cada um de nós tem de acreditar: em primeiro lugar, em nós próprios e nas nossas capacidades; e, em segundo lugar, que a sociedade necessita do contributo de todos e que não pode dispensar ninguém ou deixar ninguém para trás.
A velocidade a que hoje tudo acontece implica estar sempre em constante evolução. Aprender, aprender e aprender tem de ser uma constante da vida e tem de ser encarada como um desafio e uma prioridade pessoal.
Mas para alinharmos o discurso com o ponto de partida deste artigo, ou seja, não o que temos de “procura”, mas o que temos de “oferta”, vem esta “prosa” a propósito de estar a ser lançada a 3ª edição do Programa UPskill (www.upskill.pt). Trata-se de uma iniciativa nacional que tem como foco requalificar pessoas desempregadas ou em situação de subutilização para, através de uma formação intensiva de 6 meses, terem acesso a uma nova vida profissional nas várias áreas das tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Sendo a transformação digital uma das áreas em que mais se aposta, não será esta uma excelente oportunidade de acesso a um futuro melhor? É bom que se entenda que essa é também a visão das empresas que participam no UPskill. Também elas querem contribuir, com os seus serviços, para um futuro melhor, colocando a tecnologia ao serviço das pessoas e das organizações.
São, por isso, necessários profissionais que partilhem esses objetivos e empresas que saibam entusiasmar e partilhar o seu propósito com o dos seus colaboradores. Será esta partilha de objetivos que permitirá atrair e desenvolver o talento.
O desafio é, pois, de todos. Mas como o “todos” permite sempre diluir responsabilidades, é necessário que, como ponto de partida, cada um assuma a sua responsabilidade pessoal, tomando o seu destino nas suas mãos e apostando fortemente na melhoria das suas qualificações.
Manuel Garcia
Coordenador nacional do Programa UPskill, em representação da APDC.
Com uma vasta experiência na área das TIC, sempre focado em utilizar a tecnologia como componente central da estratégia empresarial, trabalhou em vários sectores da economia, nomeadamente Telecomunicações, Transportes e Indústria Bancária. Actualmente consultor sénior independente, trabalhou anteriormente como executivo sénior em grandes empresas portuguesas, nomeadamente no Grupo Portugal Telecom, Grupo Novabase e SIBS.