Enquanto andamos entretidos com temas de curto prazo (ajuda externa, divida pública, eleições, deficit), alguns colaterais, outros verdadeiramente centrais, porque não fazemos, antes, uma reflexão, mas de cabeça levantada e tendo como perspectiva tentar perceber que país poderemos (ou quereremos) ser em 2020 (apenas para fixar um horizonte a prazo)? Que medidas de hoje poderão comprometer essa visão de futuro?
Ao anunciar uma nova medida seriamos obrigados a apontar o seu contributo real a curto e projectado longo prazo. Este compromisso deveria ser revisitado e comunicado com regularidade, por entidades independentes. De outra forma, continuaremos em gestão corrente, por impulsos e em reacção (em vez de uma forma programada e por antecipação). A par da elevada informalidade que nos caracteriza o que mais nos penaliza é esta sistemática incapacidade de planear a prazo e de assumir compromissos estáveis, que sejam transversais a governos, gerações ou ideologias. Por isso mesmo, hoje, somos muito daquilo que não queremos ser, ou não gostamos ou não temos, sequer, possibilidade de escolha. Os Portugueses têm capacidades únicas, sem necessidade de prova. São inúmeros os exemplos, hoje e no passado, de capacidade de iniciativa, de inovação, de capacidade de superação, de aceitação de novos desafios de descoberta de novas soluções. Mas também, os exemplos de crítica destrutiva, de injustiça reiterada, de direitos assumidos sem compromissos, de informalidade, do “salve-se quem puder”. Tenho enorme esperança no que poderemos ser, enquanto país e sociedade, em 2020. Mas para isso teremos de mudar significativamente:
Mas, para isso, precisamos também de coragem, espírito de serviço e nova mentalidade, tornando possível o que parece impossível e fazendo-o com arte e sabedoria. Portugal nunca poderá ser um país exemplar enquanto cada um de nós não assumir a sua parte e tomar consciência de que deve ser exemplo. |
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Valores, Ética e Responsabilidade