A Viagem pelo Clima é uma viagem que se insere na viagem da década que é a Agenda 2030. Uma Agenda que conceptualmente vai na direção certa, mas carregada de obstáculos como as guerras, a instabilidade política, as desigualdades globais, a pobreza, as alterações climáticas, a desigualdade de género, a corrupção, a falta de financiamento, a falta de conhecimento e envolvimento público, a fragilidade institucional ou a pandemia que têm poluído a sua concretização. E começa já no dia 18 de Setembro a percorrer o país
POR MARIA JOÃO RAMOS
A Viagem pelo Clima é uma iniciativa com muitos significados, mas não deixa de ser uma Viagem. De forma metafórica, uma viagem é um livro em branco, onde cada passo se pode transformar numa palavra e cada lugar visitado pode ser uma página.
Vamos escrevendo uma história, criando narrativas, de preferência coloridas e emocionantes. Às vezes encontramos capítulos de desafio, que nos testam.
Uma viagem é uma jornada onde o destino é apenas o ponto final de um parágrafo, mas a aventura está nas entrelinhas, nos momentos partilhados e nas memórias que se criam ao longo do caminho. Uma viagem é um mar imenso de possibilidades e oportunidades. É um caminho por explorar de lugares, culturas e tradições. É um encontro com pessoas locais e outros viajantes. É uma aprendizagem. É um desafio, seja pessoal ou profissional. E pode-se tornar um poço de memórias. E esta viagem pelo clima não é diferente.
Esta viagem simboliza a viagem das negociações climáticas ao longo dos anos, até à COP 28 no Dubai, que acontecerá em novembro deste ano. Uma viagem que tem sido uma montanha-russa real com subidas e quedas vertiginosas, loops e reviravoltas.
Desde a fundação do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas), em 1988 ou o nascimento da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas na Cimeira da Terra, em 1992, passando pelo Protocolo de Quioto, pelo Protocolo de Bona, pela Declaração do Milénio, pela Conferência Mundial Rio+10, onde os líderes reafirmaram o desenvolvimento sustentável como o elemento central da agenda internacional, pelo Prémio Nobel da Paz 2007 que foi atribuído a Al Gore e ao IPCC, pela COP15, em Copenhaga que finalizou com um acordo mínimo, reconhecendo a necessidade de conter o aquecimento global abaixo dos 2°C, sem metas vinculativas ou o Acordo de Doha, COP18, onde o Protocolo de Quioto foi renovado para o período de 2013-2020, até chegarmos ao ano crucial de 2015 em que depois de nascer a Encíclica Papal Laudato Si e a Agenda 2030 se chegou a um Acordo em Paris.
Chegou depois o impulso do furacão Greta Thunberg, colocando ainda mais as alterações climáticas no topo da agenda. À semelhança de outros furacões, e fruto da pandemia e da guerra, infelizmente, também este passou a uma tempestade tropical.
A Viagem pelo Clima é uma viagem que se insere na viagem da década que é a Agenda 2030. Uma Agenda que conceptualmente vai na direção certa, mas carregada de obstáculos como as guerras, a instabilidade política, as desigualdades globais, a pobreza, as alterações climáticas, a desigualdade de género, a corrupção, a falta de financiamento, a falta de conhecimento e envolvimento público, a fragilidade institucional ou a pandemia que têm poluído a sua concretização.
É também uma viagem que destaca 3 elementos essenciais para a nossa sobrevivência, através de 3 equipas: a equipa ÁGUA, a equipa AR e a equipa TERRA. São elementos essenciais para a vida no planeta, são interdependentes, complementam-se e equilibram-se. Cada um destes elementos possui características únicas e contribui para a harmonia do ambiente natural. A água é um elemento essencial para todas as formas de vida na Terra. O ar é a mistura de gases que compõem a atmosfera da Terra e a Terra é a base física onde ocorre o desenvolvimento da vida.
É uma viagem dentro de uma outra viagem maior que é a do combate às alterações climáticas que exige “soluções imediatas e conjuntas”, como referiu António Guterres, há uns dias, na Cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
É uma metáfora poderosa para a viagem que vamos fazendo em direção a um planeta mais sustentável.
E, por fim, é uma viagem real, verdadeira que percorre Portugal de Norte a Sul, rumo à neutralidade carbónica. A Viagem pelo Clima começa já no dia 18 de setembro.
Durante 10 dias as nossas equipas vão percorrer o país da forma mais sustentável possível. Levam no bolso um orçamento em Climas, uma moeda fictícia que integra 4 vetores fundamentais: CO2, água, tempo e dinheiro. No caminho vão ter vários desafios em 7 municípios parceiros: Cascais, Vila Nova de Famalicão, Viana do Castelo, Odemira, Gouveia, Faro e Portimão e vão contribuir localmente para a sensibilização e consciencialização da população nas mais diversas áreas como a economia circular, a água, a energia, a floresta e uso do solo, o turismo sustentável, os resíduos, a mobilidade, entre outras.
A Viagem pelo Clima é sobre as escolhas diárias que fazemos, é sobre mudança de comportamentos, é sobre o papel que cada um de nós assume na outra viagem de tornar a palavra sustentabilidade no novo normal.
Quem ganhar a competição vai à COP28 porque é na COP, no centro do mundo e das negociações climáticas, que temos de demonstrar, pelo exemplo, que todos podemos fazer a diferença e que a ação climática individual e coletiva é fundamental no combate às alterações climáticas.
A viagem pelo clima não é fundamentalismo, é tolerância, não é ativismo radical, é ação, é negociação, é sensibilização, é envolvimento, é educação, é partilha de conhecimento, é mobilização, é reflexão, é debate, é arranjar soluções, é cooperação, é o espelho do ODS 17 porque é feita de colaboração e de inúmeros parceiros e embaixadores.
A nossa viagem está quase a começar e “todos, todos, todos” são bem-vindos. Viajem connosco!
Acompanhe a Viagem pelo Clima aqui:
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A Viagem pelo Clima é uma iniciativa da Get2C, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais e o apoio do Fundo Ambiental.
Consultora de Estratégia e Comunicação para o Desenvolvimento Sustentável