“A consolidação transversal de competências e recursos disponíveis no sistema universitário e de investigação nacional é uma necessidade imperiosa”, afirma Manuel Ferreira de Oliveira. Em entrevista ao VER, o CEO da Galp Energia conta a ainda breve história da Academia da empresa que lidera, mas que promete ser longa e duradoura. O CEO espera que, até 2014, sejam cerca de mil os quadros a receberem formação, numa aposta clara “no aprofundamento das relações das empresas com o sistema científico e tecnológico nacional”
Quando e quais os motivos que levaram a Galp a lançar a Academia Galp Energia? A Academia Galp Energia resulta, portanto, da nossa determinação e do nosso empenho em potenciar as capacidades dos Quadros do Grupo e em fazer emergir novos líderes capazes de assumirem responsabilidades crescentes ao nível dos negócios e funções corporativas da Empresa. Todos temos dentro de nós algo em que somos excelentes e é na procura dessa dimensão da nossa excelência que surge a Academia Galp Energia, reforçando e traduzindo a clara aposta na valorização e no desenvolvimento do capital humano da empresa e dando a oportunidade aos colaboradores de crescerem, enquanto pessoas e enquanto profissionais, sendo felizes naquilo que fazem. Que importância reveste esta iniciativa no que respeita aos vossos recursos humanos? Em suma, na Academia Galp Energia preparam-se os líderes e os especialistas do futuro! Por outro lado, como saberá, a nossa Empresa está empenhada numa série de projectos estruturantes e transformadores que, para serem bem-sucedidos, precisam de ser suportados por recursos humanos dotados de sólidas competências de gestão, técnicas e comportamentais. Quais as principais áreas de formação que são objecto da Academia Galp Energia? Paralelamente, a Academia dedica-se também à organização do estudo de casos práticos da Empresa, com o intuito de aproveitar o significativo conhecimento dos seus quadros em múltiplos domínios, e à realização de workshops, seminários e conferências que complementem a formação dos alunos da Academia e que, num sentido mais lato, possam abranger outros colaboradores da Organização para os quais os temas visados sejam igualmente relevantes. Estão igualmente em fase de preparação dois cursos adicionais: um que promoverá a uniformização e optimização das Competências Comercias na Empresa e um outro, mais específico, no âmbito da Geofísica, Petrofísica e Engenharia de Reservatórios, para a área de Exploração & Produção. De forma resumida, a Academia Galp Energia versa toda a formação avançada da Galp Energia e a componente de assessment, isto é, a componente de avaliação dos perfis dos colaboradores, dos seus pontos fortes e fracos e dos aspectos em que devem melhorar por via da formação. E quais os principais destinatários? Referiu anteriormente o Curso de Formação Avançada em Gestão e que esteve associado à génese da Academia. É possível contar esta “história”? Com o intuito principal de proporcionar formação em gestão e comportamental, a vários níveis e também o de reforçar os conhecimentos no ramo da gestão de energia, foi lançado o concurso para a selecção das Universidades que nos apoiassem no Curso de Formação Avançada em Gestão. Este programa estrutural de formação a médio e longo prazo que, na sua globalidade, terá uma duração de nove a 10 anos para quem o inicia no primeiro nível, foi desse modo concebido e lançado em parceria com um conjunto de instituições de referência no meio universitário português. De salientar que o concurso foi ibérico, no qual se destacaram, de forma clara, algumas universidades portuguesas. Até agora, quantos colaboradores já participaram na Academia e em que tipo de formações? No final de 2012 atingiremos os 500 formandos na Academia e mais de 3.000 horas de formação. Até 2014 passarão pela Academia mais de 1.000 Quadros da Galp Energia. Qual o feedback por parte dos colaboradores “alunos” da Academia? E este não é o único feedback relevante que temos. Os Docentes encaram esta formação como um exemplo do que de melhor se faz no nosso país e as aulas constituem igualmente uma experiência muito positiva para os mesmos. A relação entre a empresa e as universidades é, há muito, considerada deficitária em Portugal. Pela sua importância estratégica, como encara a Galp esta aposta entre a empresa e a academia? A consolidação transversal de competências e recursos disponíveis no sistema universitário e de investigação nacional é uma necessidade imperiosa. As empresas têm que aprender a extrair valor real e tangível das competências e recursos existentes no sistema público de ciência e tecnologia o qual, por sua vez, tem que aprender a gerir os seus projectos com o rigor exigido pelas empresas. O que refiro e o modelo que defendo são possíveis e são já uma realidade em alguns projectos concretos. A Galp Energia tem sido a promotora e beneficiária de alguns projectos concebidos com estes conceitos. A minha experiência pessoal testemunha as vantagens dos princípios que defendo. Às empresas cabe organizarem-se para criar valor sustentável recorrendo, entre outras opções, à disponibilidade do sistema científico e tecnológico nacional para alavancar o tão necessário processo de renovação da nossa economia, elevando-a a um novo patamar de competitividade. Às universidades e institutos de investigação cabe organizarem-se em clusters transversais de competência, capazes de oferecer ao tecido empresarial o apoio científico e tecnológico imprescindível para a transformação da nossa economia. Que entidades do meio universitário português são parceiras da Academia Galp? Assim, estão envolvidas na Academia a Universidade do Porto, através da Faculdade de Engenharia e da Escola de Gestão do Porto, a Universidade Católica, a Universidade de Aveiro, a Universidade de Coimbra, a Universidade Nova de Lisboa, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia, e a Universidade Técnica de Lisboa, através do Instituto Superior Técnico. E como tem corrido esta relação estreita? A melhoria contínua é um dos aspectos em que estas parcerias têm sido pródigas. São diversos os exemplos de contribuições de todas as partes, que nos têm permitido ir introduzindo sensíveis melhorias, isto apesar de, no início, se temer alguma dificuldade no sentido de garantir a efectiva abertura de todas as universidades para este modelo repartido de formação. Todas as universidades, sem excepção, estão a contribuir de forma muito positiva para a qualidade dos cursos em que participam, dando azo a que, cada vez mais, a Academia Galp Energia se consolide como um verdadeiro Training & Assessment Center. Disso é claramente exemplo o prémio que recentemente a Galp Energia ganhou, atribuído pela Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa (APCE), que reconheceu a Academia Galp Energia como a melhor acção de formação. Estamos perante um projecto verdadeiramente ímpar na história da Galp Energia, o qual, com o compromisso e entusiasmo de todos, particularmente do Corpo Docente e dos Quadros da Galp Energia que vão ter o privilégio de o frequentar, constituirá mais um dos muitos desafios ganhos pela nossa Empresa. Quantas bolsas de investigação foram até agora atribuídas e em que áreas? Fora da Academia Galp Energia, no espectro de acção da área de Inovação, Desenvolvimento e Sustentabilidade, são também diversas as parcerias com universidades nacionais, onde se pode destacar o programa Galp 20-20-20, que atribui anualmente bolsas de estudo a alunos das universidades parceiras para o desenvolvimento de projectos específicos de melhoria da eficiência energética em empresas seleccionadas pela Galp Energia. Os estudos e trabalhos a desenvolver baseiam-se em auditorias energéticas às empresas com o objectivo de racionalizar o seu sistema energético, identificando e recomendando oportunidades de melhoria. Aos três melhores trabalhos finais, além da bolsa, são atribuídos prémios monetários. O Galp 20-20-20 foi iniciado em 2007 e conta já com mais de 60 bolseiros colocados em clientes da nossa Empresa. Como perspectiva o futuro, a médio prazo, da Academia Galp? |
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Editora Executiva