É o nome do programa internacional, alinhado com a ciência, que desafia empresas de todo o mundo a identificar áreas de risco, definir metas, desenvolver estratégias e descobrir novas oportunidades de negócio para acelerar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com o objetivo de, até 2022, alcançar 1000 empresas em 40 países. Em Portugal, doze empresas já assumiram este compromisso, concebido pelo United Nations Global Compact em parceria com a Accenture e a SAP e o apoio da 3M
POR MÁRIO PARRA DA SILVA
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi aprovada, em 2015, por unanimidade por 193 Estados-membros da ONU. Trata-se de uma agenda global que, com a colaboração de todos – incluindo empresas – tem o objetivo de “construir o mundo que queremos” até 2030. A inclusão das empresas ao serviço do “bem” foi uma das principais “novidades” desta agenda global, levando-as a descobrir novas oportunidades de negócio ao mesmo tempo que satisfazem as necessidades da população e do planeta. As empresas passaram, assim, a atuar ao lado das ONG enquanto aliadas, e não enquanto ameaças, na luta por um mundo melhor.
Em 2020 – cinco anos após a sua aprovação –, a realidade demonstrou que existem melhorias a vários níveis mas que os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão ainda longe de ser alcançados, prevendo-se, por conseguinte, que, a este ritmo, a Agenda 2030 da ONU não vai ser cumprida. Foi por esse motivo que a ONU anunciou, também em 2020, o início da “Década da Ação”, apelando a uma ação conjunta, capaz de acelerar o cumprimento da Agenda 2030 e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Nesta nova década, exige-se, de cada um de nós, um esforço redobrado “para construir o mundo que queremos” e “para que ninguém fique para trás”. Como o nome indica, exige-se ação.
O programa SDG Ambition nasce desse apelo à ação, tendo sido lançado em janeiro de 2020 no World Economic Forum, em Davos, pelo Eng. António Guterres, Secretário-geral da ONU. Empresas de todo o mundo foram desafiadas a identificar áreas de risco, definir metas, desenvolver estratégias e descobrir novas oportunidades de negócio para acelerar o cumprimento de 10 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com o objetivo de, até 2022, alcançar 1000 empresas em 40 países. Um ano depois, esse objetivo está perto de ser alcançado com mais de 650 empresas aderentes em 30 países no primeiro ano.
Trata-se de um programa internacional, alinhado com a ciência, concebido pelo United Nations Global Compact em parceria com a Accenture, a SAP e a 3M. Ao longo dos próximos seis meses, irá apoiar, através de capacitação e assessoria, as empresas aderentes a integrar a sustentabilidade na sua estratégia e operações, priorizar ações que irão acelerar o seu contributo para a Agenda 2030, definir metas e indicadores alinhados com 10 benchmarks globais de sustentabilidade, relacionar as metas de sustentabilidade com a gestão e os processos já existentes e, por fim, comunicar o progresso e as metas estabelecidas.
A Global Compact Network Portugal – a rede portuguesa do United Nations Global Compact – aliou-se, desde o primeiro momento, a este programa ambicioso, apoiando um conjunto de empresas portuguesas a ir mais longe neste caminho de concretização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Esta é a nossa resposta ao apelo pela ação, feito pela ONU.
Não posso deixar de fazer referência ao Grupo Águas de Portugal, que apoia este programa em Portugal, e às 12 empresas que aceitaram o desafio de incorporar verdadeiramente a Sustentabilidade na gestão do seu negócio:
- Águas de Portugal, SGPS, S.A.
- Águas do Vale do Tejo, S.A.
- Altice Portugal, S.A.
- Banco BPI, S.A.
- BPI Gestão de Ativos, S.G.O.I.C.
- EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A.
- Gebalis, EM. S.A.
- Grupo Ageas Portugal
- PLMJ Advogados, SP, RL
- Quilaban – Química Laboratorial Analítica, S.A.
- TMG Automotive, S.A.
- Vieira de Almeida & Associados – Sociedade de Advogados, SP
Estamos num momento crítico que exige determinação, mas tudo nos indica que, se aumentarmos o nível de ação, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável vai ser cumprida. Temos 9 anos para o demonstrar.
Importa ainda referir que este é, talvez, o programa mais global e ambicioso que temos a decorrer, mas, para além deste, acolhemos e dinamizamos outros dois programas de grande impacto do United Nations Global Compact:
- O Target Gender Equality, que apoia as empresas na definição de metas ambiciosas para a representação e liderança das mulheres na gestão de topo;
- O Business Ambition for 1.5ºC, uma iniciativa de combate às alterações climáticas focada na urgente necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e que promove a transição para uma economia de baixo carbono, de modo a limitar o aumento da temperatura a 1.5ºC e alcançar as zero emissões líquidas em 2050.
A resposta aos desafios da Agenda 2030 tem sido globalmente muito boa e Portugal tem-se destacado no UN Global Compact. As nossas empresas, que eram vistas como locais e conservadoras, têm dado uma excelente resposta aos desafios da Sustentabilidade. Isso constata-se na inovação para produtos e serviços alinhados com as necessidades globais, com a crescente consciência do papel das organizações na sociedade, na criação de um mundo melhor, em que ninguém fique para trás. Além de ser positivo para as gerações futuras, os empresários compreenderam também a enorme oportunidade de negócio. Na verdade, hoje a economia portuguesa está profundamente integrada nas cadeias de valor internacionais e tornou-se aberta e inventiva. Claro que há um enorme caminho a percorrer, mas o horizonte está à vista!
Presidente da Global Compact Network Portugal; Presidente da Aliança ODS Portugal