A Internet está a alterar de forma muito expressiva os hábitos de consumo dos portugueses, que realizam cada vez mais compras online. O “extraordinário desenvolvimento do digital” em Portugal abre hoje novas oportunidades de crescimento para as empresas e os negócios, já que a Internet “pode constituir a pedra de toque da recuperação e da expansão da economia portuguesa nos próximos anos, facilitando grandemente o desafio da internacionalização que se impõe ao nosso país”, como defende o presidente da ACEPI, associação autora de um estudo recente dedicado aos hábitos de consumo online na Europa A Internet está a ganhar um protagonismo crescente enquanto meio preferencial de consumo, em detrimento da televisão, da rádio e dos jornais; a sua influência nas percepções dos consumidores sobre as marcas e os produtos é cada vez mais relevante e tem potencial para aumentar ainda mais o seu poder; o acesso à Internet faz-se cada vez mais através de telemóveis, tablets e consolas de jogos para além da via tradicional do desktop; e existem cada vez mais pessoas a verem televisão e a utilizarem a Internet ao mesmo tempo, tendência que deverá ser reforçada com o previsível crescimento do número de utilizadores de tablets. São estas as grandes conclusões do estudo Mediascope Europe/ACEPI 2012, dedicado aos hábitos de consumo online na Europa, que abrangeu 28 países e cinquenta mil inquiridos. Na apresentação dos resultados desta investigação que, desde 2003, avalia de forma abrangente o tempo que os Europeus despendem nos meios de comunicação social online e a forma como utilizam a Internet a nível dos conteúdos, comunicação e comércio, a ACEPI – Associação do Comércio Electrónico e da Publicidade Interactiva sublinhou a grande ilação a retirar da mais recente edição do relatório, para Portugal: a Internet está a alterar profundamente os hábitos de consumo dos portugueses.
Portugueses dos que mais compram na Net Paralelamente, os portugueses utilizam cada vez mais a Internet para acederem aos Media, em detrimento da televisão, da rádio e dos jornais. Neste aspecto, uma particularidade: muitas vezes a consulta online das notícias e programas faz-se em paralelo com a visualização de TV, mesmo em prime time. Ainda a este propósito, os utilizadores portugueses inquiridos no âmbito do Mediascope/ACEPI 2012 revelam que esta preferência pela Internet é acompanhada por uma influência cada vez maior da mesma, a nível de marketing: os consumidores assumem que a presença online muda a sua percepção sobre as marcas e os produtos. Por outro lado a mobilidade é hoje, de facto, “uma tendência incontornável”, com um número considerável de utilizadores a aceder através de telemóveis, tablets e consolas de jogos”. A título de exemplo, ao todo, cerca de um milhão de portugueses acede à Internet através de um telemóvel, o que representa 11% dos utilizadores portugueses, sendo que a maioria (75%) fá-lo várias vezes por dia. Como comentou Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI, na apresentação do relatório em Lisboa, a 10 de Julho, a mudança dos hábitos de consumo por inerência da Internet, “que no nosso país é muito expressiva”, vem abrir “novos caminhos e oportunidades de desenvolvimento e crescimento das empresas, dos negócios e até mesmo dos sectores (de actividade)”. Garante o presidente da ACEPI que “se soubermos aproveitar esta oportunidade, a Internet pode constituir a pedra de toque da recuperação e da expansão da economia portuguesa nos próximos anos, a todos os níveis, facilitando grandemente o desafio da internacionalização que se impõe ao nosso país”. Alexandre Nilo Fonseca corroborou na ocasião a principal conclusão do Mediascope/ACEPI 2012, a nível nacional: os resultados do estudo “mais do que darem conta do extraordinário desenvolvimento do digital em Portugal, nas mais diversas áreas, convergem sobretudo para um aspecto da maior relevância, disse. A evidência de que a Internet é uma ferramenta que está realmente está os hábitos de consumo dos portugueses. Note-se que em apenas dois anos se registou um crescimento na ordem dos 14%, relativamente ao total da população que está ligada à Internet em Portugal – 59% dos portugueses. E se o fazem para acederem às redes sociais, indicador onde Portugal lidera o ranking da utilização “quer para fins profissionais, quer pessoais”, face aos outros 27 países analisados, com uns muito expressivos 95% (contra a média europeia de 81%), fazem-no também para adquirir produtos e serviços: entre Setembro de 2011 e Fevereiro de 2012 as compras online realizadas a nível nacional atingiram um valor de 1,630 milhões de Euros. Ou seja, também neste indicador Portugal se revela na linha da frente, com 97% dos utilizadores a recorrer à Internet para pesquisar informação sobre os bens que pretendem adquirir, e 78% a concretizarem as suas compras online. Em média, os portugueses fazem oito compras online por pessoa, no espaço de seis meses, gastando uma quantia (média) de 427 Euros por pessoa. Viagens, roupa e acessórios, férias e bilhetes para espectáculos são os bens mais consumidos online.
Marcas e consumidor: uma relação online Um terço dos europeus (37%) recorre a mais do que um dispositivo para se ligar à Internet e os utilizadores estão cada vez mais online em simultâneo com a sua experiência de espectadores de televisão. De sublinhar que as actividades tradicionais de media se estão a “transferir rapidamente” para o online: nove em cada dez utilizadores de Internet europeus, inquiridos neste estudo, afirmou visitar os sites de notícias. O multi-tasking de Media identificado no estudo significa, de acordo com o autores deste relatório, que os consumidores são mais activos. O estudo revela que 48% dos europeus (297.4 milhões) dizem que estão online enquanto vêem televisão e que 16% do tempo total gasto a ver televisão na Europa é também despendido em simultâneo a utilizar a Internet. Os principais utilizadores de internet/televisão em simultâneo na Europa são os noruegueses (70%), seguidos pelos utilizadores que vêem televisão em França (68%) e no Reino Unido (62%). A “boa notícia para os anunciantes”, lê-se no documento, é que um terço (33%) dos utilizadores simultâneos de Internet e televisão afirmaram que a sua ligação online está relacionada com os programas que estão a ver na televisão, o que “significa que há uma oportunidade evidente para as marcas se relacionarem com os consumidores através destas duas plataformas”.
A Internet tornou-se, pois, no principal meio de relacionamento das marcas com os consumidores: quatro em cada dez utilizadores de Internet europeus acredita que a forma como as marcas comunicam no meio online, é importante. Certo é que 96% dos utilizadores de Internet na Europa pesquisa informação online antes de comprar, e 87% chega mesmo a realizar compras online, o que pode e está a ser explorado comercialmente pelas marcas. O estudo conclui mesmo que a Internet se transformou hoje num canal essencial para as marcas: 51% dos inquiridos afirmou que a Internet ajuda a escolher melhor os produtos/serviços que tencionam comprar; 47% está inclinado para pesquisar mais informação sobre os produtos que vêem anunciados online; 46% dos utilizadores de Internet afirmaram visitar frequentemente os websites das suas marcas preferidas; 41% revelou que a forma como as marcas comunicam online é importante; 30% referiu que está mais inclinado a comprar produtos de marcas que segue nas redes sociais; 96% dos utilizadores baseiam as suas compras em pesquisas online, 87% realizam compras online, e quase 19% do volume total das suas compras já são efectuadas electronicamente. No espaço de seis meses os europeus gastaram 188 mil milhões de Euros em compras online (incluindo bens e serviços), o que equivale a uma média de 544 euros por cada consumidor online. Oriundos de 28 mercados europeus (Europa Central e Oriental: Bulgária, Croácia, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia, Rússia, Sérvia, Eslováquia, Eslovénia, Turquia e Ucrânia; Europa do Norte: Noruega Suécia, Dinamarca e Finlândia; Europa do Sul: Espanha, Itália, Portugal e Grécia; Europa Ocidental: Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Suíça, Holanda, Áustria e Irlanda), os 50 mil participantes no âmbito do Estudo Mediascope Europe/ACEPI 2012 foram entrevistados em Fevereiro passado. A análise resultante da pesquisa elaborada permite uma amostra representativa dos hábitos de consumo online na Europa, já que o estudo Mediascope Europe/ACEPI 2012 “é um dos documentos de investigação mais abrangente e completo” sobre o tempo que os europeus dedicam aos diversos Media e a forma como utilizam a internet a nível dos conteúdos, comunicação e comércio.
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Jornalista