O ODM Campus Challenge (OCC) desafia os estudantes do ensino superior de todo o país a participarem, até 31 de Março, num concurso lançado pela Agência ODM para uma acção criativa em prol dos Objectivos do Milénio e das questões globais que ameaçam o planeta. Em entrevista ao VER, Sara Peres Dias, coordenadora do projecto, defende que “a mobilização activa” dos jovens portugueses na luta pelos ODM “é fundamental, na medida em que se trata de um público motivado e com massa crítica”
Os estudantes universitários portugueses têm em mãos um novo desafio: O ODM Campus Challenge, lançado pela Agência ODM (projecto da Associação PAR – Respostas Sociais), propõe-se “mudar o mundo” através de um concurso em que já se inscreveram centenas de jovens do ensino superior em Portugal. A ideia é que, em equipa, estes estudantes respondam a desafios em prol dos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), contribuindo para alcançar as metas necessárias para combater a pobreza e a fome, a desigualdade de género, a degradação ambiental e o VIH/SIDA, bem como para melhorar o acesso à educação, a cuidados de saúde e a água potável. Para esta competição amigável que “visa incitar os jovens a pensarem globalmente e agirem localmente, em busca de um mundo mais igualitário, justo e solidário”, nas palavras de Sara Peres Dias, os jovens necessitam apenas de reunir quatro requisitos: cooperação, solidariedade, empenho e uma equipa de três a cinco elementos.
Segundo a coordenadora do desafio, o ODM Campus Challenge conta já com 43 equipas e perto de duas centenas de jovens participantes de todo o país, que têm vindo a superar os vários desafios publicados online. Desde a criação de acções de sensibilização, à organização de conferências e à recolha fotográfica e projecção de filmes e documentários sobre os ODM nas faculdades, passando pela divulgação dos Objectivos do Milénio em blogs pessoais e criados para o efeito ou nas redes sociais, muitas são as tarefas a realizar: petições online a enviar à Assembleia da República, juntamente com uma carta apelando aos deputados para darem mais atenção ao tema; palestras nas faculdades e residências universitárias, encontros entre as equipas e trabalhos académicos de apresentação dos vários ODM e sugestões de poupança de água ou energia, contra a poluição ou a pobreza extrema, ou de outras acções que apoiem o desenvolvimento sustentável do planeta; criação de t-shirts, cartazes, vídeos, projectos fotográficos, spots publicitários para rádio ou televisão, espectáculos musicais com as tunas universitárias, e outros suportes de divulgação, a divulgar nas escolas e nas comunidades onde se inserem; envolvimento de diversos actores a nível local – direcção das universidades, juntas de freguesia ou câmaras municipais, por exemplo – para serem promotores dos ODM e ligação aos parceiros dos ODM e organizações do Terceiro Sector, como a Campanha Global pela Educação; eventos de rua e divulgação dos ODM em eventos desportivos; mobilização das direcções das escolas, dos reitores das universidades e dos presidentes de Câmara para que declarem as suas universidades e as suas cidades Universidades ODM e Cidades ODM. “Think globally, act locally” As inscrições no ODM Campus Challenge, que conta com o apoio da Campanha do Milénio das Nações Unidas, do Programa “Juventude em Acção” da União Europeia, do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), do Instituto Português da Juventude (IPJ) e da Bolsa de Valores Sociais, estão abertas até 31 de Março.
Mobilização é a palavra de ordem, neste desafio em formato de concurso que desafia os jovens a activar todos quantos o rodeiam – familiares e amigos (mulheres em particular, não fosse a igualdade de género uma das premissas desta causa); colegas da universidade, poder local, comunidade em geral. “Sabemos que pensas para além da tua rua – e se pensas globalmente para mudar o mundo, também queres agir localmente”, diz o mote da iniciativa, que atribui vários prémios aos jovens, à medida que estes superam os vários desafios propostos e acumulam pontos para a sua equipa. Afinal, e apesar de Portugal ter sido um dos 189 países que, no ano 2000, assinaram a Declaração do Milénio comprometendo-se a lutar contra a pobreza e fome, a desigualdade de género, a degradação ambiental, o vírus do VIH/SIDA e a melhoria do acesso à educação, a cuidados de saúde e a água potável – os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio a alcançar até 2015 -, em 2009 o nosso país investiu apenas 0,23% do seu Rendimento Nacional Bruto em Ajuda Pública ao Desenvolvimento (0,27% em 2008). O compromisso assumido foi o de investir 0,7% até ao ano 2015. Em entrevista ao VER, Sara Peres Dias, Coordenadora do Projecto “Agência ODM”, defende que “a mobilização activa” dos jovens portugueses na luta pelos ODM “é fundamental, na medida em que se trata de um público motivado e com massa crítica”. Com que objectivos é que a Agência ODM lançou a iniciativa ODM Campus Challenge? Para a Agência ODM, de que importância se reveste o envolvimento da geração futura na luta pelos Objectivos do Milénio? O facto de termos escolhido o público universitário em particular deve-se à sua disponibilidade, pois, como ainda se encontram em processo formativo, têm mais tempo real e espaço de reflexão para se mobilizarem por uma cidadania mais activa. A capacidade de efeito multiplicador característica dos jovens foi outro dos factores que nos levou a perceber a importância de os envolver nesta luta. E qual é a importância da adopção de uma estratégia “think globally, act locally” nesta iniciativa? Que balanço faz da adesão dos jovens ao ODM Campus Challenge, nestes primeiros meses? Em que consiste a campanha final de transformação social inspirada pelos ODM? |
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Jornalista