É cada vez mais importante criar condições que incentivem os colaboradores a permanecer nas empresas, estabelecendo uma estratégia de retenção eficaz que tenha como objectivo a denominada felicidade organizacional. Para tal, é igualmente imprescindível que se aposte na conciliação entre vida profissional e familiar. Optar por uma certificação “efr” é só o primeiro passo
POR DAVID ZAMITH
Hoje fala-se muito sobre a Inteligência Artificial (IA) e sobre os seus efeitos no mundo do trabalho, mas pouco se diz sobre o humanismo nas empresas ou de como criar verdadeiras e atractivas condições para a atracção e retenção de talentos, a começar pela formação contínua das equipas – fundamental para a nova era da IA – e pela necessidade de “aprender a aprender” ao longo de toda a vida.
Como sabemos, a formação é fundamental para o desenvolvimento de conhecimentos e competências que permitam o colocar das pessoas no centro das organizações, oferecendo-lhes oportunidades de carreira e a possibilidade de trabalharem num ecossistema agradável, flexível, com boas ferramentas de trabalho, ou seja, criando condições para que cada um seja autónomo na sua actividade, como bem se verificou durante a pandemia no que respeita ao trabalho remoto, onde muitas empresas não sentiram quaisquer dificuldades na sua implementação (algumas já utilizavam esse dito “homework”), face a outras que nunca o tinham experimentado. A verdade é que só com uma estratégia de formação contínua é possível elevar o saber colectivo na empresa (com a partilha de conhecimentos no interior das equipas e entre elas) e transmitir autonomia no trabalho.
E este foi um dos pontos que levou a Fundación MásFamilia a criar a Certificação “efr” – Empresas Familiarmente Responsáveis, certificação co-emitida em Portugal pela ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, a qual reforça a conciliação entre as esferas laboral e familiar, em empresas de qualquer dimensão.
A importância das boas práticas de conciliação nas empresas
É muito importante conhecer as boas práticas de conciliação nas empresas, pois estas actuam diante de problemas específicos levando em consideração o seu principal activo, os seus colaboradores, ou seja, colocando as pessoas no centro da organização. Para isso, a gestão do work-life balance funciona como a chave certa no que respeita a questões de liderança, remuneração, competitividade ou reputação corporativa, cultura humanista e cultura ética, entre outras.
É igualmente de sublinhar que as boas práticas em matéria de conciliação constituem um aspecto fundamental do modelo de gestão de pessoas de uma empresa, uma vez que nela assentam os seus princípios e valores.
Uma empresa só pode ser competitiva se tiver a capacidade de se adaptar ao mercado actual e às novas necessidades e exigências dos seus clientes. Com esse objectivo, empresas líderes reinventam-se todos os dias, sendo flexíveis com seus clientes e implementando planos igualmente flexíveis no que aos seus colaboradores diz respeito.
Ter boas práticas de conciliação entre vida profissional e familiar – como a flexibilidade temporal e espacial, apoio ao desenvolvimento profissional e pessoal, promoção da diversidade, inclusão, desenvolvimento de novos modelos de liderança ou promoção do uso de novas tecnologias e ferramentas -, não constitui apenas uma necessidade actual, mas também um poderoso estímulo para os trabalhadores, reforçando positivamente o compromisso entre a empresa e os seus profissionais.
As empresas “efr” são referência quando falamos de boas práticas de conciliação e são já muitas as que têm levado a gestão deste equilíbrio bem mais além do que uma mera certificação, o que é justamente o objectivo desta ferramenta de melhoria contínua. Muitas já fizeram dela um dos seus pilares fundamentais em termos de cultura e liderança, bem como na elaboração do seu Código de Governo ESG, com o objectivo de modernizar a sua forma de gerir tendo em conta a trilogia das preocupações ambientais, sociais e de governança ou, em linguagem anglo-saxónica, seguindo a política dos 3P: People – Planet – Profit.
Num mundo volátil e incerto, as empresas têm de se adaptar rapidamente, elegendo a agilidade e a flexibilidade, optando por uma visão estratégica de transparência e apostando forte nas pessoas e no conhecimento.
Devem igualmente ter como prioridade uma liderança “transversal” a toda a organização, assente numa cultura ética e motivacional, com foco na criação de riqueza e do bem comum, transmitindo estabilidade e segurança como suportes da Responsabilidade Social Interna e do bem-estar e felicidade organizacional [ODS 8 – Trabalho Digno] a que todos almejamos, retendo e atraindo os melhores.
Imagem: ©Unsplash.com
ACEGE - Núcleo do Porto
Não conhecia esta publicação, e fiquei particularmente impressionado pela informação e clareza do artigo sobre os Riscos.
Também gostei da entrevista.
Um bom ano de 2024
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Helena Oliveira
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