Quem o diz é o presidente do BPI, o mais recente orador convidado para o almoço-debate organizado pela ACEGE. João Pedro Oliveira e Costa elencou os atributos que, a seu ver, são fulcrais em posições de liderança, elegendo igualmente os valores e a essência das coisas que dão verdadeiro sentido à vida. Como exemplo de um dos mais importantes programas de responsabilidade social do banco a que preside, escolheu o trabalho efectuado pelos “seus” 3300 voluntários que se aliam a um conjunto extenso de iniciativas
POR HELENA OLIVEIRA

“A empresa é como um individuo, na medida em que tem identidade, distinguindo-se pelo seu carácter, pelos seus princípios, pela sua forma de agir e pelos seus objectivos”. Foi assim que João Pedro Oliveira e Costa deu início à sua apresentação na ACEGE.

A apresentação do presidente executivo do BPI foi alavancada por três vídeos relacionados com o banco que preside, em particular sobre o grande programa de voluntariado que foi instituído internamente e que juntou 3300 voluntários em 2023, um aumento de 126% face ao ano transacto. Como afirma, e apesar de ser só ele o responsável pelas palavras que iria proferir, diz não conseguir falar dos mesmos sem falar do sítio onde trabalha e para onde vai todos os dias tendo em mente os seus objectivos e propósito. A esta declaração, o CEO do BPI acrescenta ainda que dá uma enorme importância aos valores e à essência das coisas, pois caso contrário a vida não teria sentido algum, e sublinha a identificação que sente com a instituição que lidera. “Se vamos trabalhar todos os dias, e fora e obviamente pelo dinheiro que vamos ganhar, há que haver um outro objectivo para o fazermos”, acrescenta. E é necessário que todos os trabalhadores se identifiquem com a organização onde trabalham.

No slideshow que mostrou aos gestores e empresários presentes na sala, João Pedro Oliveira e Costa elencou um conjunto de valores que estão subjacentes à sua liderança:

  • Faz, não anuncies
  • Acredita, não julgues
  • A Fé não são rituais e não tem fronteiras
  • Todos os actos de Amor pelo próximo, são bons
  • Existe o Bem e o Mal. Não é porque está escrito, ou nas regras, ou numa certa opinião
  • Melhor Ser do que parecer
  • Arrisca a defender a Essência do que acreditas

Ainda sobre o mesmo tema, o CEO do BPI afirma também que “ a gestão é o que nós fazemos e que liderar é que nós somos”. Liderar é também inspirar confiança e influenciar, sendo que “a marca que deixamos nos outros” e que tem como base a atitude, com o tempo acaba por se transformar num legado. Por último, sublinha também que a liderança e o carácter são indivisíveis, sendo este último “ a essência do que somos, o caminho que seguimos e aquilo em que de mais profundo acreditamos”, sem esquecer que se os líderes querem ter uma ligação emocional com as suas pessoas, devem ir ao encontro dos seus valores.

Adicionalmente, e apesar de referir que o amor no que fazemos constitui um tema muito falado na ACEGE, e que não queria adiantar-se no mesmo, o líder do BPI considera-o o sentimento menos egoísta do mundo e que este amor deve ser pelos outro [um dos “motes” do BPI é exactamente “Dá mais valor ao nós do que ao eu”], acrescentando que se seguirmos esta ideia, é possível transformar as pessoas que trabalham nas nossas organizações, gerando um sentimento de pertença. Assim, e como a empresa é um conjunto de pessoas, e estando este sentimento presente, é mais fácil que esta “ande sozinha”, conseguindo-se coisas realmente extraordinárias. Adicionalmente, o CEO do BPI acrescenta ainda que “O Amor é o elemento mais importante (mais puro) de qualquer relacionamento humanoe que é “uma entrega sem esperar retorno”.

João Pedro Oliveira e Costa acredita igualmente que o primeiro atributo de um gestor de topo é a coragem. E coragem porque é necessário tomar várias decisões que podem não ser, em termos financeiros, as mais lógicas. Seguindo-se a atitude e depois o compromisso, é importante não só anunciar que se vai fazer alguma coisa, mas também comprometer-se com o resultado, e sem esperar qualquer reconhecimento. Afirmando também que “a atitude faz a altitude” do que queremos alcançar, é também esse um objectivo fulcral que deve guiar as nossas vidas, fazendo-nos alcançar mais.

O voluntariado com impacto do BPI

No seguimento do que acredita serem os principais atributos de um líder, João Oliveira e Costa escolheu como tema central da sua exposição um projecto que uniu os seus trabalhadores e lhes conferiu uma enorme identificação com a instituição bancária que preside: o voluntariado.

As iniciativas de voluntariado desenvolvem-se em torno de várias oportunidades que são disponibilizadas aos colaboradores BPI através de diferentes canais. E se no início não é propriamente fácil fazer com que uma organização toda se envolva num programa de voluntariado com impacto e que, como mencionado anteriormente, seja transformador em termos de ligação emocional, a verdade é que os números não mentem. Num só ano, o BPI contou com 3300 voluntários, distribuídos por 575 iniciativas, perfazendo 23 mil horas de voluntariado e tendo como beneficiários 36 mil pessoas.

E apesar dos gestores terem dado o exemplo, as pessoas aderiram de livre vontade, levaram pais e filhos, fazendo jus à máxima do CEO de que a intervenção exige acção. Num dos slides que mostrou, João Pedro Oliveira e Costa deu como exemplo o facto de cinco enfermeiras, por volta do ano de 1962, terem-se oferecido como pára-quedistas, depois de fazerem o devido curso, é claro, para ajudarem os soldados na guerra colonial.

A mais recente incursão do BPI no que respeita ao seu programa de voluntariado teve lugar na sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa onde, ao logo de dois dias, foram doadas quase 16 toneladas de bens mobiliários, as quais foram oferecidas ao Patriarcado de Lisboa com o objectivo de equipar a sede em questão. João Pedro Oliveira e Costa sublinha a importância do evento num país maioritariamente católico e onde “o futuro são os nossos jovens”.

Mais ainda, o CEO do BPI fez saber que os bens doados não deixarão de ter utilidade depois do final da JMJ, servindo igualmente para outros projectos que envolvam em especial a juventude. Como afirma ainda, miúdos e graúdos ajudaram na entrega e montagem de cerca de 200 equipamentos, tendo contado igualmente com o apoio logístico da Entrajuda. E é assim que o BPI dá o seu contributo para a organização do maior encontro de jovens do mundo.

E foi uma sala cheia que o ouviu.

Editora Executiva

1 COMENTÁRIO

  1. Concordo plenamente com a ideia que temos de gerir a vida com valores segundo Dr.º João Pedro Oliveira e Costa
    António Américo Damásio

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