O que têm em comum uma mãe blogger, um reconhecido actor, um ex sem-abrigo, um jornalista vencedor de dois prémios Pulitzer e a líder de inovação social do Twitter? Para além da generosidade que, cada vez mais, está perto de ganhar um campo de investigação científica só para si, encontraram, no mundo digital e através dele, uma forma de sensibilizar o mundo para as suas causas. E para agirem em sua prol Um dos líderes desta tendência é a Universidade de Notre Dame que inaugurou, em 2009, uma iniciativa denominada A Ciência da Generosidade, composta por três componentes por excelência. Em primeiro lugar, um concurso de financiamento internacional com vista a estimular a pesquisa científica sobre o tema. Em segundo, um projecto de pesquisa conduzido por uma equipa da própria Universidade de Notre Dame, que tem como objectivo o estudo da generosidade em contextos naturalistas para se compreender melhor os mecanismos sociais e causais que geram ou colocam obstáculos à mesma, elegendo não só as culturas cientificas e académicas, mas também partilhando recursos e pesquisas com líderes políticos, religiosos, cívicos e empresariais. Para tal, a University of Notre Dame tem estado a estabelecer parcerias com organizações não-governamentais e sem fins lucrativos, com fundações filantrópicas e também com o público em geral. Por último, a iniciativa conta igualmente com um esforço de comunicação que visa estimular uma reflexão geral sobre o valor que a sociedade actual confere à generosidade, aos donativos financeiros voluntários, ao altruísmo, às ajudas informais, entre outras práticas relacionadas. Um dos estudos que está a ser desenvolvido pela Science of Generosity está relacionado coma forma como as redes sociais estão a influenciar a evolução da cooperação, no sentido em que estes novos meios ajudam a um “contágio” de comportamentos entre os seus utilizadores. Por outro lado, existem especialistas, espalhados um pouco por todo o mundo que, exactamente através das redes sociais, conseguiram inovar na utilização deste popular meio para fazer o seu “bem maior”. A revista Fast Company que anunciou, na passada semana, uma nova rubrica, em actualização, para celebrar a generosidade e que contará com listas mensais de homenageados que falarão da sua própria filosofia da generosidade, levantou já o véu no que respeita a “especialistas em fazer o bem” que utilizam os media sociais para irem mais longe na sua missão de ajudar os outros. O VER foi pesquisar os motivos que levaram a revista norte-americana a eleger estas 10 personalidades e apresenta o trabalho de alguns, cujo trabalho merece, realmente, ser (re)conhecido.
Nicholas Kristof, colunista do The New York Times e autor do livro e posterior movimento HALF THE SKY Por outro lado, o movimento está igualmente a criar uma série de jogos, intitulada Games for Change, que pretende transformar uma normal experiência social online em activismo na vida real. O objectivo é envolver milhões de jogadores no Facebook e transformar a sua cruzada digital, que visa manter em segurança estas mulheres e crianças, em acções na vida real, a partir de micro donativos, com o intuito de aumentar a capacidade da rede e dos parceiros que pertencem ao Movimento Half the Sky. Adicionalmente, o mesmo jogo está a ser desenvolvido, com o apoio da USAID, para ser utilizado em comunidades da Índia e da África, através de telemóvel, com vista a sensibilizar estas populações, através do entretenimento, para aspectos como as práticas saudáveis de dar à luz ou para o valor, muitas vezes invisível, das raparigas no seio das suas famílias. Todavia, Kristof foi “nomeado” pela revista Fast Company para esta sua nova rubrica pelo envolvimento que tem nas redes sociais: o colunista tem mais de 1 milhão e 500 mil seguidores no Facebook e no Twitter, onde, de forma contínua, persuade as pessoas a reflectir e a agir em prol destas matérias.
Edward Norton, actor e co-fundador do CROWDRISE
Mark Horvath, INVISIBLE PEOPLE TV Uma história de cada vez, os vídeos publicados na InvisiblePeople.tv destroem os estereótipos dos sem-abrigo, obrigam a alterações nas percepções que deles se tem e convidam à acção. Desconfortáveis e muitas vezes realmente chocantes, as histórias contadas através das lentes de Mark Horvath deram origem à organização sem fins lucrativos Invisible People dedicada a mudar radicalmente a forma como pensamos sobre os que vivem na rua e que, tantas vezes, nos parecem invisíveis.
Claire Diaz-Ortiz, líder de Inovação Social, Twitter Na plataforma publicitária do Twitter, Claire lidera os programas pro bono para ONG, promovendo os tweets como ferramentas utilizadas para promover campanhas específicas. O programa Promoted Tweets for Good é uma aplicação igualmente gratuita que serve um considerável número de organizações sem fins lucrativos. Adicionalmente, a mesma plataforma serve para campanhas pontuais, como no apoio a desastres climáticos ou a situações de agitações civis, como foi o caso do furacão Sandy ou da Primavera Árabe. Para Claire Diaz-Ortiz, a equação de sucesso do Twitter é simples: aprender, partilhar, ajudar e crescer. “Comece por se relacionar e criar relacionamentos individuais. Certifique-se, quando está a procurar apoio, que mais importante que a angariação de fundos, são os relacionamentos reais. A maioria das pessoas não gosta de ser de imediato interpelada para dar dinheiro (seja nas redes sociais, seja em qualquer outro sítio). Estenda a sua rede e aprofunde esses relacionamentos. Os media sociais permitem a participação em qualquer que seja a causa, que se fortalece à medida que ganha novos apoiantes”.
Jennifer James, MOM BLOGGERS FOR SOCIAL GOOD Quando os parceiros precisam de chegar às massas para a divulgação de iniciativas, campanhas de sensibilização ou esforços de angariação de fundos, esta plataforma trabalha, de forma voluntária, para o passar da palavra através dos media sociais e de blogues. A fundadora deste movimento que cresce todos os dias é Jennifer James e a sua aptidão para encetar parcerias com algumas das maiores ONG do mundo valeu-lhe um prémio recente da National Press Foundation Global Vaccines Fellowship. Jennifer escreve actualmente para a Gates Foundation e é uma blogger activa na ONE.org, a organização sem fins lucrativos co-fundada por Bono dos U2 e por outros “pesos-pesados” do mundo empresarial, académico e político, que luta contra a pobreza extrema. Foi uma das convidadas para o TEDxChange em Berlim e foi escolhida para participar na conferência Rio + Social, enquanto “influenciadora” digital. Para além das parcerias firmadas, a rede de mães bloggers conta já com cerca de 20 mil membros, espalhadas por todo o mundo. |
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