A larga maioria dos gestores e empresários que participam no Barómetro de Outubro da ACEGE defendem que a carga fiscal sobre as empresas em Portugal está acima do ideal para garantir a competitividade da economia. A também quase totalidade dos inquiridos não vê com bons olhos o alargamento do regime das 35 horas semanais ao sector privado
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A carga fiscal no meio empresarial português parece continuar a constituir um entrave ao crescimento e à competitividade da economia. Na opinião da maioria (52,4%) dos gestores inquiridos no último barómetro mensal da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), o nível de fiscalidade sobre as empresas está “muito acima do que devia ser”. A esta posição juntam-se 39,8% dos respondentes que consideram que a carga fiscal está “um pouco acima do que devia ser ”. Somente 4,7% classificam o nível de fiscalidade sobre as empresas “nada acima do que devia ser a carga fiscal”.

Ainda sobre esta matéria, à questão “o que tem sido feito a nível de combate à fraude e evasão fiscal é muito ou pouco satisfatório a nível empresarial?”, também a maior parte dos empresários cristãos que participam na edição de Outubro do inquérito realizado em parceria com o Observador, a TSF e a Netsonda responde negativamente: 53,9% defendem que este combate tem sido “pouco satisfatório”, contra 35,1% que acreditam no contrário, e 11% que não sabem/não respondem.

Larga maioria contra 35 horas semanais no privado

Impostos à parte, terá Portugal este ano “mais condições de atracção de investimento do que no ano passado”? No barómetro que mensalmente toma o pulso ao sentimento económico face às questões da actualidade, 44,5% dos inquiridos consideram que em 2016 a capacidade de atracção de investimento é “muito insuficiente”, seguidos de 27,2% que afirmam que a mesma é “insuficiente”, e de 11% que dizem mesmo que o País “não tem nenhuma” capacidade, a este nível. Só uma pequena minoria de 9,4% responde “suficiente” a esta questão.

Já sobre o impacto do Orçamento do Estado para 2017 nas empresas, as medidas propostas são negativas para 42,9% dos executivos, neutras para 22% e muito negativas para 15,7% dos mesmos. Apenas 2,6% dos respondentes acreditam que o impacto das medidas propostas no OE para 2017 é positivo para as suas empresas.

Outra das principais conclusões da última edição do Barómetro da ACEGE dita que a larga maioria dos gestores não vê com bons olhos o alargamento do regime das 35 horas semanais ao sector privado: 75,9% lançam um rotundo não à medida, contra unicamente 19,4% que concordam com a redução do horário de trabalho no sector empresarial.

Também cerca de dois terços dos inquiridos (73,3%) está de acordo quanto à junção dos feriados aos fins-de-semana, mas desta vez pela positiva. Em oposição, 26,7% não vêem com bons olhos que certos feriados sejam “encostados” ao período de lazer dos Sábados e Domingos.

[quote_center]O impacto das medidas do OE sobre as empresas é negativo para a maioria dos executivos[/quote_center]

No que diz respeito a uma das grandes bandeiras da ACEGE – as medidas de conciliação Família Trabalho como “uma necessidade [crescente] dos tempos que vivemos e exemplo de uma liderança empresarial moderna e responsável” – a maioria dos gestores e empresários (69,6%), confirma que a sua empresa “tem e pratica medidas concretas” desta natureza. Um total de 20,9% dos inquiridos admite que a empresa não tem nem pratica medidas de conciliação, e 9,4% não sabem/não respondem.

Noutra área fundamental onde a ACEGE tem mantido grande empenhamento – o pagamento pontual a fornecedores -, a avaliação dos executivos é ainda mais positiva: a quase totalidade, 88,5%, conhece o programa da associação cristã que compromete as empresas com o cumprimento dos prazos de liquidação das facturas (contra apenas 8,9% que não conhecem o Compromisso Pagamento Pontual a Fornecedores). E a verdade é que 45,5% dos gestores sente alguma alteração positiva, embora “levemente”, no comportamento das organizações em matéria de pagamentos. Contudo, 30,4% não sente qualquer alteração face à atitude responsável das empresas sobre esta matéria, enquanto uma minoria de 3,1% sente alterações muito positivas, a mesma percentagem diz sentir alterações muito negativas, e 2,6% sente alterações levemente negativas. Uns expressivos 15,2% não sabem/não respondem a esta questão.

Por último, à questão fixa do Barómetro “Como define o seu estado de espírito em relação ao País?”, os executivos reagem demonstrando um sentimento pessimista. Os empresários e gestores “moderadamente pessimistas” constituem a maioria, com 43,5% das respostas, seguidos dos “francamente pessimistas” (26,2%), dos “moderadamente optimistas” (16,8%, e dos que não estão “pessimistas nem optimistas” (13,6%).

Realizado em colaboração com a Netsonda junto de altos responsáveis de empresas portuguesas, este inquérito mensal é constituído por perguntas de sentimento económico formuladas pelos três parceiros da iniciativa e enviadas aos gestores associados da ACEGE. A presente edição do Barómetro foi realizada entre os dias 10 e 17 de Outubro, período durante o qual foram questionados 1185 empresários e validadas 191 respostas.

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