Não bastam meias palavras, mas perguntas sobre o que quer que seja. Em poucos segundos, o chatbot da OpenAI oferece respostas, na sua maioria, precisas, apesar de necessitar ainda de aperfeiçoamentos. Todos falam dele e pelo menos 100 milhões de pessoas já “falaram” com ele. Leia este artigo e saiba o que este chatbot, super-inteligente, é capaz de fazer. No final do texto, um miminho para o São Valentim que se aproxima, da autoria do… ChatGPT
POR HELENA OLIVEIRA
O que é o ChatGPT e quais são os seus prós e os contras?
Prós:
- O ChatGPT é um modelo linguístico altamente avançado que pode responder a uma vasta gama de questões e gerar texto com elevada precisão e também criatividade.
- Foi criado a partir de uma enorme quantidade de dados de texto, tornando-o conhecedor de uma vasta gama de tópicos.
- O modelo é facilmente acessível através de APIs [nterface de Programação de Aplicações que consiste numa forma de comunicação entre os componentes de um software e as aplicações da Web], o que o torna conveniente para os programadores o utilizarem nas suas aplicações.
- Pode ser aperfeiçoado para casos específicos de utilização, permitindo resultados ainda mais precisos.
Contras:
- Como todos os modelos de Inteligência Artificial (AI) pode cometer erros e gerar respostas inadequadas ou incorrectas.
- O modelo foi criado através de dados de texto que podem conter enviesamentos e estereótipos, o que pode resultar na perpetuação desses enviesamentos [preconceitos].
- O modelo pode ter dificuldade em compreender o contexto ou nuances subtis na conversa.
O que Portugal tem de bom e de mau?
Portugal tem muitos aspectos positivos, tais como:
- Beleza natural: Portugal possui uma costa deslumbrante e praias encantadoras, além de montanhas, parques naturais e jardins;
- Património histórico e cultural: Portugal é rico em história e cultura com monumentos antigos, castelos, palácios e igrejas, bem como por uma tradição culinária distinta;
- Hospitaleiro: os portugueses são conhecidos por serem acolhedores e amigáveis;
- Clima: Portugal tem um clima temperado, com Verões quentes e Invernos amenos.
Aspectos negativos:
- Desigualdade económica: embora haja uma grande riqueza em algumas regiões, há também uma grande desigualdade económica em outras;
- Problemas de saúde pública: Portugal enfrenta desafios no sector da saúde, incluindo uma carência de recursos e uma reivindicação crescente por serviços de saúde;
- Dificuldades económicas: Portugal tem enfrentado dificuldades económicas nos últimos anos, incluído o aumento da dívida pública.
A informação que acabou de ler foi gerada pelo chatbot actualmente mais famoso do mundo e de quem toda a gente fala. O ChatGPT, que significa Chat Generative Pre-Trained Transformer. Foi lançado a 30 de Novembro de 2022 (apesar de alguns modelos que o precederam) pela OpenAI, uma empresa de investigação e implementação de IA e cuja missão é “assegurar que a inteligência artificial beneficie toda a humanidade” e cujo CEO, Sam Altman, é também empreendedor e programador.
O ChatGPT descreve-se a si próprio como: “Eu sou um modelo de linguagem AI desenvolvido pela OpenAI. Fui treinado a partir de uma gama diversificada de dados na Internet para gerar textos semelhantes aos dos humanos, com base nas instruções que me foram dadas. A minha principal função é ajudar a gerar texto para vários fins, tais como responder a perguntas, fornecer explicações e gerar textos criativos”.
Colocado à disposição do público (basta criar um log in) a 30 de Novembro atingiu já, e passados apenas dois meses, cerca de 100 milhões de utilizadores, o que o coloca no pódio das tecnologias mais disruptivas com uma taxa de crescimento sem precedentes. Por exemplo e comparando-o com o famoso TikTok, este último levou cerca de nove meses para atingir este número de utilizadores, com o Instagram a ter de esperar mais de dois anos para alcançar tal proeza e com o Google Tradutor a chegar a este número de utilizadores diários seis anos após a sua estreia na internet. Apesar de, pelo menos até agora, ser gratuito, em Janeiro a OpenAI lançou igualmente uma versão paga que responde mais rapidamente a perguntas mais complexas que lhe são feitas, continuando a funcionar mesmo durante os seus picos de utilização, nos quais os utilizadores recebem uma mensagem a dizer “o ChatGPT está no máximo da sua capacidade”, o que está a acontecer na altura em que este artigo está a ser escrito.
O ChatGPT responde às perguntas que lhe são feitas em várias línguas (no nosso caso e lamentavelmente, em português do Brasil) notando-se respostas mais aprimoradas quando é questionado em inglês. E está disponível em todo o mundo, com excepção de países como a Rússia, China, Ucrânia, Afeganistão, Irão, Bielorrússia e Venezuela.
A nova estrela do universo da Internet “alimenta-se”de um manancial quase infinito de informação recolhida na Internet (cruzando-a) e, ao contrário do Google que nos oferece links para as nossas perguntas, é capaz de responder facilmente mesmo a perguntas complexas, contextualizando-as, elaborar textos – muitos dos artigos que têm aparecido sobre este bot, são escritos pelo próprio – letras de música, poesia, contos, contar anedotas, escrever episódios de série de televisão, códigos de programas, receitas culinárias, entre muitas outras possibilidades. Ou seja, no seu âmago, esta tecnologia baseia-se num tipo de inteligência artificial denominada como “modelo de linguagem”, um sistema de previsão que essencialmente “adivinha” o que deve escrever, com base em textos anteriores que processou.
Como já enunciado, o GPT foi treinado pela “sua” IA com uma quantidade extraordinária de informação, muita da qual provêm do vasto fornecimento de dados na Internet, juntamente com milhares de milhões de dólares, incluindo o financiamento inicial de vários multimilionários tecnológicos proeminentes, incluindo Reid Hoffman [co-fundador e ex-presidente executivo do LinkedIn], Peter Thiel [empreendedor, capitalista de risco e co-fundador do PayPal e da Palantir Technologies], Elon Musk [que é também co-fundador da OpenAI), entre outros. Todavia, foi a Microsoft que investiu somas astronómicas no seu desenvolvimento – sendo a mais recente no valor de mil milhões de dólares – em conjunto com a Khosla Ventures e a Infosys. O ChatGPT teve igualmente uma “formação” baseada em exemplos de conversas humanas, o que o ajuda a tornar o seu diálogo similar ao nosso, como explica um post do blog publicado pela OpenAI.
Este lançamento serviu para “acordar” os co-fundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin, sendo que esta última resolveu lançar a sua versão ontem, dia 8, apesar de ter anunciado que só o iria fazer ao longo das próximas semanas. Para já, a apresentação deste rival de peso, que se chama Bard , tem como base um “sistema de aplicações de modelos de linguagem para diálogos” (LAMDA, na sigla em inglês) e que estava a ser desenvolvido há já alguns anos, pode fazer jus ao ditado “a grande pressa dá em vagar”.
O lançamento não correu bem e as acções da Alphabet (empresa dona da Google) caíram imediatamente depois do Bard ter dado respostas imprecisas. Todavia, uma das promessas deste chatbot concorrente é que, supostamente, terá ligação ao tempo real e irá conseguir oferecer aos utilizadores respostas com base no que está a acontecer na Internet, enquanto o ChatGPT da OpenAI tem a limitação – pelo menos por enquanto – de oferecer informação disponível até 2021. À parte disto, o modo de utilização será o mesmo, ou seja, baseado em conversas.
A ideia desta dupla de grandes adversários é, e obviamente, incluir este tipo de IA nos seus serviços. Por exemplo, a a Microsoft já integrou o chatbot no Teams, o qual poderá criar notas de reuniões automaticamente, recomendar tarefas e gerar “destaques” das próprias reuniões, tendo igualmente anunciado, esta terça-feira que já integrou o ChatGPT no seu motor de busca. O novo Bing, disponível a partir de terça-feira, está ainda a testar esta integração, cujas funcionalidades mais avançadas serão introduzidas ao longo das próximas semanas. Ou seja, a guerra entre as duas gigantes tecnológicas estará para durar.
Entretanto, as estimativas apontam para que o ChatGPT possa gerar receitas no valor de 200 milhões de dólares este ano, saltando para mil milhões de dólares no final de 2024.
Apesar de este novo, mas também controverso, chatbot integrar uma inteligência artificial “treinada” para reconhecer padrões a partir de um vasto conjunto de dados recolhido da Internet, sendo depois “ensinado” com assistência humana para proporcionar um diálogo melhor e com maior utilidade, as respostas escritas de elevada qualidade que se obtêm segundos depois de uma qualquer pergunta ser colocada podem ser absolutamente plausíveis mas, e como adverte a própria OpenAI, os resultados podem também ser imprecisos, enganadores e até enviesados, ou seja, com respostas preconceituosas e de cariz discriminatório.
Em suma, o próprio sistema admite que tem limitações e que pode fornecer dados imprecisos, incompletos e desactualizados (como já mencionado acima, as informações recolhidas pela ferramenta, e pelo menos até agora, só estão actualizadas até 2021). Se perguntar ao próprio ChatGPT o que está fora dos seus limites, ele responderá da seguinte forma: quaisquer perguntas “que sejam discriminatórias, ofensivas, ou inapropriadas. Tal inclui questões que sejam racistas, sexistas, homofóbicas, transfóbicas, ou de outra forma discriminatórias ou odiosas”.
No entanto, e como sabemos, a IA não tem “consciência”e o ChatGPT não sabe o que está a fazer; é incapaz de dizer como ou porquê produziu uma resposta; não tem qualquer compreensão da experiência humana; e não pode dizer se as suas respostas são fidedignas ou puros disparates. Embora o OpenAI tenha salvaguardas para recusar pedidos inapropriados, tais como dizer aos utilizadores como cometer crimes ou fabricar armas, por exemplo, estes podem ser contornados. Ou seja, o potencial de danos da IA não deve ser subestimado e, nas mãos erradas, pode ser uma arma de destruição maciça.
Contudo, o ChatGPT, embora imperfeito, está sem dúvida a mostrar o caminho para o nosso futuro tecnológico.
Pode o GPT complementar algumas profissões ou extingui-las?
Tal como quase tudo que está relacionado com a Inteligência Artificial gera dilemas éticos, uma das maiores preocupações face ao futuro tem a ver com a possibilidade de a IA vir a roubar empregos humanos. E, apesar das imperfeições do ChatGPT, a verdade é que um cenário desta natureza, com perguntas e respostas eficazes, poderá atingir negativamente e até extinguir um conjunto de profissões. É certo que o caminho ainda é longo e, para os optimistas, é provável que esse futuro cada vez mais próximo venha a integrar um modelo híbrido de motores de busca e chatbots similares ao que estamos a falar, mas que não dispensem os humanos, mas muito provavelmente para executarem novas profissões.
Mas e para já, teme-se que áreas tão dispares como o jornalismo ou o ensino possam ser negativamente afectadas por tecnologia de IA. A título de exemplo, são já várias as instituições de ensino que estão a proibir a utilização do ChatGPT, na medida em que os alunos estão a aproveitá-lo para escrever ensaios, para responder a perguntas de testes, para fazer os trabalhos de casa, entre outras batotices. Um professor da Wharton Business School experimentou colocar cinco perguntas de um teste de MBA e o resultado foi equivalente a um Bom -.
Com base nas experiências que fez, o professor Christian Terwiesch apreciou o desempenho do ChatGPT e fez as seguintes observações:
- O ChatGPT fez um trabalho espantoso em questões básicas de gestão de operações e análise de processos, incluindo aquelas baseadas em estudos de caso. As respostas estão correctas e as explicações são excelentes;
- Mas também cometeu erros de grande magnitude em cálculos relativamente simples, ao nível da matemática do 6º ano de escolaridade.
- O ChatGPT é notavelmente eficaz em modificar suas respostas a partir de “dicas” humanas. Nos casos em que inicialmente falhou em combinar o problema com a solução certa, foi capaz de se autocorrigir depois de receber uma dica apropriada de um humano. Ainda mais notável, parece ser capaz de aprender com o tempo para que no futuro essa dica não seja mais necessária.
Neste momento, e apesar de existirem profissões que podem ser complementadas com este tipo de inteligência artificial, a verdade é que não deve demorar muito até que a IA se aperfeiçoe de tal forma que as possa vir a extinguir. Actualmente, este chatbot poderá ajudar a área de apoio ao cliente (com chatbots já utilizados em muito casos), os criadores de conteúdo e os profissionais de marketing, os investigadores e analistas de dados, educadores e formadores, serviços profissionais jurídicos, entre vários outros.
Todavia, pode igualmente vir a substituir este mesmo tipo de profissões. De acordo com o Business Insider, seguem-se algumas profissões, às quais se poderiam juntar muitas outras, que serão as mais fáceis de executar pelo ChatGPT ou chatbots similares:
- Sector das TI – codificadores, programadores informáticos, engenheiros de software, analistas de dados: vários trabalhos que envolvem a tecnologia podem, em alguns casos, substituir os humanos mas, e para os mais optimistas, ajudar os programadores em vez de os substituir. Mas é preciso não esquecer que tecnologias avançadas como o ChatGPT podem produzir código mais rapidamente que os humanos, o que significa que o trabalho pode ser concluído com menos funcionários. E empresas de tecnologia como a própria OpenAI, estão já a pensar na substituição de engenheiros de software por IA.
- Sector dos media: publicidade, criação de conteúdo, redacção técnica, jornalismo – são vários os especialistas – incluindo o famoso economista e laureado com um Nobel, Paul Krugman –que afirmam que a inteligência artificial utilizada no ChatGPT é boa em produzir conteúdos e pode fazê-lo “com mais eficiência com os humanos”, porque a IA já é capaz de ler, escrever compreender dados baseados em texto. E a verdade que vários sites de notícias já há algum tempo que recorrem a tecnologias similares para escrever peças jornalísticas, apesar de as mesmas (mas nem todas) precisarem de alguma edição. De modo inverso, clamam outros observadores, existe sempre uma boa parte na produção de conteúdos que nunca poderá ser automatizada, pois requer emoções, princípios e julgamentos humanos que as máquinas não conseguem mimetizar. Mas a verdade é que nesta área em particular, há razões para nos preocuparmos.
- Sector jurídico – várias funções do sector jurídico, desempenhadas por estagiários e assistentes jurídicos – e que são responsáveis por consumir grandes quantidades de informações bem estruturadas – podem ter a enorme ajuda (ou desajuda, se roubar empregos) do ChatGPT, sintetizando o que estes aprenderam e tornando-o “digerível”por meio de um resumo ou opinião legal. Também aqui cabe o julgamento humano – mas, e sendo já utilizada – este tipo de IA tem condições para se ir aperfeiçoando cada vez mais e de forma célere, ameaçando muitos postos de trabalho.
- Os analistas de pesquisa de mercado serão muito susceptíveis a mudanças impulsionadas pela IA, na medida em que esta última é eficaz a analisar dados e a prever resultados. Em profissões cujo objectivo seja recolher dados, identificar tendências a partir dos mesmos, usando o que se encontrou para criar uma campanha de marketing ou decidir onde colocar a publicidade, poderão ser geridas a partir da IA. Código laranja também.
- Professores: se existe uma preocupação por parte dos professores com os alunos que usam o ChatGPT para fazer batota com astrabalhos de casa e não só, também os próprios professores se estão a sentir ameaçados por este tipo de tecnologia. É que para muitos analistas o ChatGPT já pode facilmente dar aulas, apesar de ter ainda várias deficiências, as quais podem vir a ser brevemente melhoradas.
- Sector financeiro – analistas financeiros, consultores financeiros e traders. Na medida em que todas estas funções exigem a manipulação de quantidades significativas de dados numéricos, a IA pode identificar tendências de mercado, destacar quais investimentos de um portfólio podem gerar mais ou menos retorno, comunicar toda essa informação, utilizando outros dados, cruzando-os por exemplo com os de uma empresa financeira, para prever um melhor mix de investimento.
Se há a IA é o futuro, para o bem e para o mal, há que estarmos preparados para o melhor e para o pior. Mas como? Fizemos a pergunta ao ChatGPT. Mais uma vez não foi capaz de responder. Deu erro!
Para o Dia dos Namorados
Porque o Dia de S. Valentim está próximo, pedimos ao CharGPT que escrevesse um poema de amor para ajudar aqueles que querem oferecer algo à sua cara-metade e não têm paciência para procurar. O resultado foi o seguinte:
Meu amor, você é como o sol
Brilhando em minha vida
Iluminando meu dia
Com sua doce risada, meu coração se aquecer
Eu sinto a felicidade invadir o meu ser
Você é o ar que eu respiro
A água que me mantém vivo
Sem você, eu me sinto seco e sem vida
Mas com você, eu sou completo e feliz
Você é meu porto seguro
No meio da tempestade da vida
Com você, eu me sinto protegido
E sei que juntos, venceremos qualquer luta
Meu amor, você é a minha paixão
A minha alegria, minha felicidade
Eu te amo mais do que as palavras podem dizer
E juro que sempre estarei aqui, amando-te para sempre.
Podia ser pior, certo?
Editora Executiva
Mente tão bem como um humano! 😛 😀
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