Num mundo onde muitas vezes não compreendemos nem nos fazemos compreender, existem ferramentas que nos podem ajudar a descodificar diferentes formas de expressar e, consequentemente, a desbloquear relações. As cinco linguagens do amor propõe-nos que olhemos atentamente o outro à luz da sua maneira de comunicar e receber amor.
POR MARGARIDA CASTRO REGO
Este mês, em ocasiões distintas, um padre e uma médica falaram-me de um livro chamado The Five Love Languages: How to Express Heartfelt Commitment to Your Mate (em português, As cinco linguagens do amor: como expressar um compromisso de amor ao seu parceiro) . Fiquei espantada pela coincidência mas principalmente porque Gary Chapman, autor do bestseller, publicou a sua primeira edição em 1992, há precisamente 30 anos.
Chapman é um pastor americano da Igreja Batista do Calvário que acompanha casais, alguns dos quais a atravessar crises conjugais. Neste contexto, sentiu a necessidade de escrever sobre um fenómeno que observava no seu dia-a-dia: a existência de 5 linguagens primordiais através das quais as pessoas expressam amor pelo seu parceiro/a e a falta de compreensão sobre a linguagem do outro.
Até aqui, nunca tinha ouvido falar de linguagens de amor de uma forma tão concreta, estruturada e aprofundada como a que aqui é descrita. As 5 linguagens do amor apresentadas são então:
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Palavras de afirmação – elogios e palavras de apreciação pelo outro;
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Tempo de qualidade – dedicar total atenção ao outro;
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Presentes – oferecer algo que mostra que se pensou no outro;
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Atos de serviço – utilizada por pessoas para as quais “as ações falam mais alto que as palavras”;
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Toque físico – aproximação física ao outro a diferentes níveis.
Por esta altura, poderão estar a pensar qual a razão pela qual trago este tema e qual a utilidade que poderá ter nas vossas vidas. Confesso-me ainda uma novata nesta temática e, por isso, não vos poderei para já dar exemplos na primeira pessoa mas com 30 anos de história, este é um tema sobre o qual já muito se pesquisou e escreveu.
A este propósito, a investigadora de relações Carol Bruelss escreve que nas relações é essencial compreender a “moeda emocional” daquelas a quem amamos e que parte disso significa descodificar qual a linguagem que melhor lhes fala de amor. Carol explica que assim como “uma moeda ou nota tem um grande valor num país em particular, menor valor em países à sua volta e nenhum valor em muitos outros países”, assim também uma determinada linguagem de amor poderá ter valores muitíssimo diferentes para diferentes pessoas.
De facto, diz-se que a maioria de nós expressa o seu amor principalmente através de uma das cinco linguagens do amor e que curiosamente, nem sempre a linguagem que melhor falamos coincide com aquela que melhor escutamos. Assim torna-se fácil perceber porque é que as relações humanas são muitas vezes tão complicadas!
O objetivo de Gary Chapman não é por-nos a todos a usar única e exclusivamente a mesma linguagem mas sim que façamos por conhecer as linguagens daqueles a quem amamos. Se queremos expressar amor por alguém, então um bom primeiro passo será descodificar a linguagem que mais toca o coração dessa pessoa e adaptar a forma de nos expressarmos para lhe falar dessa forma. Se nos sentirmos pouco amados, um bom primeiro passo será descodificar a linguagem que os outros usam para expressar amor – poderá de facto dar-se o caso de não estarmos a conseguir compreender a linguagem em que o outro nos quer falar. Será ainda importante decifrarmos as nossas linguagens (de expressção e escuta) e partilhamos esta descoberta com os que nos rodeiam para que nos possam compreender melhor.
Como poderão já ter percebido, a utilidade destes conceitos vai muito além da vida em casal e foi por isso que ao longo destes anos Chapman publicou uma série de outros livros pertencentes à coleção The Five Love Languages, nos quais aplica as linguagens a outros contextos que não os de um casal: a solteiros, a crianças e até no local de trabalho.
Para mim que vivo em Londres, é muito interessante usar esta lente para compreender melhor a linguagem de amor das pessoas que me rodeiam porque observo uma associações claras entre a cultura e a linguagem de amor que é tendencialmente mais valorizada. Se uma Palavra de afirmação ou Toque físico tipicamente aquece o coração a um português, Tempo de qualidade ou Presentes parecem apelar melhor a um coração bretão.
Para os curiosos, existem muitos quizz online disponíveis (como é o caso deste) que podem ajudar a identificar a principal linguagem de amor e por isso deixo aqui o desafio de tentarem decifrar qual a vossa linguagem de amor e a daqueles que vos rodeiam e usarem esse conhecimento para compreenderem e adaptarem a vossa linguagem à dos outros.
Margarida Castro Rego
Nasceu em Lisboa em 1996. Completou o curso e o mestrado na NOVA SBE onde desenvolveu um gosto especial por políticas públicas. Atualmente trabalha em Londres no departamento de economia aplicada da consultora Oxford Economics.