POR ANÍBAL CAMPOS
Segundo a Central de Balanços e a Central de Responsabilidade de Crédito do Banco de Portugal, o sector metalúrgico e metalomecânico português tem um elevado grau de abertura ao exterior e esse facto tem impacto directo na saúde financeira das empresas. Na verdade, mais de 60% do volume de negócios das empresas tem origem no mercado externo. É precisamente esta performance que tem contribuído para que a metalurgia e metalomecânica nacional seja o sector industrial mais exportador de Portugal, com tudo o que esta responsabilidade representa para o crescimento económico do país.
Ainda segundo os dados do Banco de Portugal, cerca de 75% das empresas do sector tinham rendibilidade positiva, com este a ter um nível de incumprimento inferior às restantes indústrias. O sector tem diminuído sustentadamente o montante médio despendido no pagamento de juros o que levou também à redução da pressão financeira das empresas que a AIMMAP- Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal, representa.
Em síntese, os estudos revelam que o sector metalúrgico e metalomecânico nacional compara bem com a restante indústria transformadora e com as sociedades não financeiras e a sua elevada exposição ao exterior é factor decisivo para a sustentabilidade financeira das operações.
A rendibilidade dos capitais próprios é também assinalável e o facto de as empresas serem maioritariamente micro e pequenas não foi impeditivo do sector ter uma performance muito interessante na autonomia financeira das suas empresas, sendo mesmo o único sector industrial em Portugal que compara bem nestes domínios com a Alemanha, sempre uma referência nesta matéria.
Deve realçar-se que os empresários do sector metalúrgico e metalomecânico têm uma longa tradição exportadora em mercados onde os negócios se afirmam pela qualidade e inovação, naturalmente, mas sobretudo pelo cumprimento dos compromissos assumidos, quer em timing de entrega quer na assunção dos prazos de pagamento e recebimento.
Perante estes indicadores, a AIMMAP entendeu que tinha de assumir mais uma vez as suas responsabilidades enquanto promotora de associativismo com valor. Não é estranho por isso que a AIMMAP seja a primeira associação sectorial a aderir ao “compromisso pagamento pontual” da ACEGE.
De facto, no passado dia 29 de Maio, assistiu-se nas instalações da AIMMAP a um momento histórico na vida da associação mais representativa do sector metalúrgico e metalomecânico: a assinatura com a ACEGE do compromisso “Pagamento Pontual”.
[quote_center]Deve realçar-se que os empresários do sector metalúrgico e metalomecânico têm uma longa tradição exportadora em mercados onde os negócios se afirmam pela qualidade e inovação, naturalmente, mas sobretudo pelo cumprimento dos compromissos assumidos, quer em timing de entrega quer na assunção dos prazos de pagamento e recebimento[/quote_center]
O “compromisso pagamento pontual” é uma iniciativa muito pertinente, sobretudo se tivermos em conta os números da situação dos pagamentos no nosso país. Segundo o estudo “Como pagam as empresas em Portugal” elaborado pela Informa D&B, a percentagem de empresas que cumprem os prazos de pagamento acordados cifra-se em 15,2% (Abril de 2018). Estes números traduzem uma falta de cumprimento assinalável, com todas as consequências dramáticas que uma situação destas pode produzir na economia. Se pensarmos que em 2010, em plena crise, a percentagem estava nos 21,4%, vemos que mesmo com uma situação económica mais favorável, a falta de cumprimento ainda está em valores insuportáveis.
Os objectivos do “compromisso pagamento pontual” são, assim, chamar a atenção para o impacto negativo nos atrasos nos pagamentos, promover a adesão pessoal de cada líder ao pagamento a horas, ajudar a mudar a actual cultura de pagamentos, diminuir os atrasos tornando mais previsível a data de recebimento e, finalmente, libertar as equipas de gestão do tempo e esforço dedicado às cobranças.
Refira-se que a ACEGE, Associação Cristã de Empresários e Gestores, tem bastantes pontos em comum com a AIMMAP.
Ambas têm mais de 60 anos de actividade ao serviço dos empresários e, não menos importante, olham o trabalho que desenvolvem como um valor para a melhoria das empresas e, através delas, da sociedade.
Foi também por isso que a AIMMAP entendeu dar mais visibilidade a esta iniciativa da ACEGE, sendo mais um esforço que os empresários fazem em conjunto para melhorar a economia e, com isso, o bem-estar dos cidadãos.
É sabido: pagar a tempo e horas é um compromisso que faz a economia crescer e que torna as empresas mais saudáveis. Todos ganham e têm de ser os empresários a dar o exemplo.
Assumir este pacto é difícil e muitas vezes não depende só da boa vontade dos empresários, mas a verdade é que quantos mais aderirem, melhor saúde financeira existirá para muitos outros.
Na sessão de assinatura, compareceram mais de 4 dezenas de associados da AIMMAP para receberam das mãos dos responsáveis da ACEGE o diploma de cumprimento e espera-se que muitos outras empresas do sector aderiram a este compromisso.
A AIMMAP foi assim a primeira associação sectorial a unir-se a este projecto dando, desta forma, um exemplo de credibilidade muito importante também para chamar a atenção dos mais jovens para o sector industrial, como uma área de trabalho fiável e com futuro.
E todos beneficiam; empresas, famílias e até o Estado que vê a economia crescer e a liquidez por via dos impostos pagos a aumentar.
Isso mesmo foi destacado por Jorge Líbano Monteiro da ACEGE que referiu que quando os prazos de pagamento não são cumpridos, há destruição de empresas e de emprego, com as consequências sociais inerentes.
Não posso deixar de afirmar, enquanto Presidente da AIMMAP que o Estado tem também de dar o exemplo e de cumprir os seus prazos de pagamento, e todos sabemos que nem sempre o próprio Estado dá o exemplo.
É uma responsabilidade que tem de ser assumida. A AIMMAP não se cansará de recordar as autoridades competentes para esta necessidade e vai-se emprenhar para que mais empresas associadas se juntem a esta causa que interessa a todos.
Ganha o país, ganha a economia, ganham os cidadãos e os empresários cumprem também mais um dos seus desígnios: contribuir para uma sociedade mais justa e responsável.
Parabéns à ACEGE e aos seus parceiros por mais esta iniciativa tão louvável e necessária. Podem contar com a AIMMAP e com o sector mas, sobretudo, com a honradez dos nossos empresários, para continuarmos a cumprir este desafio e alarga-lo a cada vez mais empresas. Que assim seja!
Aníbal Campos – Presidente da Direcção da AIMMAP
Presidente da Direcção da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal