Reconheço os imensos talentos recebidos, desde logo a vida, e por isso os quero devolver pois não me pertencem. Aqui os tens, Senhor, são Teus, em trabalho, em resultados, em pessoas, em famílias, em esperança, em alegria, em paz, em gestos de amor, em riqueza, em ouro, incenso e mirra
POR JOÃO PEDRO TAVARES

No Natal juntam-se várias realidades que acabamos, na maioria das vezes, por viver com alguma sofreguidão. Um tempo de Advento que passa a correr, uma preparação de Natal que se mistura com rotinas do período, magias, realidades, luzes, prendas, festas por preparar e viver em família. A correr desejamos “Feliz Natal”, “Festas Felizes”, muitas vezes sem esperar pela resposta.

Junta-se o fim do ano, tempo de balanço, de novos desejos, projetados num futuro que damos por adquirido e certo, sem refletir no que passou, sem o saborear e agradecer.

E uma voz, cá dentro, que me diz: “Minha mãe e o meu pai buscaram, buscaram e não encontraram um lugar para Eu nascer”. E ainda “E tu? Tens (em ti) esse lugar para Eu nascer? Como tens feito por isso?”

E então, paro, e confronto-me com esta história que é “O Natal”, que se repete sempre como se fosse a primeira, a última, a única vez e procuro à luz deste ponto de partida, de caminho e de chegada, reler todas as realidades em que vivo e que me circundam.

É porque não tenho lugar para Ti que não tenho lugar para o menos óbvio no trabalho. É por isso que olho para números e não para pessoas, vibro mais com resultados e boas histórias que não me fazem parar o passo apressado, do que para aquelas que me obrigam a parar, a mudar de caminho, a entender que há realidades menos bonitas, mas mais importantes. Olho mais para a luz do que para as sombras que nego ou que me passam despercebidas.

É porque não Nasces em mim que me privo de viver de outra forma e, assim, privo os outros de experimentarem a Tua presença. Penso o mesmo de sempre, recuso-me a morrer para nascer de novo, não Te reconheço na gruta de Belém, confundo-me nas estrelas que sigo.

Reconheço os imensos talentos recebidos, desde logo a vida, e por isso os quero devolver pois não me pertencem. Aqui os tens, Senhor, são teus, em trabalho, em resultados, em pessoas, em famílias, em esperança, em alegria, em paz, em gestos de amor, em riqueza, em ouro, incenso e mirra.

E sei que não desistes e que por isso mesmo, é Natal, de novo, cheio de esperança, de luz, de oportunidades. Vivo agradecido ao ver-Te nos outros e em mim, na criação, nas empresas, no trabalho, na oração, no propósito, nos gestos.

É então que tenho espaço para o invisível, o mais importante, e não apenas para o que é visível. É este o lugar que Te reservo em minha casa.

Presidente da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores

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