Tendo em conta os temas que têm vindo a marcar os últimos tempos, fomos à procura de livros internacionais, todos eles premiados, enquanto sugestões para ler na praia ou numa sombra qualquer. Propósito individual e colectivo, fadiga profissional, inteligência artificial, futuro do trabalho ou liderança de excelência foram algumas das temáticas eleitas
POR HELENA OLIVEIRA

Dare to Lead: Brave Work. Tough Conversations. Whole Hearts
Por Brené Brown

“Quando nos atrevemos a liderar, não fingimos ter as respostas certas; mantemo-nos curiosos e fazemos as perguntas certas. Não vemos o poder como finito e acumulamo-lo; sabemos que o poder se torna infinito quando o partilhamos com os outros. Não evitamos conversas e situações difíceis; inclinamo-nos para a vulnerabilidade quando esta é necessária para fazer um bom trabalho. Mas a liderança ousada numa cultura definida pela escassez, pelo medo e pela incerteza exige a construção de competências em torno de características que são profunda e exclusivamente humanas. A ironia é que estamos a optar por não investir no desenvolvimento dos corações e mentes dos líderes, exactamente na mesma altura em que nos esforçamos por descobrir o que temos para oferecer que as máquinas e a IA não consigam fazer melhor e mais depressa. O que é que podemos fazer melhor? Empatia, ligação e coragem, para começar”.

Este resumo é escrito pela autora do livro Dare to Lead, o qual aponta para uma reformulação da liderança a partir dos líderes que identificam o potencial nas ideias e nas pessoas, e que são guiados pela mentalidade de que o poder é infinito e deve ser partilhado. Com base num estudo aprofundado sobre líderes, fazedores da mudança e “transformadores da cultura organizacional”, o livro responde às questões de como os líderes podem ser mais ousados e como a coragem pode ser incorporada numa cultura de local de trabalho, juntamente com conselhos accionáveis para pôr as ideias em prática.

A autora é docente e investigadora na Universidade da Houston e professora convidada na Universidade do Texas, onde ensina gestão, tendo passado as duas últimas duas décadas a estudar a coragem, a vulnerabilidade, a vergonha e a empatia. Seis dos seus livros integraram a lista dos best-sellers do The New York Times, o mesmo acontecendo com o acima citado que chegou ao topo deste ranking.

Good Power: Leading Positive Change in Our Lives, Work and World
Por Ginni Rometty

Uma das líderes mais respeitadas do mundo, Ginni Rometty, ex-CEO da IBM, superou uma infância e juventude repleta de dificuldades financeiras para embarcar numa carreira inovadora que a levou de uma “simples” engenheira a oito anos como a primeira mulher CEO de uma empresa global icónica. Neste livro de memórias, as suas lições e histórias oferecem um modelo de como todos nós podemos promover mudanças significativas de forma positiva – um conceito a que ela chama “bom poder” – e que pode ser aproveitado para provocar mudanças positivas nas organizações e para impulsionar as carreiras para novos patamares. O livro destaca também as lições aprendidas no seu longo caminho com o objectivo de ajudar os líderes a serem autênticos e influentes.

As histórias são baseadas em cinco princípios fundamentais para inspirar ainda mais mudanças significativas: estar ao serviço de todas as partes interessadas, criar convicção entre os cépticos, fazer escolhas difíceis, defender a ética e a inclusão tecnológicas, e ser resiliente, as quais mostram como navegar em tempos tensos e perturbadores e criar confiança no caminho para uma verdadeira mudança.

Leading Lightly: Lower Your Stress, Think With Clarity and Lead With Ease
Por Jody Michael

São muitos os líderes que se resignam ao stress generalizado e à sobrecarga emocional decorrente do excesso de trabalho. Dia após dia, insistem em horários abusivos e acabam por atingir estados de exaustão perpétua, sem se convencerem que tal atitude tem efeitos muito perniciosos não só na sua saúde como também na sua produtividade, concentração e discernimento. Mas e de acordo com a Coach Executiva Jody Michael, existe uma alternativa radical para alterar esta realidade, a qual está disponível independentemente dos desafios que possam surgir.

No seu novo livro, a autora garante que cada pessoa é responsável pela criação de uma parte significativa dos seus sentimentos perturbadores e da sua diminuição de energia. O culpado – e a solução – está nas “lentes” ou perspectivas que temos sobre nós próprios, os outros, o trabalho, a vida e o mundo em geral. Ao desenvolver a nossa aptidão mental, primeiro aprendemos a identificar e a abandonar as nossas perspectivas “impeditivas” que nos mantêm em níveis baixos ou altos de luta ou fuga. Em segundo lugar, adoptamos novas e poderosas lentes “úteis” que criam estados de espírito, comportamentos e energia autenticamente positivos e generativos – criando e sustentando um desempenho global optimizado.

Desta forma, este livro destina-se a todos aqueles que se sentem exaustos, ansiosos ou stressados pelas circunstâncias das suas vidas profissionais e/ou pessoais, oferecendo uma nova perspectiva que ajuda a olhar para a nossa existência de uma forma diferente, a fazer melhores escolhas, a melhorar o desempenho no trabalho e a ter mais controlo sobre a vida em geral. O livro aborda em particular as áreas do “fitness mental”, saúde e liderança e transforma-se num guia completo para ajudar a atingir o nosso máximo potencial.

Breaking Why: Hacking and Rebuilding Strategic Emotions for Authentic Success
Por Frankie Russo

Defensor da autenticidade e do aproveitamento das “emoções estratégicas”, o autor  pretende desmistificar a ideia comum de que as emoções são um anátema para uma vida de sucesso.

No seguimento do seu anterior best-seller The Art of Why, os leitores são convidados a redefinir o seu significado de sucesso pessoal, a fim de acederem a uma definição mais profunda e significativa do seu propósito. Frankie Russo questiona qual é realmente o nosso verdadeiro PORQUÊ e, no processo, adapta o seu trabalho anterior, rompendo com as regras que estabeleceu para si próprio, a fim de alcançar mais plenamente um sucesso autêntico. O livro descreve em pormenor as etapas necessárias para criar uma definição mais substancial do nosso propósito, que rompe igualmente com as regras que criámos para nós próprios para usufruirmos de uma vida mais autêntica. Como afirma o autor, por vezes, temos de destruir algo para o podermos reconstruir.

A Brief History of Artificial Intelligence: What It Is, Where We Are, and Where We Are Going
Por Michael Wooldridge

Como sabemos, nunca a Inteligência Artificial (IA) foi tão falada – e utilizada – como no presente ano. Multiplicam-se os livros sobre uma panóplia de temas afectos à mesma, mas há um que sobressai entre os demais: de que forma é que a IA poderá transformar a humanidade, bem como os seus valores? No meio de uma lista demasiado longa, escolhemos este livro escrito pelo reconhecido investigador de Oxford, Michael Wooldridge, o qual nos oferece as bases para compreendermos este “fenómeno” da tecnologia. E de uma forma acessível o livro detalha a história, o presente e o (provável) futuro da IA, em conjunto com o seu impacto no mundo da educação, do trabalho, da política e da sociedade no geral. O livro não é de 2023, mas o autor investiga o tema há mais de 25 anos, motivo pelo qual foi eleito para figurar entre estas sugestões. Como sugere o autor, “pensemos no objectivo da IA a longo prazo, mesmo que mal definido: construir máquinas que sejam conscientes, auto-conscientes e sencientes; máquinas capazes de agirem de forma autónoma e inteligente, e de alcançarem feitos que só os humanos conseguem”. A verdade é que Wooldridge aprendeu a ser obsessivamente cauteloso em relação a tais afirmações, ao mesmo tempo que promove um intenso optimismo em relação ao futuro da IA. E vale a pena descobrir em que se baseia este optimismo, brindado igualmente com um excelente sentido de humor.

Redesigning Work: How to Transform Your Organization and Make Hybrid Work for Everyone
Por  Lynda Gratton

A nossa experiência colectiva com a pandemia criou uma oportunidade única para repensarmos o que queremos do trabalho e da nossa vida profissional. Tivemos a oportunidade de questionar muitos pressupostos fundamentais, adoptar novos hábitos e formar novas narrativas sobre a forma como o trabalho é feito.

A experiência também confrontou as equipas de liderança das empresas com o desafio de saber como responderiam: manteriam as suas formas de trabalhar ou aproveitariam a oportunidade para serem ousados e redesenharem o trabalho de modo a torná-lo uma actividade mais objectiva, produtiva, ágil e flexível? E. se assim for, qual a melhor forma de reformular o trabalho?

Com base em 30 anos de pesquisa sobre as tendências tecnológicas, demográficas, culturais e sociais (ao que se junta a pandemia) que estão a moldar o trabalho, a autora apresenta igualmente algumas sugestões por excelência que ajudarão os líderes a reflectir sobre a melhor forma de redesenhar a forma como se trabalha: compreender os desafios que a empresa está a enfrentar; desenhar estratégias para reimaginar abordagens e processos criativos e inovadores e modelar e testar estas estratégias na organização em causa. E como Lynda Gratton afiança “quer trabalhe numa pequena equipa ou dirija uma multinacional, não existe melhor altura para fazer mudanças duradouras e preparar a sua empresa para o futuro”.

CEO Excellence: The Six Mindsets That Distinguish the Best Leaders from the Rest 
Por Carolyn Dewar, Scott Keller e Vikram Malhotra

É consensual que os CEOs são os pivôs de qualquer organização e, frequentemente, os seus nomes estão associados ao sucesso da empresa. Isto é compreensível, uma vez que assumem a responsabilidade de gerar valor para os accionistas e tendem também a ser os que melhores remunerações e regalias recebem. Curiosamente, verificou-se que, entre os CEOs da Fortune 500, cerca de 30% ficam menos de três anos no cargo e, mais significativo ainda, dois em cada cinco falham nos primeiros 18 meses.

Enquanto senior partners da consultora Mckinsey e sob a sua orientação, a McKinsey & Company liderou um esforço de investigação para identificar estes CEOs cujas empresas cresceram de forma comprovadamente mais saudável durante os seus mandatos. Os autores analisaram mais de 20 anos de dados sobre 7.800 CEOs de 3.500 empresas em 70 países e 24 sectores de actividade para identificar aqueles cujas acções conduziram a um sucesso inovador.

Depois de terem realizado entrevistas detalhadas com uma amostra representativa de 67 CEOs com elevado desempenho, entre os quais Mary Barra (GM), Peter Brabeck-Letmathe (Nestlé), Ken Chenault (American Express), Jamie Dimon (JPMorgan Chase), Herbert Hainer (Adidas), Reed Hastings (Netflix), Marillyn Hewson (Lockheed Martin), Kaz Hirai (Sony), Satya Nadella (Microsoft) e Peter Voser (Shell), as suas conclusões são sintetizadas nesta obra de relevância garantida.

© foto de destaque:  Ben White (Unsplash)

Editora Executiva

1 COMENTÁRIO

  1. Pôr as ideias em prática, frase que resume o essencial, obrigado,~
    António Américo Damásio

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