Com o país a viver momentos catastróficos, não é de admirar que um clima de derrotismo generalizado se instale em toda a sociedade. E ao mesmo não escapam os gestores e empresários inquiridos no mais recente Barómetro da ACEGE, com 66% dos inquiridos a confessarem um “sentimento de pessimismo” face ao futuro mais próximo. Uma notícia (razoavelmente) boa reside no facto de 60% dos respondentes não planearem despedir os seus trabalhadores até ao final do ano, apesar de 17% confessarem ser obrigados a fazê-lo
POR ACEGE
No mais recente barómetro da ACEGE, realizado em parceria com a Rádio Renascença, o Jornal Económico e a NetSonda, e que avalia a percepção de gestores e empresários face ao “estado” económico do país, 66% dos inquiridos admitem estar pessimistas face ao futuro do mesmo.
Todavia, e no que respeita à capacidade da economia conseguir suportar mais um mês de confinamento geral (que, passados poucos dias sobre o lançamento deste inquérito, se afigura como mais prolongado), as opiniões dividem-se, com quase 45% a responderem negativamente e perto de 41% a afirmarem o contrário.
Mais homogéneas contudo são as respostas relativamente aos apoios concedidos pelo Estado para apoiar as empresas nesta terceira vaga, com 81% a considerarem que as medidas não são nem suficientes nem eficazes, apesar de o inquérito em causa ter sido realizado antes do anúncio de novas condições de ajuda específicas para enfrentar o actual confinamento.
Uma boa notícia reside no facto de 60% dos gestores e empresários auscultados afirmarem ter condições para manter o seu número actual de trabalhadores até ao final do ano, não deixando, contudo, de ser preocupante o facto de 17% considerarem a hipótese de serem obrigados a proceder a despedimentos e 24% terem optado pela opção “não sabe/não responde”.
No que respeita ao futuro das suas próprias empresas, as respostas são mais heterogéneas: se 55% partilham um sentimento que oscila entre o francamente optimista (cerca de 8%) e o moderadamente optimista (47%), 20% acusam um pessimismo moderado e perto de 3% confessam um derrotismo certo.
Moratórias, TAP e a (mais do que improvável) semana reduzida de trabalho
Na medida em que a situação pandémica atinge um grau de gravidade sem precedentes, e com custos económicos cada vez mais elevados tanto para as empresas como, e consequentemente, para as famílias, a necessidade (ou não) de alargar o prazo das moratórias, tendo em conta o médio prazo, foi igualmente contemplada entre as questões escolhidas para figurarem neste inquérito. E os resultados são expressivos: 77% dos respondentes defendem o alargamento forçoso do período para o pagamento dos empréstimos, com apenas 13% a acreditar que tal não será necessário. Onze por cento não sabe/não responde.
Inquiridos também sobre se a importância da manutenção da TAP justifica o investimento de milhares de milhões de euros pelo Estado, a maioria dos gestores e empresários – 75% – responde com um redondo “não”, com 16% a defenderem o contrário.
Por último, e tendo em conta a discussão a ocorrer em Espanha sobre a possibilidade de se reduzir, mantendo os salários intocáveis, a semana de trabalho para 32 horas, as respostas não deixam margens para dúvidas: 80% recusam esta probabilidade, com apenas 15% a escolherem o “sim” como resposta.
Publicado a 18 de Janeiro, este barómetro resulta de perguntas de “sentimentos económicos”, formuladas conjuntamente pelos parceiros da iniciativa enviadas aos gestores e empresários da ACEGE.