A inteligência artificial está a redesenhar o mundo do trabalho — e quem não acompanhar esta transformação corre o risco de ficar irrelevante. No painel dedicado à IA, quatro especialistas alertaram para a urgência de se repensar modelos de liderança, qualificação profissional e propósito organizacional. Porque a pergunta já não é se a IA vai mudar as empresas, mas sim como — e com que valores
POR HELENA OLIVEIRA

No painel “Os Desafios da IA à esperança e à humanização das empresas”, João Ribeiro da Costa, Bernardo Caldas, Pedro Santa Clara e Sofia Tenreiro debateram o impacto da inteligência artificial (IA) e os desafios que ela impõe às empresas e à sociedade.

JOÃO RIBEIRO DA COSTA: “O facto de pensarmos que estamos a caminhar no sentido de uma sociedade que proporciona mais bem-estar às pessoas e que permite novos caminhos, é o motivo da esperança”

De acordo com o Professor Auxiliar Sénior da Universidade Católica Portuguesa, a IA é hoje considerada como uma general purpose technology (GPT), ou seja, uma tecnologia com o potencial de transformar profundamente a sociedade, da mesma forma que a electricidade ou o vapor fizeram no passado.

Ao longo da história, as tecnologias disruptivas criaram novas profissões, eliminaram outras e mudaram radicalmente a organização do trabalho, impactando o tecido social de forma irreversível, mas caminhando no sentido de proporcionar uma vida melhor. No entanto, a “one million dollar question” mantém-se: qual será o impacto da IA na sociedade e nas empresas nos próximos anos?

Fazendo uma comparação com a adopção da electricidade, o orador sublinhou contudo que que a introdução da IA não será gradual, como foi no caso de outras tecnologias, mas provavelmente acontecerá em um ritmo muito mais rápido, algo que estamos já a testemunhar. A Rakuten, uma empresa japonesa que implementou IA para substituir o sistema de suporte ao cliente, mostrando uma redução significativa nos custos, é um, entre muitos, exemplo ilustrativo do impacto imediato de substituir tecnologias tradicionais por novas soluções mais eficientes. Contudo, o verdadeiro desafio será o de repensar as nossas organizações à luz da tecnologia, ou seja, como elas irão reorganizar-se e adaptar-se à nova realidade imposta pela IA.

João Ribeiro da Costa relembrou também que a História também nos oferece exemplos de resistência à mudança, como o movimento Ludista na Revolução Industrial, quando trabalhadores da indústria têxtil na Inglaterra destruíam máquinas porque acreditavam que elas estavam a roubar os seus empregos. No contexto actual, o orador comparou esta resistência à IA em sectores como o dos taxistas, que se opõem ao Uber, similarmente aos Luditas. A grande questão, mais uma vez, reside na forma como as pessoas e empresas irão reagir à velocidade das mudanças trazidas pela IA, e se isso resultará numa redistribuição do emprego, o que exigirá uma adaptação significativa tanto na sociedade quanto no mercado de trabalho.

O professor citou igualmente um estudo recente, que analisou dados entre 2017 e 2025, o qual concluiu que hoje já é possível medir um decréscimo palpável na actividade de certas profissões — como os argumentistas de séries e filmes — sendo esse declínio ainda mais acentuado na área do desenvolvimento de software. Estas conclusões levantam assim uma pergunta crucial: será que esta tendência se irá espalhar para toda a sociedade, afectando diversas outras áreas de trabalho? E, mais importante ainda, a IA será uma fonte de esperança ou um motivo de preocupação para o futuro do emprego? Voltando a apontar para o passado, o orador sublinhou que “em cada GPT, em cada tecnologia, tem sempre havido um benefício muito grande”, mas concorda que pelo caminho existe um desconforto muito grande, a par de desafios enormes, e que esse é o papel da esperança”.

Assim e apesar dos desafios, a IA oferece um grande benefício potencial. A substituição de trabalhos pesados e perigosos por robôs, por exemplo, mostra que, no final, a tecnologia pode melhorar a qualidade de vida e gerar novas oportunidades. No entanto, o desconforto gerado por essas mudanças e o desconcerto de muitas pessoas precisam de ser enfrentados com uma abordagem de esperança, acreditando que o futuro será melhor à medida que as novas tecnologias permitirem maior bem-estar e maior acesso a novas oportunidades. Assim, o papel da esperança é essencial neste processo de adaptação, pois permite-nos imaginar um futuro mais justo e próspero, ainda que os desafios sejam enormes.

O painel em causa ofereceu também uma reflexão importante sobre a necessidade de se repensar o modelo social e empresarial diante destas novas realidades tecnológicas. A inteligência artificial tem o potencial de ser uma grande aliada na construção de um futuro melhor, mas, para isso, é necessário encarar as transformações com uma mentalidade de adaptação e superação, aproveitando as oportunidades que surgem. A IA, ao ser vista como um caminho de evolução e melhoria, pode tornar-se uma ferramenta poderosa para impulsionar o progresso e o bem-estar colectivo, desde que seja integrada de forma responsável e consciente nas organizações e na sociedade em geral.

Leia também a entrevista realizada ao orador publicada pelo VER.

BERNARDO CALDAS: “O mundo será aquele que os humanos quiserem que seja. E esta tarefa, esta visão, esta decisão, este olhar sobre o mundo com opinião e com esperança é nosso”

Professor na Nova SBE e especialista em Inteligência Artificial, Bernardo Caldas colabora com uma empresa holandesa do sector financeiro, a qual tem um hub em Portugal. Com um percurso sólido em Portugal e no estrangeiro, trouxe para o debate uma visão prática e actual sobre os desafios e oportunidades da Inteligência Artificial, a par dos seus impactos, destacando os aspectos que fazem a IA ser semelhante, mas também radicalmente diferente da inteligência humana. A sua intervenção visou clarificar algumas das complexidades e mal-entendidos que envolvem a IA, especialmente em relação às suas capacidades e limitações.

O orador começa por destacar que, apesar de todos os debates em torno da IA, ainda há muita dificuldade em entender o que ela realmente é. Para isso, fez uma analogia entre a IA e o que conhecemos como inteligência humana, enfatizando que a IA não pensa como nós. Como afirma, a ideia de criar uma máquina que pensa é antiga e programar um computador é dar-lhe um conjunto de instruções claras: ele não pensa, apenas cumpre ordens. O desafio surge quando nos deparamos com tarefas que conseguimos realizar intuitivamente, mas que não conseguimos explicar ao detalhe. E se não as conseguimos explicar, também não as conseguimos perceber.

Um dos exemplos que utiliza para ilustrar essa diferença é uma analogia com o andar de bicicleta: sabemos como o fazer, mas não conseguimos explicar o processo exacto que nos permite equilibrar e pedalar. Da mesma forma, muitas actividades humanas são difíceis de explicar em termos de regras claras, como o diagnóstico médico. Embora os médicos saibam como diagnosticar, não conseguem sempre expressar com precisão todas as regras que seguem no processo.

“Nós temos muita tendência, enquanto humanos, para a antropomorfização, que é atribuir características humanas àquilo que não é humano, e achar que o computador está a pensar como nós pensamos. E isso não é de todo verdade”, sublinha.

A IA funciona de maneira diferente. Ela é treinada para imitar os resultados de nosso trabalho, não o processo que leva a esses resultados. Tal significa que a IA não tem consciência ou entendimento do que é verdade ou falso; ela apenas imita o que viu enquanto foi treinada, o que pode conter tanto informações correctas quanto incorrectas. Isso pode levar a falhas, como quando um sistema de IA erra num diagnóstico ou numa tarefa criativa. O investigador destaca que a IA não possui vontade própria ou a capacidade de inovação genuína. Ela é óptima para tarefas repetitivas ou para resolver problemas com base no que já foi feito antes, mas não é capaz de criar novas ideias ou de se envolver em processos criativos de forma independente.

A noção de “vontade” também é explorada quando o orador fala sobre o temor de algumas pessoas de que a IA possa um dia desenvolver consciência própria. Bernardo Caldas refuta essa ideia, destacando que a IA não possui nenhum objectivo além do que foi programado para fazer. Ela não tem intenções ou desejos, como um ser humano teria. Isso é importante porque, ao contrário de um ser humano, a IA não é capaz de tomar decisões fundamentadas numa visão do mundo ou numa reflexão ética. Ou seja, e como salienta, a IA pode ser útil para automatizar muitas tarefas e até mesmo para melhorar a produtividade, mas não substituirá a capacidade humana de fazer julgamentos éticos ou de criar soluções verdadeiramente inovadoras.

O professor da Nova SBE citou Ethan Mollick, autor do livro Co-Intelligence: Living and Working with AI, para ilustrar a forma como podemos imaginar o impacto da Inteligência Artificial: como um mundo dividido em dois — de um lado, as tarefas que as máquinas fazem bem; do outro, as tarefas para as quais os humanos ainda são insubstituíveis. Mas, como sublinhou, essa fronteira não é linear nem nítida: é irregular, cheia de ziguezagues e sobreposições. Há tarefas que parecem simples, mas umas caem claramente do lado das máquinas e outras continuam a exigir o toque humano

Em suma, o ponto central da sua intervenção é que a IA deve ser vista como uma ferramenta poderosa, mas que tem limitações claras. A capacidade de a IA resolver problemas de maneira eficaz depende de quanto o problema já foi explorado e resolvido antes. A inovação e a adaptação criativa continuam a ser áreas dominadas pela inteligência humana. O orador defende que, ao utilizar a IA, as empresas e os profissionais devem ter clareza sobre o que a IA pode ou não fazer, e sempre que possível, experimentar e testar soluções.

Por fim, conclui com uma reflexão sobre a “agência humana”, ou seja, a nossa capacidade de decidir o futuro e moldar o mundo conforme as nossas vontades e valores. Mesmo que a IA evolua, ela não possui essa capacidade de formar um desejo ou um propósito próprio. A tarefa de criar e transformar o mundo continuará sendo nossa, e isso é o que garante, segundo ele, que a esperança no futuro permaneça viva.

PEDRO SANTA CLARA: “A própria forma de trabalhar com a inteligência artificial é profundamente diferente da forma tradicional de se trabalhar nas empresas”

Pedro Santa Clara é professor catedrático na Nova SBE e director da 42 Lisboa, uma das melhores escolas de programação do mundo, com mais de 21.000 alunos em mais de 30 países. E a sua intervenção abordou um panorama muito interessante sobre como a inteligência artificial está a impactar tanto a educação quanto o mercado de trabalho, partilhando duas histórias, uma de uma jovem estudante e outra de um profissional mais velho, que mostram diferentes formas de adaptação e transformação.

A história da Sara, de 14 anos, proveniente de um bairro complicado e que nunca gostou de estudar, exemplifica como a inteligência artificial pode transformar o ensino, personalizando a aprendizagem e ajudando a superar barreiras emocionais e sociais. O seu tutor de IA, que oferece feedback constante e orientações personalizadas, não apenas ajuda na aprendizagem, mas também cria um ambiente de confiança onde Sara não precisa de esconder as suas limitações, algo que muitas vezes ocorre na interacção com educadores humanos. Isso reflecte o potencial da IA de criar um modelo de educação mais inclusivo e eficiente, especialmente para aqueles que, por diversas razões, não se sentem confortáveis em ambientes de aprendizagem tradicionais.

Para Pedro Santa Clara, “a inteligência artificial possibilita o desenvolvimento de experiências de aprendizagem muito mais poderosas, personalizadas, que permitem às pessoas aprender ao seu próprio ritmo, de acordo com os seus interesses, infinitamente paciente e sempre disponível, e que nos pode levar até à mestria de cada assunto antes de passar para o assunto seguinte a um custo muito inferior ao do modelo de educação tradicional”. Para o orador, “isto é verdadeiramente o sonho da pedagogia há 100 anos”.

Por outro lado, o exemplo do António, um designer gráfico de 59 anos, ilustra o impacto da IA em profissões criativas. Embora este seja “a pessoa menos tecnológica que conheço”, a introdução de ferramentas como o MidJourney [motor de inteligência artificial para gerar imagens] no seu ateliê transformou completamente a maneira como ele trabalha. Como refere, falar com o António sobre a sua experiência é revelador: segundo ele, a forma de trabalhar mudou radicalmente. “O que antes era um processo intuitivo e manual tornou-se explícito e verbal. Se no passado o desafio estava na produção das imagens, hoje está sobretudo na geração de ideias e na tomada de decisões sobre quais soluções escolher”. Ou seja, a IA não substituiu a sua criatividade, mas expandiu as suas capacidades, tornando o processo de design mais eficiente e colaborativo, além de ajudar a superar a barreira geracional com colegas mais jovens. Para além de ter aumentado a sua produtividade em 70% ou 80%.

A reflexão sobre o impacto económico da IA também é crucial. Pedro Santa Clara menciona a possibilidade de uma disrupção nas profissões do conhecimento, como advogados, médicos e designers gráficos, já que a IA pode substituir muitas das tarefas dessas profissões. Isso levanta questões sobre o futuro do trabalho e como lidar com a desigualdade gerada por essa transformação, com ênfase no reskilling, mas reconhecendo as limitações desta abordagem. Para o orador, “a história do reskilling parece-me, na verdade, apenas isso: uma história. Nunca vi acontecer em escala suficiente para resolver problemas reais. É claro que todos conhecemos exemplos inspiradores de pessoas que se reinventaram — temos casos notáveis na Escola 42, por exemplo — mas representam uma minoria ínfima. E mesmo quando falamos de reskilling, a pergunta permanece: para quê? A única resposta que costumo ouvir é “para cuidadores da terceira idade”. Mas já há demasiados cuidadores que não encontram colocação”, exemplificou.

Para o orador, a inteligência artificial tem um potencial transformador no modo como trabalhamos: promove uma lógica mais colaborativa e de partilha, afastando-se do tradicional modelo de comando e controlo. Há quem defenda que pode até contribuir para uma sociedade mais igualitária — alguns estudos indicam que os menos produtivos beneficiam mais com o uso da IA do que os altamente produtivos. No entanto, pelo menos no curto prazo, “não tenho dúvidas de que o fosso vai aumentar. Aqueles que já são produtivos e souberem tirar partido destas ferramentas vão distanciar-se ainda mais dos restantes. E é exactamente este o ponto em que nos encontramos”, declara.

Para o professor da Nova SBE, estes são temas profundíssimos para as empresas e para os gestores: como reinventar os seus negócios? Como enfrentar concorrentes nativos digitais, que já nascem com a inteligência artificial no seu ADN?

Estes exemplos ajudam a ilustrar a grande mudança que estamos a viver, com uma tecnologia que, embora ofereça enormes possibilidades, também cria desafios profundos. A transformação do mercado de trabalho, as mudanças nas dinâmicas de ensino e a adaptação das instituições são questões que precisam de ser urgentemente enfrentadas.

SOFIA TENREIRO: “Quanto mais digital o mundo se tornar, mais humano ele precisará ser”

A partner da Deloitte Portugal complementou as apresentações anteriores com um ângulo mais focado nas empresas, “porque estamos aqui numa plateia de gestores e empresários, e, no fundo, o que é que tudo isto significa para nós?”, questionou.

Como afirmou e “se pensarmos, muitos de nós já vivemos épocas em que usávamos o fax, o telex, ou até o bip. Andávamos com o bip atrás e corríamos para fazer o telefonema a quem nos enviava a mensagem. Parece que isso foi há séculos, mas, na realidade, não foi assim há tanto tempo. Alguns de nós ainda trabalhámos com aqueles computadores de mesa, desktops gigantes. Depois, veio a era dos telefones e a do e-commerce (…).

Como também declarou, a verdade é que continuamos a viver essas transformações, com temas como a segurança cibernética, e agora, mais recentemente, a gig economy e o conceito de trabalho remoto.

Todavia, sublinha: o que estamos a viver hoje é mais uma transformação, mas não é somente “mais uma”. “Não é apenas uma transformação tecnológica; é uma transformação muito mais profunda, rápida e antropológica. Aliás, o Vaticano publicou recentemente um documento chamado Antiqua et Nova que aborda estes temas da inteligência artificial e coloca questões sobre o papel do ser humano nesta revolução. O documento levanta questões sobre o que seremos, como vamos interagir e sobre a relação que começamos a estabelecer com as máquinas. Já vimos casos de pessoas, especialmente na Ásia, que se apaixonam pelos assistentes virtuais, como os chatbots, e isso obviamente que nos faz reflectir”, disse à audiência.

Contudo e “se até hoje, enquanto gestores e empresários, fomos capazes de tirar o máximo proveito das mudanças tecnológicas, mitigar riscos e aproveitar as oportunidades, agora enfrentamos uma nova variável: a inteligência artificial. (…) E ao contrário das transformações anteriores, estamos num ritmo frenético de inovações, e, mesmo que parássemos de inovar hoje, ainda teríamos muito trabalho pela frente para alcançar o que já está disponível”.

Assim, a questão é a seguinte: “como podemos, enquanto líderes, não só aproveitar essas inovações do ponto de vista do negócio, mas também colocá-las a serviço da humanidade? Como podemos, sem esquecer a perspectiva humana, colocar a tecnologia a favor das pessoas, numa abordagem mais centrada no ser humano? Por onde começar”, questionou.

O conselho pessoal que Sofia Tenreiro deu aos participantes no congresso foi: “Experimentem. Experimentem todos os dias. Perguntem aos assistentes digitais como o GPT sobre o que pode ser útil para o trabalho e o que não pode. Criem uma cultura de inovação dentro das empresas”, sendo que essa cultura começa por nós. “Afinal, as nossas equipas mimetizam o que fazemos, e quanto mais educados estivermos sobre esses temas, mais elas se envolverão com o processo”, sublinhou também.

Apesar de concordar que que é difícil mudar uma empresa com toda a sua estrutura, os seus sistemas e uma cultura cristalizados, “para o bem e para o mal”, não é possível mudar de um dia para o outro.  “Mas, ao começarmos a experimentar, perceberemos o valor que essas tecnologias podem trazer para diferentes áreas da empresa. E a magia acontece quando percebemos que, embora muitas empresas já usem essas tecnologias, nem sempre funcionam da mesma forma em todas. Cada uma tem suas especificidades, e isso, por vezes, é o que vai gerar um diferencial”, acrescentou ainda.

A oradora refere também que o impacto da inteligência artificial não se resume à eficiência. Como afirmou, “além de tornar processos mais rápidos e automatizados, a IA pode transformar a interacção com os clientes, o que é essencial”. A responsável da Deloitte recordou uma conversa que teve recentemente com uma equipa de developers, os quais estavam preocupados com a possibilidade de perder os seus empregos. Mas e como defende, a solução reside no reinventar do seu reinventar. É verdade que em menos de 5 minutos, é possível criar um site do zero, exactamente igual ao Goodreads, com login e tudo e é também verdade que o trabalho destes developers vai sofrer transformações mas, a seu ver, tal não significa que eles ficarão obsoletos. Pelo contrário, afiança, terão novas ferramentas para serem mais ágeis e inovadores.

O ponto aqui é que, com a chegada da IA, as empresas podem criar negócios paralelos mais facilmente. Qualquer empresa pode criar seu site, e-commerce ou serviço sem o legado e as dificuldades estruturais que estamos habituados a enfrentar. Claro que isso não se aplica a todas as indústrias, mas é objecto de reflexão sobre como podem as empresas diferenciarem-se e ajudar as suas equipas a se reinventarem, em vez de se criar um problema social em massa, alertou ainda. É assim necessário oferecer ferramentas para as equipas, “para que elas possam ter carreiras, seja dentro da nossa empresa ou fora dela, e também para nos ajudar a reinventar os modelos de negócios”.

Sofia Tenreiro acredita também que quanto mais digital o mundo se tornar, mais humano ele precisará ser. “A tecnologia é criada por seres humanos e continuará a ser feita para os seres humanos”, acredita.

E, a seu ver, não precisamos temer uma revolução apocalíptica, onde as máquinas dominam, mas sim, manter as rédeas dessa revolução, definir os rumos e maximizar o valor dessa transformação de forma humana e responsável. É também necessário coragem para entender o que nos trava, muitas vezes o medo, e ajudar as equipas a superá-lo. “Como gestores, o nosso papel é ser o agente de mudança e garantir que as nossas equipas não só se adaptem, mas que saibam como beneficiar da transformação, para que o valor que a mesma traz seja amplamente explorado”, referiu ainda

Em resumo, para Sofia Tenreiro, esta é, sem dúvida, a maior revolução das nossas vidas, a mais rápida e, ao mesmo tempo, a mais interessante, porque ela nos desafia a repensar o que somos, como seres humanos. “Portanto, deixo aqui uma mensagem de esperança: esta revolução, por mais desafiadora que seja, também pode nos trazer muitas oportunidades”, rematou.

Nota: Este painel está disponível na íntegra aqui. 

Foto: Inês Machado. © ACEGE 2025.

Editora Executiva

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