Vivemos num mundo definido por mudanças rápidas, positivas e negativas. Especialmente quando se trata de desenvolvimentos negativos como as alterações climáticas, a desigualdade social e as disparidades de riqueza, chegámos a um ponto em que são necessárias ações urgentes. Como jovens profissionais que iniciam as carreiras, estamos empenhados em encontrar soluções para estas questões e esperamos que as empresas façam o mesmo. Enquanto geração, esta é a nossa esperança
POR FRANZISKA RIEGER e JEREMIAS DE BIASI

Procuramos mudanças no mundo corporativo tal como ele é e esperamos que as empresas se tornem mais responsáveis em todos os sentidos. A forma como os negócios são conduzidos atualmente é, infelizmente, muitas vezes, pouco focada em resolver muitas dessas questões, também devido à falta de soluções aplicáveis e eficazes.

Sir Ronald Cohen, filantropo, capitalista de risco e inovador social, vê a solução para muitos dos problemas de hoje no conceito de impacto e na revolução do impacto. Re-imaginar o capitalismo e criar uma forma mais sustentável e inclusiva de o fazer é um dos seus principais objetivos. Juntamente com a Harvard Business School, o filantropo iniciou o chamado projeto de contas ponderadas pelo impacto, que visa criar contas financeiras que reflitam não só o desempenho financeiro de uma empresa, mas também o seu desempenho ambiental e social. O Impact Accounting traz benefícios tremendos, que poderiam mudar a forma como avaliamos as empresas, o seu impacto e a forma como conduzem os seus negócios.

Para preparar essas contas financeiras ponderadas em função do impacto, é necessário definir, medir e monetizar o impacto de uma empresa. Atribuir um valor monetário ao impacto não só facilita a sua comparação, como também o torna mais compreensível para os gestores, partes interessadas e investidores, ao mesmo tempo que ajuda a justificar as decisões de longo prazo com ele relacionadas. Além disso, a inclusão do impacto monetizado nas contas financeiras das empresas permite ter toda a informação que precisamos de começar a analisar, num único local, quando avaliamos as empresas. Tal aumenta a transparência em relação ao seu impacto e incentivá-las-á a reduzir potencialmente o seu impacto negativo e a aumentar o seu impacto positivo, que é exatamente o que nós, jovens profissionais conscientes, esperamos que façam.

No entanto, vários desafios persistem relativamente ao impact accouting. Primeiro e talvez mais importante, é o desafio geral da medição de impacto que, por agora, só pode ser estimado com base em apreciações e modelos. Isso pode levar a incertezas na medição, o que tornaria as contas financeiras ponderadas pelo impacto menos precisas e, consequentemente, menos eficazes. Além disso, ainda existe uma falta de padrões de implementação e, portanto, muitas perguntas permanecem sem resposta: Em que parte do balanço financeiro será incorporado o impacto monetizado? Quais indicadores de impacto serão medidos? Quais são as regras e regulamentos para a medição? Como poderá ser implementado um sistema de auditoria suficiente?

Apesar de todas estas respostas ainda não clarificadas, acreditamos que o Impact Accounting faz parte da solução para os problemas de hoje. Claro que as contas financeiras ponderadas pelo impacto não são uma solução autónoma, e apenas preparar essas contas não mudará o mundo. No entanto, ao focar-se no impacto geral de uma empresa, e não apenas no seu desempenho financeiro, o Impact Accounting incentiva o mundo corporativo a caminhar em direção a um futuro mais responsável, inclusivo e sustentável.

Se todas as empresas começarem a medir e relatar o seu impacto e, subsequentemente, a agirem de acordo com isso, a sua atenção acabará por deixar de se centrar apenas em fazer o bem para si próprias e para os seus accionistas e passará a ter como foco fazer o bem para todas as partes interessadas relevantes e para a sociedade. Isto é o que vemos como dois dos elementos centrais de um negócio responsável, o qual acreditamos ser um passo necessário – e se quisermos mudar o estado atual do mundo corporativo – para cada empresa a longo prazo.

As empresas têm os recursos e o poder para liderar a mudança de que todos nós precisamos desesperadamente. Estamos optimistas quanto ao facto de a contabilidade de impacto constituir uma ferramenta fundamental para as responsabilizar e garantir uma transparência mais comparável sobre o seu impacto, o que as levará a agir de forma mais responsável em todos os sentidos. E esta é a esperança da nossa geração.

© Center for ResponsiBle Business and Leadership da CATÓLICA-LISBON

Franziska Rieger

Estudantes na CATÓLICA-LISBON

Jeremias de Biasi

Estudantes na CATÓLICA-LISBON