A Link+ é uma plataforma que está activa desde o início do ano e pretende reduzir os custos de financiamento das organizações sem fins lucrativos. A mentora do projecto, Luísa Villar, explica que “o conceito assenta na negociação, em volume, com fornecedores, visando a obtenção de melhores condições para as organizações aderentes” Com o objectivo de reforçar a sua missão de promover a ligação entre empresas e organizações sem fins lucrativos, a Associação Link criou a plataforma Link+. A ideia é reduzir os custos para as organizações de Economia Social, através da negociação com os fornecedores, sem que se perca a qualidade de bens e serviços prestados. O projecto é gerido pela Associação Link, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Montepio, em parceria com a CASES. A redução de custos de determinadas categorias pré-definidas (que representam um grande volume de gastos para as organizações), “através da negociação, em volume, com os fornecedores”, sem perda de qualidade dos bens e serviços prestados, como esclarece Luísa Villar, presidente da Associação Link e mentora do projecto, é a base da plataforma. Combustíveis, energia e telecomunicações são as categorias disponíveis actualmente. No futuro, e conforme as exigências do mercado, poderão ser criadas outras categorias, ou restringidas as existentes. A negociação é feita por categoria e terá por base um conjunto de consumos que são solicitados às organizações aderentes. As negociações junto aos fornecedores terão início quando as categorias tiverem, no mínimo, dez organizações aderentes. Deste modo, todas as organizações do Terceiro Sector podem reduzir grande parte dos seus custos de funcionamento, e o montante que antes era usado nos consumos pode ser direccionado para o fim social de cada empresa, que será, de uma forma ou outra, ajudar quem mais precisa. A plataforma Link+ promove, ainda, a redução de custos através da optimização dos recursos energéticos.
Para beneficiar, basta aderir Os dados disponibilizados serão, posteriormente, analisados por uma equipa de profissionais qualificados que irão aprovar (ou não) a adesão daquela organização, informando-a sobre os documentos adicionais que terá de apresentar. A Link+ reserva-se o direito de excluir as organizações que não preencham devidamente os campos obrigatórios, que não entreguem os documentos solicitados ou que não aceitem as condições de adesão à plataforma. Aprovada a adesão, procede-se à celebração de um acordo entre a Link+ e a organização. O acordo dará à Link+ plenos poderes de negociação, em nome das organizações, com os fornecedores das categorias a que aderiram.
As etapas seguintes baseiam-se na negociação com fornecedores, onde serão procuradas vantagens para ambas as partes. A negociação é feita pela Link+, sempre com vista à redução de custos. A plataforma não negoceia com base na filantropia: o objectivo não é pedir uma “esmola” mas sim mostrar aos fornecedores os potenciais das organizações em questão e as verdadeiras vantagens, para os próprios, desta parceria. Estas vantagens traduzem-se, para as empresas, em retorno financeiro. A equipa da Link+ fará, por fim, o acompanhamento da implementação das condições negociadas, devendo a organização beneficiária enviar relatórios trimestrais relativos aos gastos com as categorias a que aderiu. São aceites candidaturas de organizações sem fins lucrativos, legalmente constituídas e registadas e, numa primeira fase, com sede na região da Grande Lisboa e Vale do Tejo. São ainda aceites candidaturas de Organizações do Terceiro Sector (OTS) nomeadamente misericórdias, museus, organizações não-governamentais, associações, cooperativas ou fundações. A estas organizações, é solicitado que tenham condições de livremente negociar com fornecedores, sendo fundamental que não tenham contratos de fidelização nem pagamentos em atraso com empresas das categorias a que aderem. Têm, igualmente, que ter disponibilidade para fornecer os dados e documentos (como facturas de consumo) solicitados pelos profissionais que as irão acompanhar, ao longo do processo. As organizações beneficiarão equitativamente das reduções de custos conseguidas pela negociação entre a Link+ e os fornecedores. Os valores das reduções serão descontados directamente nas facturas. A plataforma Link+ é o mais recente projecto da Associação Link e está a ser implementado desde o início do ano. Encontra-se ainda em fase de divulgação, “pelo que se torna precoce falar em números”, salienta Luísa Villar.
Outras “ligações” Luísa Villar aposta no conhecimento e experiência da sua equipa nas áreas do marketing e das relações públicas, garantindo que ambas as partes atingem os objectivos acordados. A mentora do projecto reforça que trabalha sempre do “lado do marketing e não do da filantropia”, e que a sua equipa procura sempre, nos mais diversos projectos – que podem ser da própria associação ou de outras organizações – a possibilidade de os transformar em projectos de comunicação para uma marca. O grande objectivo é encontrar o valor de mercado que os mesmos possam ter, oferecendo (ou propondo) às marcas uma possibilidade de negócio, realçando os lucros e os benefícios para as próprias. Um exemplo de sucesso é o projecto Arredonda, actualmente reconhecido como uma marca que, desde 2009, já angariou mais de 4 mil euros. Este projecto permitiu atrair clientes para os estabelecimentos comerciais aderentes, aumentando o volume de vendas e, consequentemente, os lucros. Permitiu igualmente, e acima de tudo, “apoiar 6 projectos promovidos, respectivamente, pela Humanitas, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Ajuda de Berço, a Cáritas Portuguesa, o Hospital D. Estefânia, e a Associação No Meio do Nada, este último relativo à construção da primeira unidade de cuidados continuados e paliativos pediátricos de Portugal”, esclarece a presidente da Link. O projecto beneficiou várias empresas e instituições de solidariedade social. O Arredonda está quatro vezes por ano em diversos estabelecimentos comerciais e permite que os clientes arredondem o valor das suas compras, revertendo esse montante a favor de causas sociais. Em 2013, o Lidl associou-se a este projecto. O resultado foi “um acréscimo de 17% em valor e 45% em número de clientes, comparativamente à edição do ano anterior”, revela uma nota de imprensa da cadeia de supermercados de origem alemã. Outro projecto que merece o destaque da Associação Link denomina-se “Isto não é um conto”. Trata-se de um livro que inclui seis histórias baseadas em casos reais de violência doméstica, escritas por Afonso Cruz, Alice Vieira, António Figueira, Karla Suárez, Maria Teresa Horta e Patrícia Reis, onde se dá a conhecer uma realidade silenciosa que acontece no lugar onde era suposto haver mais segurança: as nossas casas. As receitas das vendas do livro destinam-se a apoiar mulheres que sobreviveram a violência doméstica. Este apoio é feito “através de um fundo para o fortalecimento das respostas e dos serviços adequados que promovam a sua segurança e autonomia”, devolvendo a estas mulheres o direito à liberdade, à segurança e à dignidade. Outro projecto que tem tido visibilidade e que tem sido bastante divulgado é a “Knit You”, uma marca de vestuário e acessórios. A iniciativa surgiu no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento activo e tem a colaboração do estilista Nuno Gama. Os artigos são concebidos pela Associação Link e executados por voluntárias e utentes de instituições de solidariedade social, nomeadamente pelos seus principais beneficiários, que são idosos e doentes de Alzheimer. Gerar receitas para as associações envolvidas e promover a ocupação dos voluntários são os dois grandes objectivos deste projecto. As peças podem ser adquiridas através da página de Facebook da marca e as receitas revertem a favor da Associação Alzheimer Portugal e da Cruz Vermelha Portuguesa. Luísa Villar reforça, ainda, que a Link está disponível para desenvolver outros projectos que surjam com organizações sem fins lucrativos, de acordo com as necessidades e expectativas reveladas pelas mesmas. |
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Jornalista