A confiança dos empresários da ACEGE sobre o futuro do país voltou a aumentar face ao último barómetro e 48% acreditam que a economia em 2025 vai crescer 2,1% como previsto no OE
POR MÓNICA SILVARES

Com o fantasma do chumbo do Orçamento posto de parte, a descida das taxas de juro por parte do Banco Central e a garantia de que o vai continuar a fazer tendo em conta que quase já se “partiu o pescoço da inflação”, os empresários revelam que tencionam aumentar o investimento na empresa nos próximos 12 meses, de acordo com o Barómetro ACEGE de outubro.

A larga maioria dos empresários portugueses concorda com a descida de um ponto percentual da taxa de IRC, uma medida que o Executivo espera que não venha a ser desvirtuada nas negociações do Orçamento do Estado na especialidade. À questão “concorda com a proposta de alteração ao IRC para 2025, que desce a taxa geral em um ponto percentual?”, 78,53% dos empresários responderam que sim, contra 17,79% que não concordam.

A opinião dos empresários foi expressa entre os dias 22 e 24 de outubro, já após a apresentação da proposta do Orçamento do Estado para 2025 e da garantia de viabilização do mesmo por parte do Partido Socialista.

Quando questionados se acreditam que a economia em 2025 vai crescer 2,1% como previsto no OE, já que as maiores economias do euro estão a abrandar, as respostas dividem-se mais: 48% acredita nas previsões do Executivo, mas 39% não.

O Fundo Monetário Internacional, divulgado segunda-feira, no World Economic Outlookreviu em baixa o crescimento da Zona Euro para 0,8% este ano e 1,2% em 2025, menos uma décima e menos três décimas, respetivamente, face ao relatório de julho. A Alemanha, o principal motor da zona euro estagnar este ano, após uma contração de 0,3% em 2023 e deverá crescer 0,8% em 2025 (menos duas décimas e cinco décimas, respetivamente, face a julho). França deverá estabilizar numa progressão de 1,1% nos dois anos. E Espanha, o principal parceiro económico de Portugal, deverá registar uma progressão do PIB de 2,9% este ano (mais cinco décimas), desacelerando para 2,1% em 2025.

A influência externa sobre a economia nacional poderia vir também do resultado eleitoral nos EUA. Cerca de 84% dos inquiridos respondeu positivamente contra 14% que considera que não terá efeitos.

Com o corte de 0,25 pontos percentuais nas taxas de juro do Banco Central Europeu e a revisão em baixa das perspetivas de inflação, a maioria dos empresários revela que tenciona aumentar o investimento na empresa nos próximos 12 meses (57,06%) e apenas 22% responde negativamente à questão. Quase empatando com os que não sabem ou não respondem (20,86%).

Os empresários são claramente a favor da União Europeia aumentar a emissão de dívida pública comum para financiar a competitividade europeia (66,26%), contra 20,86% que rejeita a ideia.

O painel de empresários foi ainda questionado se concorda como a ideia de o Banco Português de Fomento ser integrado na Caixa Geral de Depósitos. Por uma margem curta, é o Não que vence. O barómetro revela que 37,42% discordam da integração e 33,13% concorda. Esta foi uma hipótese ponderada pelo Executivo antes de ter decidido pela continuação da instituição, ainda que com uma mudança do board.

Empresários mais otimistas sobre futuro do país

A confiança dos empresários sobre o futuro do país voltou a aumentar face ao último barómetro, com 63,19% a afirmarem-se otimistas, contra 62,63% em julho e 57% em junho. Em detalhe, 4,91% está francamente otimista (eram 7% no anterior barómetro) e 58,28% moderadamente otimista (vs 55,56%). Já 12,88% não está nem pessimista, nem otimista. Por outro lado, 17,79% indica estar moderadamente pessimista (vs 15,15%) e 6,13% estão francamente pessimistas.

O nível de confiança em relação ao futuro das respetivas empresas continua nos níveis registados no ano passado. Sete em cada dez empresários estão na globalidade otimistas — com 10,43% francamente otimista e 60,12% moderadamente otimista, uma evolução positiva face aos dados do barómetro anterior. Já 20,25% estão moderadamente pessimistas e 6,75% francamente pessimista, um aumento também face aos dados de julho. Os empresários parecem mais definidos nas suas posições já que apenas 2,45% não estão nem pessimistas, nem otimistas.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o jornal ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto 48h, nos dias 22 a 24 de outubro, tendo respondido 163 pessoas.

Editora Executiva do jornal ECO