No final do ano passado, decidi suspender a minha atividade profissional durante um ano para frequentar um MBA em regime de full-time. Desde que iniciei este percurso, muitos amigos, colegas ou até mesmo desconhecidos têm-me abordado para saber a minha opinião e principais aprendizagens em relação ao MBA
POR JOANA NAMORADO ROSA
A minha formação é engenharia biomédica; iniciei a minha atividade profissional em consultoria estratégica, seguindo-se uma experiência em transformação digital numa instituição financeira. Assim que percebi que não iria trabalhar como engenheira, senti que fazia sentido apostar num MBA para complementar a minha formação, uma vez que um MBA oferece a possibilidade de adquirir e consolidar know-how relevante para alavancar e diferenciar o meu desempenho profissional e contribuição pessoal.
Contudo, na atualidade, os benefícios e a notoriedade associados a um MBA não são consensuais. Existem muitos casos de pessoas que abandonaram os estudos universitários, incluindo o MBA, e que se tornaram empresários e gestores indiscutivelmente bem-sucedidos. Para além da noção de antiguidade por vezes associada ao MBA, atualmente, estão acessíveis, a qualquer pessoa, múltiplas oportunidades de aprendizagem em plataformas online open-source totalmente gratuitas (como a Coursera e Udemy), sendo possível adquirir formações em áreas de interesse ou obter certificados com um custo e esforço comparativamente muito inferiores aos de um MBA.
Apesar da comunicação eficaz e sintética e do pensamento crítico, estratégico e analítico continuarem a ser altamente valorizados no contexto empresarial, os modelos de inteligência artificial, como o chatGPT, desafiam cada vez mais as instituições a repensarem os seus planos curriculares e métodos de ensino.
Por estas razões, é fundamental gerir as expectativas de forma adequada e estar ciente de que, não sendo uma escolha óbvia, o primeiro passo é decidir de forma consciente e deliberada que se pretende realizar um MBA.
Após tomar a decisão, é crítico analisar determinados fatores relevantes. Entre eles, destaca-se a identificação do momento adequado na carreira profissional para realizar o MBA, a avaliação de diferentes formas e opções de financiamento, a investigação das diversas universidades e tipos de ofertas disponíveis, bem como as diferentes fases e etapas do processo de candidatura. Além disso, também é importante conversar com antigos e atuais alunos para compreender a sua experiência e progresso de carreira após a conclusão do MBA em diferentes horizontes temporais. O The Lisbon MBA Católica|Nova em colaboração com o MIT Sloan School of Management acabou por ser, para mim, uma boa opção. Para além da reputação e ranking do programa, o facto de ser em Portugal permitia-me ficar perto da minha família.
Por fim e, ainda numa fase inicial, devem-se alinhar motivações e resultados pretendidos, que são, no fundo, muito intrínsecos e particulares de cada um. Cada pessoa deve refletir sobre as suas verdadeiras motivações e de que forma o MBA é um veículo que apoia a concretização dos seus objetivos, sejam eles pessoais, profissionais ou ambos. Tendo estas motivações bem definidas, torna-se mais fácil otimizar a obtenção dos resultados. Embora o que se obtém do MBA muitas vezes difira significativamente das perspetivas ou motivações iniciais, esta reflexão garante um maior foco e orientação durante o programa, que passa verdadeiramente num ápice.
Ao longo do MBA, várias são as aprendizagens e os ensinamentos. Em primeiro lugar, o MBA atua como um acelerador e diferenciador de carreira, permitindo adquirir novos conhecimentos e atualizar conhecimentos académicos. As empresas e casos estudados e analisados em sala de aula são reais de diversos setores e tipos de atividade. São analisadas tanto empresas atuais como organizações mais antigas, histórias de sucesso e paradigmas de fracasso. A riqueza destes casos de estudo, juntamente com a abrangência multicultural e a diversidade de origens, tornam as discussões intensas, criativas e enriquecedoras. Além de se aprenderem novos hábitos e métodos de trabalho, cada caso de estudo acrescenta perspetivas únicas que podem ser aplicadas posteriormente no contexto profissional de cada pessoa.
Embora o MBA seja bastante intenso, este período oferece uma oportunidade única para refletir, de forma mais distanciada e serena, sobre determinados aspectos da carreira profissional. No caso do The Lisbon MBA, é proporcionada uma jornada de desenvolvimento pessoal ao longo do ano, focada nas principais competências de liderança. Esta jornada permite, no final do ano, compreender o próprio estilo de liderança e o tipo de gestor que se pretende ser no futuro. O processo de liderança começa com o autoconhecimento e a capacidade de nos superarmos a nós próprios antes de liderar as equipas em que estamos envolvidos.
O MBA tem como objetivo criar e preparar os líderes de amanhã, que serão agentes de transformação positiva com propósito e impacto nas organizações. A este respeito, não posso deixar de mencionar e partilhar a experiência em que pernoitámos na Escola de Fuzileiros e fomos submetidos a uma série de provas. Cada desafio foi resolvido usando os quatro princípios orientadores do Corpo de Fuzileiros Navais: esclarecer o contexto da situação, definir a estratégia, executar a tarefa, e, por fim, avaliar os resultados. Esta experiência permitiu-nos, entre outras aprendizagens, entender como orientamos e lideramos equipas em situações extremas e adversas.
Por fim, também a vasta e rica rede de contactos estabelecida torna-se uma vantagem não apenas no curto, mas também no médio e longo prazo. Esta rede inclui desde colegas motivados de sala de aula que se tornam amigos, até aos professores e às estruturas de desenvolvimento de carreira, oradores convidados, comunidade de alumni, entre outros. O próprio programa de imersão no MIT durante um mês em Boston, nos Estados Unidos, é um exemplo da oportunidade de aprender com professores de excelência que, não por acaso, foram distinguidos ou se encontram nomeados para prémios Nobel. O MIT conta atualmente com 98 laureados, como resultado da sua forte cultura de inovação, colaboração e empreendedorismo. Sem dúvida, foi um enorme privilégio vivenciar o MIT em primeira mão e explorar o ambiente empreendedor que se vive nesta universidade, incluindo a possibilidade de testar ideias de negócios com gurus como Bill Aulet ou Paul Cheek.
E, assim sendo, concluído o MBA, o regresso ao mundo empresarial vem acompanhado de uma bagagem repleta de novas aprendizagens e experiências que permitem abrir novas oportunidades e acrescentar um valor distinto às organizações. O MBA permitiu-me, sem dúvida, ter maior clareza de visão para o meu futuro e uma melhor percepção em relação aos meus próximos passos.
Apenas se compreende o verdadeiro valor de algo quando se arrisca e se dá uma oportunidade e eu não poderia estar mais satisfeita por ter avançado para o desconhecido e ter decidido realizar o The Lisbon MBA; como diria Saint-Exupéry, «Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez a tua rosa tão importante».
Joana Namorado Rosa
Formada em Engenharia Biomédica pelo IST e com um MBA pelo The Lisbon MBA, iniciou a sua carreira profissional em consultoria estratégica tendo depois transitado para a transformação digital de uma instituição financeira. Fez parte da criação do Núcleo de Estudante Católicos do Técnico (NECT) e esteve durante muitos anos ligada à organização não-governamental CISV que visa promover programas internacionais que inspiram crianças a tornarem-se líderes ativos na sociedade. Faz parte da ACEGE NEXT desde o final de 2022.Não dispensa do tempo de qualidade em família, nem do tempo para realizar o seu desporto e as suas leituras
Excelente visão, gostei muito.
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