No estudo – ‘Como pagam as empresas’ – traçámos a evolução dos comportamentos de pagamento do tecido empresarial em diferentes países, particularmente na Europa, incluindo Portugal. E de acordo com a nossa análise, o comportamento de pagamento das empresas em Portugal deteriorou-se na última década. Dito de forma sumária, apenas 17,4% das empresas portuguesas cumprem os prazos de pagamento e entre os 19 países europeus incluídos na nossa análise, Portugal é aquele onde menos empresas pagam nos prazos acordados.
Face a estes dados, penso que já não é suficiente procurar apenas as causas para este comportamento, sejam elas de natureza cultural ou de escassez de recursos financeiros. A verdade é que esta atitude tem necessariamente de mudar se queremos mudar também os horizontes geográficos das nossas empresas, uma prioridade que me parece indiscutível. Fazer negócios com outros países exige competência e inovação na oferta de produtos ou serviços, mas exige também atitudes compatíveis com as práticas em uso nessas geografias, como o cumprimento de prazos de pagamentos, condição sem a qual será difícil às empresas portuguesas gerar confiança entre os seus parceiros de negócios.
O estudo da Informa D&B é baseado no Índice de Pagamentos ou Paydex®, indicador estatístico que agrega a performance histórica do cumprimento dos pagamentos aos fornecedores face aos prazos acordados. Este índice tem como ponto de partida o programa Dun-Trade®, uma plataforma de informação sobre experiências reais de pagamento que conta com a participação de milhares de empresas em todo o mundo, incluindo Portugal. As experiencias de pagamento são regularmente atualizadas pelos próprios participantes. É, portanto, uma plataforma de informação à qual as empresas aderem voluntariamente, gerando uma comunidade que partilha as suas experiências de pagamento e que produz conhecimento para todas as outras empresas, num gesto que mostra simultaneamente um compromisso da sua parte e uma responsabilidade face a todo o tecido empresarial.
Na medida em que tem consequências alargadas nas outras empresas e no tecido económico, a atitude das empresas em relação aos pagamentos deveria ter um lugar prioritário no elenco de medidas que escolhem para desenvolver a sua responsabilidade social e corporativa.
E estou segura de que os instrumentos que desenvolvemos e as análises que produzimos para medir estes comportamentos, oferecem às empresas quer uma fonte de conhecimento, quer um local de compromisso – ou seja, uma plataforma para a construção da confiança que empresários e gestores procuram para as suas decisões e para o rumo das suas empresas.
Diretora geral da Informa D&B