Numa altura em que se prepara para arrancar com a edição para 2013 dos seus programas de formação em Empreendedorismo Social (em parceria com o INSEAD), o IES afirma-se como “um ecossistema fértil, não só para o lançamento como para a maximização do impacto social dos agentes de mudança”. Em entrevista, Rita Megre, coordenadora das áreas de Formação e Acompanhamento do IES, defende que o sector do ES, em “crescimento consolidado”, tem grande impacto na geração de emprego e na promoção do crescimento económico No difícil contexto socioeconómico do País, em que medida são negócios sociais em áreas como voluntariado, educação, inclusão social, reabilitação urbana, obesidade infantil, envelhecimento activo, turismo comunitário ou desenvolvimento local vez mais imprescindíveis para gerar emprego e crescimento económico? Para o IES – Centro de Formação e Investigação em Empreendedorismo Social, em todas: o sector do empreendedorismo, assente numa lógica de “procura constante da eficiência, está a crescer, a consolidar-se e a tornar-se cada vez mais apelativo para pessoas que querem desenvolver as suas ideias. Cada vez mais profissional, capaz de captar e de reter talento, tem grande impacto na geração de emprego, na promoção do crescimento económico, no resgate de justiças sociais e na defesa do meio ambiente”, sublinha a coordenadora das áreas de Formação e Acompanhamento do IES. Em entrevista ao VER, Rita Megre explica que no IES “acreditamos que o trabalho em rede, o estabelecimento de parcerias inter e intra-sectoriais win-win, e a medição do valor gerado e do impacto criado (que permite revisitar a solução e respectiva proposta de valor), são premissas fulcrais para a inovação e sustentabilidade”. Trata-se de uma forma de empreender que “garante resultados e esses resultados estão cada vez mais na base da captação de investimento social”, conclui. A propósito do calendário para este ano dos Programas de Formação IES powered by INSEAD, Rita Megre explica que é numa relação estreita com investidores, associados, parceiros e fornecedores, bem como através da aposta “na capitalização do enorme potencial humano e social da rede IES”, que este Centro de Formação e Investigação espera que 2013 “seja um ano de consolidação” destes programas “como referência no desenvolvimento de um sector cada vez mais eficaz, eficiente e verdadeiramente efectivo”. Sublinhando que o IES trabalha com o “grande objectivo da eficiência” (consciente de que “não basta atacar os sintomas, têm que se atacar as suas causas”), Rita Megre adianta ainda que, no âmbito do seu processo de internacionalização, 2013 será também, e “definitivamente” o ano “de consolidação da estratégia para chegarmos a Moçambique, a Angola e ao Brasil”. O Bootcamp que realizam em Abril marca o arranque dos Programas IES powered by INSEAD 2013. Que expectativas têm para a edição deste ano destes programas de formação que aliam ‘conteúdos de excelência’ com ‘inspiração’ e ‘impacto em rede’, através de uma metodologia que equilibra o ensino académico com a análise de casos práticos? Para 2013 mantemos a mesma ambição de crescer, consolidando o posicionamento internacional e superando as expectativas a nível da qualidade das nossas diferentes actividades. Este ano, aumentámos o número de Bootcamps públicos para três, com o objectivo de responder à procura crescente. E as expectativas são sempre elevadas. Um dos grandes factores de sucesso é a qualidade da turma, o perfil dos participantes que se revela, de edição para edição, com uma qualidade e motivação cada vez maior. Este crescimento apenas é possível com a consolidação da equipa e com a confiança dos nossos investidores, associados, parceiros e fornecedores. É nesta relação estreita, na aposta na capitalização do enorme potencial humano e social da rede IES, que esperamos que 2013 seja um ano de consolidação dos programas IES powered by INSEAD como referência no desenvolvimento de um sector cada vez mais eficaz, eficiente e verdadeiramente efectivo. Que balanço faz do formato e resultados dos sete Bootcamps e dos dois ISEP Portugal que realizaram desde 2011, e cuja formação se dirige, respectivamente, a quem quer lançar, ou está em fase de lançamento de um novo projecto de ES; e a líderes e gestores do sector social, decisores públicos, investidores e gestores na área de RS? Desde o seu lançamento em Março de 2011, os Programas de formação em Empreendedorismo Social IES powered by INSEAD – Bootcamp em Empreendedorismo Social e ISEP – já chegaram a 275 actuais e futuros empreendedores sociais, graças à parceria entre o IES, o INSEAD e os mecenas dos programas em Portugal: a Fundação EDP e a Câmara Municipal de Cascais.
Os sete Bootcamps já realizados em Portugal têm uma média de avaliação de excelência (4,7 num máximo de 5), foram desenhadas 64 soluções e 100% dos participantes considera estar equipado com as competências, ferramentas, motivação, rede e parcerias necessárias para desenhar e implementar o seu projecto de forma eficaz. Quanto ao ISEP, formação executiva de cinco dias que equilibra conhecimento académico e análise de casos práticos sobre temas como inovação de modelos de negócio, gestão de organizações híbridas, liderança, equipas de alto desempenho, expansão, investimento e medição de impacto, foram já efetuadas duas edições, num total de 67 Participantes dos três sectores (privado, público e social), com uma avaliação geral também de 4,7 em 5. Estes resultados mantém as nossas expetativas elevadas, assim como a responsabilidade de continuar a fazer destas formações momentos únicos de aprendizagem e partilha, com enorme relevância prática para o dia-a-dia dos nossos alunos. E, hoje, dois anos passados, temos uma rede de alumni que continua a interagir, a encontrar suporte, apoio e motivação uns nos outros e no IES, um ecosistema fértil não só para o lançamento como para o crescimento e maximização do impacto social destes agentes de mudança, com quem temos o privilégio e prazer de trabalhar. O IES acompanha a implementação dos novos projectos e talentos que nascem da formação nos Bootcamps, tendo já avaliado e acompanhado 124 empreendedores e 36 projectos sociais, em áreas tão diversas como voluntariado, educação, inclusão social, reabilitação urbana, obesidade infantil, envelhecimento activo, turismo comunitário ou desenvolvimento local. No difícil contexto socioeconómico do País, em que medida são estes negócios sociais cada vez mais imprescindíveis para gerar emprego e crescimento económico? Em paralelo, os investidores sociais estão cada vez mais exigentes na aplicação dos seus fundos, procuram cada vez mais soluções inovadoras, sustentáveis e que geram impactos duradouros, com spillovers a vários níveis. Apesar de vivermos uma situação difícil em Portugal, o sector do Empreendedorismo Social, assente nesta lógica de uma procura constante da eficiência, está a crescer, a consolidar-se e a tornar-se cada vez mais apelativo para pessoas que querem desenvolver as suas ideias e tornarem-se empreendedores. Está assim cada vez mais profissional, capaz de captar e de reter talento. Sabemos que tem grande impacto na geração de emprego, na promoção do crescimento económico, no resgate de justiças sociais, na defesa do meio ambiente. O Global Entrepreneurship Monitor indica que 238 mil pessoas lançam negócios sociais no Reino Unido todos os anos e que, inclusivamente, as novas gerações revelam uma crescente consciência social e ambiental. Precisamos de comprovar este movimento em Portugal com dados estatísticos de performance e indicadores socio-económicos de forma generalizada, e é por isso que um dos grandes projectos que o IES está a desenvolver (em parceria com o IPAV, com o co-financiamento do COMPETE, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação EDP e o apoio do IAPMEI), é o Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social (MIES), que nos permitirá enquadrar, contextualizar e caracterizar a área do Empreendedorismo Social como um sector de crescente valor económico e social para Portugal.
De que modo é garantida a inovação, o impacto e a sustentabilidade destes projectos, depois de implementados, contribuindo efectivamente para “resolver de raiz um problema social/ambiental”, como é desígnio do IES? Aliando este conhecimento e consciência profunda das causas dos problemas sociais com uma monitorização constante dos resultados alcançados, assentes numa proposta de valor inovadora, que capacita e gera autonomia no público-alvo ou clientes, os empreendedores sociais garantem a sustentabilidade das suas soluções. Se produzem resultados a nível de comportamentos, hábitos e atitudes, falamos de transformação social duradoura. E ao falarmos de transformação social duradoura, falamos de impacto social em larga escala. Para isso, acreditamos que o trabalho em rede, o estabelecimento de parcerias inter e intra-sectoriais win-win, a medição do valor gerado e impacto criado que permite revisitar a solução e respectiva proposta de valor, num contacto privilegiado e próximo com os clientes, são premissas fulcrais para a inovação e sustentabilidade. Esta forma de empreender garante resultados e esses resultados estão cada vez mais na base da captação de investimento social. Para além dos Bootcamps e da Formação ISEP, realizam ainda cursos para estudantes universitários e programas específicos desenvolvidos com empresas ou organizações parceiras. Como funcionam e que objectivos têm estas formações? Faz parte da nossa filosofia trabalhar estrategicamente com os nossos parceiros e associados, numa relação de criação de valor mútuo, sempre com o foco em conseguir produzir os melhores resultados no cumprimento da nossa missão. Como Centro de Formação e Investigação, assumimos um papel fundamental na criação e disseminação de conhecimento sobre Empreendedorismo Social e, por isso, estabelecemos parcerias não só com universidades, como é o caso da NOVA Business School, como com Fundações e outras organizações que promovem a causa da Inovação e Empreendedorismo Social, como são exemplo a Fundação EDP e a Fundação Calouste Gulbenkian. Neste sentido, desenvolvemos duas cadeiras universitárias de Empreendedorismo Social e de Gestão de Organizações não Lucrativas, com as quais já alcançámos mais de 180 alunos; e o módulo de Cidadania Profissional na NOVA Business School, que já permitiu a 474 alunos de Mestrado terem contacto com o Empreendedorismo Social. Também adaptamos formações e programas de acompanhamento à medida, como é o caso da parceria com o programa FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, promovido pela Fundação Gulbenkian e COTEC, que na 1ª edição reuniu em dois Bootcamps sessenta participantes. Desta forma, conseguimos chegar mais longe, diversificar a nossa oferta formativa e assim maximizar o nosso impacto. Em Março de 2011, e à margem do IV Congresso de ES do IES, o INSEAD avançou ao VER que “após a avaliação da experiência do primeiro ano”, iriam “procurar o modelo certo, em termos financeiros e académicos, para expandir para os países africanos e Brasil”. Como tem corrido o processo de internacionalização do IES, no âmbito da vossa missão de serem “um centro de referência de investigação e formação em ES, no âmbito da cultura e língua portuguesa”? A nossa actuação em Moçambique arrancou na verdade como a nossa actuação em Portugal – com a implementação da metodologia ES+ de mapeamento de iniciativas de elevado potencial de Empreendedorismo – que está ainda em fase de desenvolvimento, e portanto a gerar os primeiros resultados. No início deste mês, foi replicado com sucesso o modelo do Bootcamp em Maputo, para uma turma de 32 pessoas. Estes primeiros passos em Moçambique são fundamentais para avaliarmos a replicabilidade do nosso modelo de actuação, não só a nível de formação, mas principalmente do IES como um todo. E 2013 será definitivamente o ano de consolidação de estratégia e das parcerias para chegarmos onde o Filipe Santos, do INSEAD, já em 2011 nos colocava – Moçambique, Angola e Brasil. O primeiro Bootcamp IES/INSEAD em terras moçambicanas resultou na formação de 32 empreendedores sociais. Que receptividade registaram por parte dos formandos, e quais foram os principais desafios e oportunidades que identificaram no país, em termos de potencial para o ES? Mas este país conta com o investimento, apoio e envolvimento de inúmeros organismos de cooperação e organizações para o desenvolvimento. E o potencial para o Empreendedorismo Social é, a nosso ver, avassalador.
Nesta 1ª edição do Bootcamp em ES, em Moçambique, reunimos uma turma de 32 participantes, 32 pessoas que têm a fé e o perfil empreendedor, com um potencial enorme para se tornarem empreendedores sociais de elevado impacto. A receptividade foi extraordinária. A participação e envolvimento em todo o Programa foi, podemos dizer, acima da média, assim como a satisfação geral com o mesmo (4,9 em 5). Hoje, o IES sabe que o seu modelo é replicável e vamos apostar fortemente em Moçambique. Contamos já com parceiros como a Odebrecht Moçambique e a Fundação Calouste Gulbenkian, como referi, e com uma rede de empreendedores sociais excepcional – inspirados e motivados para implementar iniciativas que capacitam as comunidades, que são sustentáveis e inovadoras, promotoras de novos ciclos virtuosos. E queremos, sem dúvida, participar nesse caminho! Neste Bootcamp em Moçambique, quais foram os aspectos diferenciadores, ao nível dos “critérios de missão social, viabilidade, impacto e replicabilidade”, que levaram à eleição do projecto ‘A Riqueza do Lixo’ como vencedor, entre outros dedicados à cidadania, saúde, educação ou agricultura, por exemplo? Nas palavras do júri, ao envolver recursos humanos voluntários e utilizar um modelo de financiamento do tipo “Robin-Hood”, esta equipa transmitiu uma maior segurança no que concerne à viabilidade do projecto, apesar de todos os projectos apresentados terem um enorme potencial de impacto, e da consistência entre os perfis das várias equipas e respectivas soluções desenhadas. Em que outras geografias mundiais esperam replicar este modelo de formação assente no desenvolvimento de competências e aquisição de conhecimento de ponta sobre Economia Social?
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Jornalista