POR HELENA OLIVEIRA
“A excelência exige esforço e planeamento e a prática deliberada de níveis crescentes de dificuldade” – Anders Ericsson
É sempre uma tema inspirador e, para muitos, irresistível: é o talento inato ou adquirido? Ao longo de várias décadas, fomos habituados a escutar e a ler argumentos que defendem ambas as hipóteses, sendo que nos últimos anos, e com os progressos crescentes no campo das neurociências, o pêndulo tenha começado a cair menos para o lado do inato. Responder à questão “por que existem pessoas que são tão boas naquilo que fazem” continua a fazer parte de um eterno debate que coloca a performance de excelência – seja em que área das nossas vidas for – entre a possibilidade de a mesma ser um produto dos nossos genes ou, ao invés, das nossas próprias escolhas (em conjunto com o esforço que dedicamos para a atingir). E um novo livro sobre os mistérios das performances de excelência está a fazer furor, mais ainda do que é habitual neste campo da pesquisa e literatura – e a gerar um debate fora de série em milhares de tweets, blogs, podcasts e é claro, também nos sites noticiosos por excelência, com os autores a desdobrarem-se em entrevistas e as revistas a digladiarem-se para obter a exclusividade de publicação de alguns dos seus trechos.
O livro chama-se Peak: Secrets from the New Science of Expertise, e é escrito por uma dupla também de excelência: Anders Ericsson, psicólogo da Universidade da Florida e reconhecido por muitos como o “especialista em especialistas”, na medida em que grande parte da sua vida foi dedicada a estudar músicos, atletas, médicos, jogadores de xadrez e muitas outras pessoas que conseguem superar, em larga escala, a performance de outros e, mais importante ainda, a sua própria performance, e Robert Pool, um “multi-graduado” em História, Física e Matemática, cuja paixão também pelas letras o fez abandonar o mundo do ensino para mergulhar na escrita sobre ciência e tecnologia, trabalhando para várias publicações prestigiadas desta área.
Para os que se interessam pelos factores que possibilitam o alcançar da grandeza ou brilhantismo em determinada tarefa ou competência, decerto que já leram ou, pelo menos, ouviram falar, de outros livros que se tornaram êxitos de vendas e cujos argumentos poderão ser revisitados neste novo trabalho: um deles é o do incontornável Malcolm Gladwell, autor de Outliers: The Story of Success, o qual deu a conhecer ao mundo a famosa regra das 10 mil horas, enquanto princípio que afirma que, em qualquer campo cognitivo complexo, seja jogar xadrez ou praticar neurocirurgia, são necessárias 10 mil horas de trabalho até que se consiga ser mesmo bom; outra é a obra escrita por Danyel Cole, The Talent Code: Genius Isn’t Born. It’s Grown. Here’s How, o qual defende que o talento não é inato e tem similaridades com “um músculo” e que, tal como os músculos podem ser fortalecidos através do exercício, também o talento pode ser melhorado através da prática, sendo que a grande novidade deste “código para o talento” reside no facto de o seu autor explicar, e também com a ajuda da neurociência, a forma como ele “acontece” no cérebro humano.
Devido à popularidade destes livros, aos quais se junta também o de Geoff Colvin (Talent is Overrated),algumas das histórias contadas em Peak serão já conhecidas do público, o que poderia significar uns pontos a menos para os dois autores e para o seu recente trabalho, ainda mais porque todos eles assentam no trabalho pioneiro e pesquisas do próprio Anders Ericsson. Todavia, não é o que acontece, pois o que o livro demonstra é que a famosa regra das 10 mil horas “de Gladwell” não é uma regra de todo, argumentando, ao invés, que o número de horas necessárias para se ser o melhor em alguma coisa varia significativamente de área para área, sendo que é o tipo de prática e o os níveis de envolvimento que nela se investe que mais contam.
Já no que respeita a Danyel Cole, e na sua defesa de que o talento não é inato, mas é adquirido, a dupla de autores concorda e afirma que, depois de uma enorme pesquisa sobre potenciais diferenças genéticas que pudessem responder à questão “porque existem pessoas que têm muito mais talento do que as outras”, os resultados foram infrutíferos. Numa entrevista ao site PsychReport, Ericsson confessa que andou, ao longo dos últimos 30 anos, à procura desse factor genético, sobre o qual não encontrou nenhuma evidência, com excepção para a estatura e a dimensão corporal, as quais são importantes para os desportistas – o que parece óbvio – e que constituem dois factores para os quais não existe qualquer treino possível conhecido.
Assim, e em termos gerais, a promessa dos autores em revelarem, neste livro, os segredos para se atingir, em inúmeras áreas distintas, o pico da performance passa, em primeiro lugar, pela plasticidade do cérebro humano, em conjunto com a prática e o treino, desde que devidamente direccionados, monitorizados e com origem a um feedback externo obrigatório.
[pull_quote_left]Responder à questão “por que existem pessoas que são tão boas naquilo que fazem” continua a fazer parte de um eterno debate que coloca a performance de excelência entre a possibilidade de a mesma ser um produto dos nossos genes ou, ao invés, das nossas próprias escolhas[/pull_quote_left]
E um dos argumentos mais fortes do livro recupera uma premissa há muito defendida por um número crescente de educadores: chama-se “prática deliberada” (ou intencional) e é de particular importância para se atingir a excelência no mundo da música e do desporto, mas não só, como se poderá ver mais à frente.
Tal como também não é novidade, a prática da prática, e passe o pleonasmo, deverá ser iniciada desde tenra idade, para que as crianças aperfeiçoem competências específicas, ao mesmo tempo que ganham a capacidade de se “recriarem uma e outra vez”, ou à medida que as circunstâncias se vão alterando. O que significa, em termos simples, de que estamos a falar de um treino “na prática” e não apenas da assimilação de conhecimentos abstractos, o que exige começar a trilhar um caminho, que seja realista mas com objectivos bem definidos, os quais vão “subindo de fasquia”, em termos de dificuldade, e através da combinação de treino físico e mental.
Como já referido anteriormente, a ideia de que as diferenças individuais em termos de talento ou dom inatos, seja lá como lhes quisermos chamar, não são geneticamente determinadas, só foi aceite pela comunidade científica no geral neste ainda jovem século, o que veio contradizer a premissa anterior e que defendia que “aprender/praticar consistia apenas numa forma de se enriquecer o potencial genético de cada um”. Dois exemplos apresentados no livro abrem o apetite para o seu conteúdo: de que forma o córtex visual no cérebro de uma pessoa cega quando esta começa a aprender braille (e a praticá-lo) se modifica e desenvolve ligações com as pontas dos dedos e porque os grandes feitos de Mozart, enquanto menino-prodígio, foram cultivados devido à influência do pai que o obrigava a treinos intensivos. A ideia, nestes dois casos, é a de que o tão almejado sucesso, uma espécie de busca do Santo Graal nos dias que correm, depende de doses elevadas de desempenho prático e não só da acumulação de informação, como muitos de nós defendemos, em particular desde que somos completamente absorvidos por ela.
Mas atentemos, então, nos motivos principais que estão a fazer de Peak um dos grandes êxitos literários de 2016.
0326443449602221328209301020391832373927788917267653245037746120179094345510355530, representações mentais e a prática com propósito
O caso de Steve Fallon, um estudante “normal” universitário de Psicologia que acedeu participar numa das experiências de Anders Ericsson, é outra das histórias inspiradoras e surpreendentes narradas em Peak e está relacionada com a capacidade que as pessoas têm de memorizar conjuntos de números (ou outro tipo de informações), uma das experiências que começou por fazer, ainda estudante, dado que sempre o estimulou perceber o que distingue alguém que, em determinada faceta, é superior à média.
[pull_quote_left]A promessa dos autores em revelarem, neste livro, os segredos para se atingir, em inúmeras áreas distintas, o pico da performance passa, em primeiro lugar, pela plasticidade do cérebro humano, em conjunto com a prática e o treino, desde que devidamente direccionados, monitorizados e com origem a um feedback externo obrigatório[/pull_quote_left]
A experiência com Steve Fallon, cujo excerto do livro em que é narrada pode ser lido aqui (e merece a leitura) teve uma (longa) duração de dois anos, ao fim dos quais o estudante conseguiu reproduzir uma série de 82 números aleatórios (exactamente a que dá corpo ao intertítulo acima). Tendo começado com séries de números entre os cinco e os sete dígitos – as quais qualquer um de nós consegue memorizar, basta pensarmos num número de telefone – por volta da 60ª sessão (de uma hora cada), Fallon conseguiu recordar-se, de forma consistente, de 20 dígitos e, com um pouco mais de 100 horas de treino, conseguiu chegar aos 40 dígitos (em muito ajudou a mnemónica – uma técnica utilizada pelo jovem estudante), sendo que 200 sessões de treino passadas – e dois anos depois – atingiria então o recorde já mencionado de memorização de 82 números completamente aleatórios.
Como explicou também em entrevista ao PsychReport, o que foi realmente interessante neste caso em concreto, foi o facto de Steve Fallon ter começado por agrupar os números em séries de 3, atribuindo-lhes representações de outras realidades. Por exemplo, e sendo Fallon um praticante de corridas de longa distância, ao memorizar a série 4-1-5, atribuía-lhe o significado “quatro minutos e 15 segundos” e “guardava” esta série na chamada memória de longo prazo conseguindo “chamá-la” cada vez que tinha de repetir as séries completas em frente ao investigador. Como escreve Anders, “associar um determinado significado aos números permitiu que, em vez de confiar em algo que teria de ensaiar frequentemente, o conseguisse, ao invés, armazenar na memória de longo prazo [e não na de curto prazo, que é aquela que nos permite decorar um número de telefone ou uma morada]”. E esta capacidade é encontrada em muitos dos que realmente pretendem superar-se a si, e aos outros, em diferentes áreas.
Como explica o autor, e tendo em conta as suas décadas de intensa pesquisa, “os especialistas parecem confiar em processos de codificação relativos às situações que vivem. E confiam nesta capacidade para armazenar, de forma eficaz, a informação na memória de longo prazo, de forma a que esta esteja acessível quando estão comprometidos a jogar ténis, a jogar xadrez ou a diagnosticar pacientes. Essa capacidade para codificar informação proveniente de um determinado domínio é uma competência que pode ser adquirida, em particular, numa tarefa na qual pretendemos ser mesmo “muito bons”, acrescenta ainda, sendo que seja qual for o treino em causa, este deve ser acompanhado de feedback contínuo também. Ou seja, existir alguém que possa “controlar” os progressos e apontar as falhas, tal como o pai de Mozart. Saber reconhecer a zona de conforto e ter a motivação certa para a ultrapassar é igualmente imprescindível.
[pull_quote_left]A ideia de que as diferenças individuais em termos de talento ou dom inatos não são geneticamente determinadas, só foi aceite pela comunidade científica neste ainda jovem século, o que veio contradizer a premissa anterior que defendia que “aprender/praticar consistia apenas numa forma de se enriquecer o potencial genético de cada um”[/pull_quote_left]
O que o autor pretende sublinhar é que esta situação é similar ao que Fallon descobriu por ele mesmo apenas depois de algumas sessões. A partir do ponto em que se sentiu confortável com a tarefa de escutar uma série de números, retê-los na memória e repeti-los para Anders Ericsson ouvir, a sua performance era somente “expectável”, dadas as limitações normais da memória de curto prazo. E poderia ter-se limitado a fazê-lo e a decorar nove ou 10 números sessão após sessão. Mas não o fez, porque estava a participar numa experiência na qual estava a ser constantemente desafiado para se lembrar de mais um número adicional, de sessão para sessão, e porque era, naturalmente, o tipo de pessoa que gostava de desafios e de testar os seus limites. Na verdade, o que Steve Fallon fez foi tentar superar-se a si mesmo, com o intuito de ser cada vez melhor. E a abordagem que optou para vencer o desafio – e não se contentar com o “suficiente” – é o que os autores chamam de “prática com propósito”, a qual antecede a prática deliberada, que consiste no maior dos objectivos. Adicionalmente, a experiência permitiu ao autor comprovar a sua premissa original: a de que a mente pode “melhorar” com o tipo adequado de prática. A performance é exercitável e a prática com propósito é a chave, sendo que um outro ingrediente para a tornar eficaz consiste no feedback imediato – dado por Anders Ericsson sempre que Fallon acertava ou errava.
Uma outra experiência do mesmo género foi realizada com taxistas de Londres (e sim, antes de existir o uso generalizado de GPS). Para poderem circular na complexa capital inglesa, os taxistas, pessoas “comuns”, treinam ao longo de anos para decorarem as inúmeras ruas e ruelas da capital inglesa. Neste caso em particular, o facto de serem “obrigados” a aprender a localização e o caminho para mais de 10 mil ruas e as diferentes formas para lá chegarem provocou, nos seus cérebros, diferenças significativas. E, ao serem comparados com os condutores de autocarros na mesma cidade, que não têm de seguir o mesmo treino intensivo, pois geralmente os percursos que fazem são sempre os mesmos, Ericsson não encontrou, nos cérebros destes últimos, as que tinha comprovado nos cérebros dos taxistas. E o que acontece quando se deixa de ser taxista? A verdade é que o cérebro “regride”. “Sem prática, o cérebro volta ao seu estado ‘normal’”, garante o autor.
Da prática com propósito à prática deliberada
Depois de explicar o valor da prática com propósito, a qual consiste em expandir a nossa capacidade física e/ou mental para gerar maiores feitos no futuro, enfatizando a importância de se ir dando, continuamente e de forma regular, pequenos passos e recolhendo feedback sobre o que estamos ou não a fazer de forma eficaz, o livro “ensina”, especificamente, de que forma é possível melhorar a nossa adaptabilidade mental para desenvolver novas competências, indo bem mais além da “forma habitual de fazer as coisas”. Não nos limitarmos a fazer mais, mas antes a fazer diferente, é também uma das sugestões de Peak.
Uma das grandes lições a retirar consiste, como retratado acima, em termos a certeza de que o nosso potencial não é limitado ou fixo, mas algo que é passível de ser expandido e de forma contínua. Já no que respeita à importância das representações mentais – imaginar o nível de performance que aspiramos atingir através da visualização dos detalhes – as peças e os padrões – do que é preciso acontecer para lá chegarmos, os autores explicam o seu valor, definindo-as como a capacidade de se levar a cabo uma tarefa, de forma excelente, como se as mesmas correspondessem a uma segunda natureza.
[pull_quote_left]O livro “ensina”, especificamente, de que forma é possível melhorar a nossa adaptabilidade mental para desenvolver novas competências, indo bem mais além da “forma habitual de fazer as coisas”. Não nos limitarmos a fazer mais, mas antes a fazer diferente, é também uma das sugestões de Peak[/pull_quote_left]
Todavia, e para se passar da prática com propósito à prática deliberada, o caminho não é fácil nem isento de sacrifícios. Em primeiro lugar, é preciso perceber que a denominada prática deliberada incorpora todas as características da prática com propósito – objectivos específicos, concentração, feedback e sair obrigatoriamente da zona de conforto – mas envolve também a presença de um professor, “treinador” ou “mestre”, que deverá aplicar práticas especificamente concebidas para aumentar a performance. Em particular, a prática deliberada exige também o maior nível possível de informação e de orientação por parte dos “melhores performers” – daí o facto de uma grande parte do trabalho dos autores recair no estudo das “características” de performers de excelência e na compreensão dos factores que os fizeram atingir níveis elevados de brilhantismo.
Assim, a prática deliberada exige, em primeiro lugar, níveis substanciais de concentração com o objectivo de superarmos os limites por nós definidos no que respeita às nossas capacidades. Um exemplo simples é dado através da leitura, uma competência que muitos desenvolvem num nível básico, enquanto outros a vão “aumentando” até atingirem níveis elevados. As crianças, por exemplo, podem considerar a leitura divertida, mas são aquelas que a consideram desafiante que mais longe chegam: ao experimentarem ler, progressivamente, livros mais elaborados, as suas competências de leitura podem ser continuamente desenvolvidas. O mesmo acontece com os adultos: quem é apaixonado por livros de crimes, ler um e mais outro não se integra na categoria de prática deliberada. O caso muda de figura quando nos propomos a ler alguma obra particularmente complexa.
Um outro exemplo que tem sempre lugar neste tipo de pesquisa é o da música clássica, na qual os (bons) professores sabem exactamente o quanto custa atingir uma performance de excelência: não dominar apenas a técnica, mas praticar intensamente e ir aumentando o grau de dificuldade e complexidade das peças a tocar é a receita. O que acontece na maioria das áreas é que as pessoas deixam de evoluir pois raramente se envolvem com esta prática deliberada, que exige um esforço árduo. E até se conseguir alcançar os níveis de autodisciplina e automotivação adequados, o percurso é muito difícil.
[pull_quote_left]Os autores asseguram que a prática deliberada pode revolucionar a forma como pensamos no potencial humano. Em vez de nos sentirmos limitados perante o mito do talento inato, a verdade é que, e de acordo com as décadas de investigação que estão presentes nesta obra, quase qualquer pessoa pode tornar-se verdadeiramente boa numa série alargada de competências[/pull_quote_left]
No livro, os autores asseguram que a prática deliberada pode revolucionar a forma como pensamos no potencial humano. Em vez de nos sentirmos limitados perante o mito do talento inato, a verdade é que, e de acordo com as décadas de investigação que estão presentes nesta obra, os autores defendem que quase qualquer pessoa pode tornar-se verdadeiramente boa numa série alargada de competências. Como escrevem, “quando alguém diz ‘não sou bom a matemática’, é como se fosse assumida a existência de uma qualquer limitação genética para tal”, quando, pelo contrário, o que se deve arrogar é que, com treino e motivação, se pode ser bom a matemática ou a outra coisa qualquer.
Para que esta revolução do potencial humano surta efeito – e que pode ser alcançada na educação, nos negócios, na saúde, na ciência e em um conjunto alargado de outras áreas – é ainda necessária muito mais investigação. Todavia, a ideia de que qualquer pessoa, com as doses certas de formação e treino, poder ser especialmente boa em alguma coisa, pode consistir numa potencial ameaça a todos os que detêm o poder em diversas esferas, em particular na gestão empresarial e política. Os governos e as empresas operam de acordo com o princípio de que os seus líderes “sabem tudo” e o “problema” é que a prática deliberada promete democratizar as competências humanas.
Mas e para já, a ideia é deixarmos de afirmar que não somos capazes ou que não temos jeito para isto ou para aquilo. E compreender que a mensagem principal que é transmitida no livro, e ao qual é dedicada o seu último capítulo, nos oferece um conceito inovador: poderá ser muito mais útil começar a entender a nossa espécie como Homo exercens e deixar para trás o velho Homo sapiens.
Pratiquemos então, depois de lermos o livro na íntegra.
Editora Executiva