Combater as desigualdades para o Bem Comum deve ser um propósito para as empresas e um desafio obrigatório para os seus lideres. Exige dignidade, virtude e exploração de novos caminhos, construção de pontes e mudança de espaços através de novos modelos de negócio
POR JOÃO PEDRO TAVARES

Estes foram alguns dos desafios e novos paradigmas abordados no ultimo congresso da UNIAPAC em Manila.  Exige ambição, renovada visão, compromisso sério, assente em convicções profundas e firmeza nas decisões. Exige mudar o perímetro de gestão, passando do lucro para o propósito, dos colaboradores para as famílias, dos resultados para o impacto, interno e externo, do curto para o médio e longo-prazo, da empresa para uma visão de eco-sistema mais ampla. Este é um caminho mais profícuo, mais amplo, de maior alcance mas também, de maior proximidade com as realidades que nos circundam, nomeadamente, as crescentes desigualdades que nos digam respeito. Não basta ambição, mas também coragem, determinação e aspirar a algo mais amplo. São desafios que devem ser vividos na primeira pessoa, não com palavras mas com gestos e, sobretudo, testemunhos inspiradores que demonstrem este compromisso.

Pensar Bem Comum exige ir para lá do perimetro da nossa empresa, com sentido de comunidade, de eco-sistema. Porque nos abrimos a novas realidades e propósitos, de maior amplitude e de mais longo-prazo devemos também estar abertos a ensaiar modelos de gestão e de governo distintos, mais inclusivos e participativos, que promovam a inter-geracionalidade, a co-liderança, entre outros.

Infelizmente, as desigualdades conduzem efetivamente a uma falta de participação e a um potencial abuso de posição dominante, que são perigosos para o fair play e a inclusão. Confrontados com as vastas e crescentes desigualdades no mundo de hoje, temos de investir na ideia de cuidados para:

  • a nossa casa comum, a nossa criação, os pobres e vulneráveis, não fazendo algo por eles, mas com eles;
  • as realidades e fronteiras planetárias que não são ilimitadas;
  • o desafio do investimento ético.

O extremismo a que assistimos e que gera violência, as guerras que perduram e que se constituem como perdas para todos, o ruido crescente na sociedade que nos faz perder sinais que são marcantes, a perturbação dos mercados de trabalho, o crescimento do isolamento, das doenças mentais, da perda de sentido da vida, são apenas alguns dos sinais que mostram que a mudança é inevitável. E a revolução tecnológica e o enorme potencial que lhe está associada é uma enorme oportunidade que precisa de ser também direccionada para o bem comum e para a dignidade das pessoas. Os seus valores éticos dependem da forma como o utilizamos e de quem beneficia com ele. O reforço da educação e da formação, o sentido de comunidade e de proximidade, são essenciais para sustentar o futuro da sociedade e das empresas.

Há esperança e as mudanças positivas são possíveis. A partilha de novos modelos com provas e resultados apoiam o nosso sentido de mudança, sustentam a nossa coragem e ajudam-nos a superar o medo, perante a incerteza.

Apoiando esta visão, o protocolo UNIAPAC para líderes empresariais e organizações é uma ferramenta estratégica para esta jornada, tendo integrado os princípios comuns da “boa economia”. Com a sua ajuda, queremos construir relações com empreendedores de todo o mundo, criando valor partilhado com a Economia de Francisco dos jovens e a UNIAPAC.

Ser empresário, gestor ou líder empresarial, é uma vocação que exige inteireza, rectidão, intencionalidade e cujo propósito deve ser explicitado e comunicado com clareza e transparência.  É um compromisso de equipa mas que está enraizado numa responsabilidade que é pessoal. O desafio do Papa aos jovens é extensível a todos: “não sejam administradores de medos, mas empreendedores de sonhos“.

Nota: Artigo publicado em conjunto pelo VER e a RR.

Presidente da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores

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