Assumir o desafio de acolher o outro, ou por outras palavras, «calçar os sapatos do outro», vai além de simplesmente reconhecer a diversidade; requer um esforço genuíno para compreender as suas experiências e dificuldades, independentemente da sua posição hierárquica
POR Tânia Meneses
O Papa Francisco transmitiu, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, importantes mensagens para reflexão de todos os jovens, tanto na esfera pessoal e espiritual como na social e empresarial. Enquanto jovens profissionais católicos, somos desafiados a partir para a ação e a concretizar as ideias do Papa, também nos nossos locais de trabalho. O convite passa por viver a fé no dia-a-dia e não deixar Cristo à porta do nosso escritório. Isto significa que somos chamados a integrar também no nosso contexto profissional valores cristãos que orientem os nossos comportamentos e decisões, tais como a ética, o respeito, a justiça e a empatia.
«Na igreja há espaço para todos. E, quando não houver, por favor façamos com que haja, mesmo para quem erra, para quem cai, para quem sente dificuldade. Todos, todos, todos» (Papa Francisco, 2023).
A mensagem do Papa Francisco, que destaca a importância de criar espaço para todos na Igreja, pode ser transposta para o ambiente de trabalho, onde a promoção de um espaço inclusivo e colaborativo é fundamental. Assumir o desafio de acolher o outro, ou por outras palavras, «calçar os sapatos do outro», vai além de simplesmente reconhecer a diversidade; requer um esforço genuíno para compreender as suas experiências e dificuldades, independentemente da sua posição hierárquica.
Ser capaz de aceitar, com humildade, as críticas de quem lidera, assim como ajudar os líderes a identificar as suas forças e fraquezas, são práticas que potenciam o crescimento individual e coletivo. Esta abordagem reflete no trabalho o espírito de serviço e a convicção de que caminhamos em conjunto pelo Bem Comum.
Ao abraçarmos uma atitude proativa e comprometida com o bem-estar e o sucesso daqueles que partilham connosco o espaço de trabalho, estamos a reconhecer a humanidade uns dos outros, contribuindo para o desenvolvimento mútuo. Esta missão da responsabilidade pelo outro permite cultivar uma cultura organizacional sólida, baseada na confiança e na colaboração, cruciais para que todos sintam que fazem parte e que são valorizados.
Inspirados pela «alegria missionária» proclamada pelo Papa e impulsionados por uma mentalidade empreendedora, orientada para servir, sejamos agentes de mudança que as nossas organizações precisam, sejamos empreendedores do outro.
Tânia Meneses
Tem 30 anos. É licenciada em Gestão e mestre em Economia Social e Solidária pelo ISCTE. Atualmente trabalha na Junior Achievement Portugal, enquanto gestora de projetos e programas destinados aos jovens, focados no Empreendedorismo e Cidadania, Literacia Financeira e Preparação para o Mundo do Trabalho. Integra um grupo Cristo na Empresa da ACEGE Next e tem especial interesse por assuntos relacionados com Responsabilidade Social, Empreendedorismo e Inovação Social»