A oferta de soluções de investimento está actualmente muito alinhada com a tendência crescente que as organizações empresariais assumem para terem um equilíbrio permanente entre lucro e sustentabilidade e, em muitos casos, de acordo com a agenda ESG. É também por isso que os empresários e gestores estão cada vez mais comprometidos em contribuir para uma sociedade mais próspera, mais justa e mais solidária
POR VASCO DE MELLO
Vivemos tempos exigentes e muito desafiantes que condicionam fortemente a vida das pessoas e das organizações empresariais e que ficarão na nossa memória como um teste à capacidade de adaptação, resiliência e, muitas vezes, superação.
A pandemia veio dar um novo impulso ao papel das tecnologias e da digitalização da economia, mas veio também reforçar e acelerar um conjunto de ideais que vinham contaminando positivamente o ambiente empresarial a uma escala global: a preocupação dos empresários e gestores na definição de propósitos e políticas de sustentabilidade com forte impacto social, económico e ambiental.
Não me parece que seja uma boa opção diabolizar o lucro porque sem resultados positivos as organizações empresariais não conseguem gerar riqueza, investir, criar emprego e, no limite, sobreviver. Mas também não me parece que o caminho para uma vida empresarial com sucesso a longo prazo tenha como única finalidade o lucro pelo lucro.
Todas as organizações empresariais são hoje avaliadas pelos mercados e reconhecidas pelas comunidades onde actuam, pela sua capacidade em responder às exigências, necessidades e expectativas dos seus diferentes públicos, a diferentes níveis, mas tendo sempre como denominador comum a sustentabilidade e o impacto das suas actividades.
É por isso que a oferta de soluções de investimento está actualmente muito alinhada com a tendência crescente que as organizações empresariais assumem para terem um equilíbrio permanente entre lucro e sustentabilidade e, em muitos casos, de acordo com a agenda ESG (Environmental, Social e Governance).
É também por isso que os empresários e gestores estão cada vez mais comprometidos em contribuir para uma sociedade mais próspera, mais justa e mais solidária.
O combate à pobreza, ao desemprego e às desigualdades sociais passaram a ser territórios de actuação de muitos empresários e gestores e isso tem conduzido à criação de inúmeros projectos de empreendedorismo social.
O Fundo Bem Comum, promovido pela ACEGE no já longínquo ano de 2011, é um bom exemplo de um projecto empresarial com um alcance social bem definido – promoção de emprego sustentável para pessoas com mais de 40 anos, através do apoio a projectos empresariais de desempregados ou pré-reformados –, que mereceu o apoio do Grupo José de Mello e de outras organizações empresariais desde o primeiro momento.
Em síntese, penso que estão reunidas as condições de contexto para que soluções de investimento com impacto social positivo ofereçam muito mais benefícios do que riscos, com a vantagem de poderem contar com uma aceitação generalizada.
Representante de investidor no Fundo do Bem Comum