Actualmente, um em cada cinco jovens europeus não consegue encontrar emprego. Para estimular a procura destes potenciais talentos pelas PME, promovendo simultaneamente uma nova geração de empreendedores, a Comissão Europeia lançou recentemente o Youth@Work. Uma acção que visa contribuir para a difícil meta de atingir uma taxa de emprego de 75% na UE, até 2020
POR GABRIELA COSTA

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A Comissão Europeia apresentou recentemente a Youth@Work, uma acção que visa criar empregos e estimular o empreendedorismo na União Europeia de forma inovadora. A ideia é estreitar a ligação entre jovens e pequenas e médias empresas, estimulando a procura destes potenciais talentos por parte dos empregadores das PME e, simultaneamente, promovendo o trabalho nestas empresas como “uma rampa de lançamento para os jovens interessados em tornar-se empreendedores”, divulga a CE.

A EURES – rede europeia de serviços de emprego que presta informação, aconselhamento e serviços de recrutamento, adequando a oferta e a procura de mão-de-obra, com o objectivo de facilitar a mobilidade dos trabalhadores a nível transnacional e transfronteiriço, no âmbito do Espaço Económico Europeu e Suíça (uma área que integra actualmente 31 países) – e os serviços públicos de emprego nacionais “serão cruciais” para o sucesso da acção, como intermediários entre os empregadores e aos jovens.

De referir que, para além de um portal de mobilidade profissional, a EURES dispõe de uma rede humana de mais de 850 conselheiros que mantêm um contacto diário com candidatos a emprego e empregadores em toda a Europa.

Os mais afectados pela crise
Actualmente, um em cada cinco europeus não consegue encontrar emprego, de acordo com dados do Eurostat 3T 2010 (referente a jovens dos 15 aos 24 anos). Estes números podem colocar em risco a competitividade da UE durante os próximos anos já que “representam um enorme desperdício de talento e potencial humano”. Com a iniciativa Youth@Work a Comissão Europeia quer contribuir para dar resposta a este problema, ajudando a criar empregos “sustentáveis e de alta qualidade” para os jovens europeus, a camada da população mais afectada pela crise económica, sublinha a CE.

Neste contexto, construir sinergias entre os jovens e o tecido empresarial estruturado pelas pequenas e médias empresas parece ser estratégico já que, por um lado, o que falta “muitas vezes” aos mais novos em “experiência e competências para serem competitivos num mercado laboral escasso em empregos”, sobra numa “visão refrescada do mundo” que significa frequentemente “ideias inovadoras e energia para oferecer aos empregadores”. E, por outro, o “papel preponderante” que as PME ocupam na recuperação da crise económica na Europa (pela rapidez com que o poderão fazer), justifica esta aposta para estimular o empreendedorismo jovem.

A Youth@Work foi apresentada no dia 29 de Abril de 2011, na Feira Europeia do Emprego para a Juventude em Budapeste, no âmbito da presidência húngara da UE, que afirmou o seu compromisso em colocar a questão do desemprego entre os jovens na agenda da UE.

O desafio é tirar o “máximo partido” do “bem mais precioso” da UE: os jovens, melhorando a sua empregabilidade e capacidade para gerar negócios empreendedores que contribuam para a recuperação e a competitividade da Europa.

A iniciativa ganha corpo através da organização de sessões sobre temas como comunicação em rede, tutoria e recrutamento, a realizar em feiras de emprego por toda a UE. Trabalhando activamente com os empregadores das PME, com os jovens e com os serviços públicos de emprego para incentivar a contratação de mais jovens desempregados pelas PME europeias, a Youth@Work ambiciona transformar as ideias e o entusiasmo dos jovens em oportunidades de criação de negócios inovadores, estimulando o auto-emprego, ao mesmo tempo que espera melhorar os níveis de empregabilidade no velho continente.

Juventude em Movimento pela Europa 2020
A Youth@Work deverá, pois, contribuir para a difícil meta estabelecida na Estratégia Europa 2020: empregar 75% de homens e mulheres com idades entre os 20 e os 64 anos até 2020.

Apoiando a Juventude em Movimento da UE, um dos sete projectos emblemáticos da Europa 2020, esta nova acção deverá contribuir para apoiar a entrada dos jovens no mercado laboral, contribuindo para os objectivos estabelecidos na iniciativa destinada a melhorar os sistemas educativos europeus, a promover a mobilidade dos estudantes e a fazer face ao desemprego dos jovens, garantindo que adquirem as competências, a experiência e os conhecimentos necessários para arranjar o primeiro emprego, anuncia o Movimento.

Tratando-se do mais actual plano da UE para fomentar o crescimento da economia e a criação de emprego, a Europa 2020 é a estratégia para a próxima década orientada para ajudar a tornar a UE numa “economia inteligente, sustentável e inclusiva”. E, se a curto prazo, o objectivo é assegurar a saída da crise, a médio visa-se preparar a economia europeia nesta década.

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Para atingir progressos que permitam alcançar os eixos de crescimento identificados como prioritários – promover o conhecimento, a inovação, a educação e a sociedade digital; tornar a nosso aparelho produtivo mais eficiente em termos de recursos, e reforçar a competitividade; e aumentar a taxa de participação no mercado de trabalho, a aquisição de qualificações e a luta contra a pobreza – os Estados-Membros da UE deverão contribuir para o sucesso de  cinco objectivos: assegurar o emprego de 75% da população entre os 20 e os 64 anos; investir pelo menos 3% do PIB da UE em I&D; cumprir os objectivos em matéria de clima/energia; reduzir a taxa de abandono escolar para menos de 10% e assegurar que pelo menos 40% da geração mais jovem dispõe de um diploma do ensino superior; e tirar vinte milhões de pessoas da pobreza.

Cavaco defende dinamismo de jovens empresários
“Os mais jovens são chamados a desempenhar um papel estratégico na procura de soluções inovadoras”, disse o Presidente da República, Cavaco Silva, na abertura do Congresso do Empreendedor Lusófono, organizado pela Associação Nacional de Jovens Empresários, nos passados dias 5 e 7 de Maio.Sublinhando que “o grande desafio que hoje se coloca a Portugal é ser capaz de desenvolver uma recuperação económica sustentada em investimento produtivo, gerador de receitas externas e de emprego”, Cavaco Silva afirmou que “aquilo que se espera desta geração não são soluções milagrosas, mas sim uma dinâmica refrescada, com novas ideias e novos modos de pensar e de fazer, que se traduzam num aumento de produtividade e de competitividade das nossas empresas”. O Presidente recordou ainda a importância de aproveitar “o enorme potencial económico, ainda inexplorado”, dos países da CPLP, para o desenvolvimento de parcerias entre os empresários dos países lusófonos.

Já o conselheiro especial do presidente da Comissão Europeia e seu representante para África, José Briosa e Gala, adiantou que a política de apoio ao desenvolvimento da CE está a ser revista, estando a ser equacionados apoios à iniciativa privada. Finalmento, o presidente da ANJE, Francisco Balsemão, considerou que Portugal tem “massa crítica para desenvolver ideias e projectos, o que é um claro contributo para a recuperação económica”, mas precisa de promover as exportações e a internacionalização das empresas.

 

A Agenda Europa 2020
No âmbito da Estratégia Europa 2020, a Comissão Europeia propõe uma agenda Europa 2020 que consiste numa série de iniciativas cuja execução constituirá uma prioridade partilhada com acções a todos os níveis: organizações à escala da UE, Estados-Membros e autoridades locais e regionais:
Uma União da inovação – recentrar a política de I&D e inovação nos principais desafios societais, colmatando o desfasamento existente entre ciência e mercado, transformando as invenções em produtos. A título de exemplo, a patente comunitária poderia traduzir-se numa economia anual de 289 milhões de euros para as empresas;Juventude em movimento – reforçar a qualidade e a capacidade de atracção internacional do sistema de ensino superior europeu, promovendo a mobilidade dos estudantes e dos jovens profissionais. As vagas existentes devem ser mais facilmente acessíveis em toda a Europa e as qualificações e experiência profissional reconhecidas de forma adequada;

Uma Agenda digital para a Europa – retirar de forma sustentável benefícios económicos e sociais do mercado único digital com base na internet de alta velocidade. Até 2013, todos os europeus deverão ter acesso à internet de alta velocidade;

Uma Europa eficiente em termos de recursos – apoiar a transição para uma economia hipocarbónica e eficiente na utilização de recursos. A Europa deve manter-se fiel aos objectivos que fixou para 2020 no domínio da produção, eficiência e consumo de energia. Deste modo, será possível uma poupança de 60 mil milhões de euros nas importações de petróleo e gás em 2020;

Uma política industrial em prol do crescimento verde – contribuir para a competitividade da indústria da UE no mundo que emergirá da crise, promover o empreendedorismo e desenvolver novas qualificações. Deste modo, será possível criar milhões de novos postos de trabalho;

Uma Agenda para novas qualificações e novos empregos – criar as condições para a modernização dos mercados de trabalho, com vista a aumentar as taxas de emprego e assegurar a sustentabilidade dos nossos modelos sociais no momento da passagem à reforma da geração dos «baby-boomers»;

Uma Plataforma europeia contra a pobreza – assegurar a coesão económica. social e territorial, permitindo que as camadas mais pobres e socialmente excluídas da população desempenhem um papel activo na sociedade.

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Jornalista