É mais uma sequela, com temporadas que não terminam e que nos estão a deixar exaustos. Mas em vez de ser transmitida numa plataforma de streaming, passa-se nas nossas casas, nas nossas vidas e não há forma de desligar o botão. Cansaço, ansiedade e estados depressivos são queixas crescentemente comuns em trabalhadores de todo o mundo e à medida que se sucedem períodos de confinamento cada vez mais difíceis de suportar. Excesso de trabalho, menos recursos, mais exigências, níveis de paciência próximos (ou abaixo) do zero. Num ecrã perto de todos nós
POR HELENA OLIVEIRA
Em Outubro de 2020, o VER dedicou um artigo à denominada “fadiga pandémica”, fenómeno que estava a afectar um número crescente de cidadãos, nomeadamente nos países europeus. Na mesma altura, a Organização Mundial de Saúde, e como resposta às preocupações manifestadas por vários Estados-membros da União Europeia face ao rápido “contágio” deste “efeito secundário” provocado pela pandemia de Covid-19, publicou um documento, intitulado Fadiga da Pandemia: Revigorar o público para prevenir a Covid-19, o qual tinha como objectivo a implementação de iniciativas para manter e reforçar o apoio dos cidadãos face às medidas tomadas pelos seus governos para conter o surto pandémico.
Apesar de esta fadiga ser considerada uma resposta esperada e natural a uma crise prolongada de saúde pública, em particular porque a gravidade e a escala da pandemia exigiram a implementação de medidas invasivas com impactos sem precedentes na vida diária de todos, a verdade é que mesmo perante os sinais existentes de que o número de contágios viria provavelmente a aumentar, e com eles as mortes e a saturação das unidades de saúde, ninguém estava verdadeiramente à espera que a situação atingisse um estado tão catastrófico e que muitos países fossem obrigados a fechar novamente, com a vida a voltar a ser vivida entre quatro paredes. Depois de um aprazível intervalo no Verão, e mesmo com os alertas vindos de cientistas de todo o mundo, existia a esperança de que algumas lições teriam sido aprendidas no primeiro confinamento e que, a existir um novo período de isolamento forçado, este não seria tão mau quanto o primeiro.
Ora, e cinco meses passados – e sem ser necessário ilustrar a terrível nova vaga que acabou por afogar qualquer tipo de esperança relativamente ao regresso a uma existência minimamente normal – esta fadiga está a tornar-se num perigoso estado de exaustão, com consequências em praticamente todos os domínios das nossas vidas, seja ao nível profissional seja no que respeita às nossas relações pessoais e familiares. Como sabemos e como o VER também já escreveu, as sequelas ao nível da saúde mental – já globalmente considerada como a próxima “grande pandemia” – provocadas pela privação das liberdades que sempre demos como adquiridas, aliadas ao medo e à ansiedade, e ainda agudizadas pela crise social e económica que nos rodeia, estão a atingir níveis preocupantes e a transformar-se numa enorme bola de neve que não cessa de aumentar.
No que respeita ao trabalho remoto – tema que temos vindo a acompanhar igualmente desde que deflagrou a crise pandémica – também ele tem sofrido “mutações” significativas, em alguns casos para o bem mas, em muitos outros, para o mal, e é sobre as mesmas que este artigo procura incidir. Identificar as frustrações e ansiedades de quem está, em muitos casos há quase um ano, a exercer as suas funções permanentemente em frente a um ecrã, com várias ferramentas tecnológicas a coexistir e a exigir atenção constante, com a destruição de fronteiras entre vida profissional e pessoal e do aumentar das incertezas face ao início do fim deste pesadelo, é um dos objectivos. Adicionalmente, nesta edição, são igualmente partilhados os esforços de várias empresas que estão a levar a sério esta disrupção na forma como os trabalhadores estão a encarar o trabalho e a tentar, mediante iniciativas diversas, mitigar um mal-estar crescente que poderá ter sérios impactos nos trabalhadores, na sua saúde mental e física, na sua produtividade, na sua carreira e no seu futuro próximo.
“Antes trabalhávamos a partir de casa, agora vivemos no trabalho”
Quando, no final do ano de 2020, foi anunciada a boa nova da chegada das vacinas, o sentimento foi de um alívio inebriado, ao qual juntámos uma dose de expectativas exacerbadas que nos fizeram pensar que o fim do pesadelo estava, finalmente próximo. E, na altura, e de acordo com vários estudos que avaliavam o estado psicológico dos teletrabalhadores, a par com muitos inquéritos que as empresas foram fazendo internamente – uma iniciativa que continua a ser vivamente aconselhada – as queixas de cansaço pandémico multiplicavam-se já, incindindo em particular na elevada carga de trabalho, na incapacidade de “desligar”, na incerteza permanente sobre o futuro e/ou potencial perda de emprego e na dificuldade de se viver o tão desejado equilíbrio entre vida profissional e pessoal, uma promessa ou presente envenenado que muitos esperavam obter quando surgiu a pandemia e o trabalho passou a ser feito a partir de casa.
Todavia e se no primeiro confinamento se elogiou a capacidade de adaptação dos trabalhadores a esta nova forma de trabalhar, a verdade é que à medida que o tempo foi passando, o sonho, e para muitos, acabou por se transformar num pesadelo. Como afirma ao Finantial Times Tomas Chamorro-Premuzic, psicólogo e responsável pela área de talentos do Manpower Group, “ninguém estava à espera que este processo se prolongasse tanto no tempo e que o ‘trabalhar a partir de casa’ se transformasse num ‘viver constante no trabalho’”.
No mesmo artigo, Brian Kropp, investigador da consultora Gartner e responsável pela divisão de Recursos Humanos, aponta o dedo a muitas empresas no que respeita à sua (má) gestão “prolongada” desta situação. “Se, no início, as empresas puderam contar com uma reserva de boa vontade por parte dos seus trabalhadores, a qual podiam explorar para as ajudar a ultrapassar esta fase tão crítica, neste momento o reservatório está vazio e os trabalhadores sentem-se, simplesmente, cansados”, diz.
Kropp acrescenta ainda que são demasiadas as empresas que têm sido muito lentas a ajustar os seus processos às exigências do trabalho remoto a longo prazo, mesmo apesar da retórica inspirada na pandemia de que esta aparente flexibilidade seja o futuro do mesmo. E acrescenta que “a massificação do teletrabalho tem servido para se fazer uma distinção clara entre os empregadores que têm boas políticas de gestão e bem-estar e os que não as têm”. Um dos resultados comuns a vários dos estudos que têm sido feitos aponta para sentimentos de ansiedade, isolamento e exclusão, com os níveis de desconfiança a aumentarem, bem como a sensação de ostracização por parte de muitos trabalhadores no que respeita às suas entidades empregadoras.
Adicionalmente e mais uma vez, se no primeiro confinamento todos os esforços e sacrifícios foram feitos e alimentados pela esperança de um resultado positivo e com significado, hoje o futuro parece cada vez mais incerto, a possibilidade de voltarmos à normalidade possível cada vez mais longínqua e a sensação de estarmos “congelados” num presente repetitivo contribuem para pensamentos crescentemente mais sombrios e cada vez mais próximos do desespero. E a sensação que prevalece neste “confinamento parte II” é a de que estamos a iniciar uma nova maratona quando ainda não recuperámos da anterior.
A ficha que não se consegue desligar
A questão do excesso de trabalho – apesar das boas intenções formuladas por muitas empresas, a verdade é que os recursos diminuíram, os projectos estão mais exigentes, os prazos não esticam e tudo parece funcionar como se a vida estivesse normal, e que evidentemente não está -, é outra queixa repetidamente apontada pelos trabalhadores em muitos dos estudos e inquéritos que têm vindo a ser realizados nos últimos meses.
Chefes que não respeitam os horários ou os fins-de-semana, exigindo esforços sobre-humanos aos seus colaboradores, em muitos casos porque os despedimentos deram origem a equipas muito mais pequenas; a multiplicação das ferramentas digitais que não deixam tempo para respirar e que são usadas sem qualquer parcimónia e em simultâneo – por exemplo, se existe um email que não foi imediatamente respondido, seguem-se “plins” intermináveis via WhatsApp ou via outras ferramentas de chat, a juntar a telefonemas ou a videochamadas; e o culminar do cocktail com a dificuldade de se “desligar” e estabelecer limites entre a vida profissional e pessoal, queixa muito comum nos vários inquéritos já realizados. Tudo isto suporta o crescente o número de pessoas que afirma sentir uma enorme pressão para acompanhar o ritmo desenfreado da carga de trabalho, investindo muito mais horas no apoio às empresas a que pertencem e que têm de continuar a atender às necessidades dos clientes.
De acordo com a Society for Human Resources Management (SHRM), que tem vindo a estudar os efeitos do teletrabalho em tempo de pandemia e tendo como base um inquérito feito a 2800 trabalhadores, quase 70% dos profissionais que transitaram para o trabalho remoto devido à pandemia dizem que trabalham agora aos fins-de-semana, com 45% a afirmarem que trabalham regularmente mais horas durante a semana do que no período pré-pandemia. O inquérito revelou também que os pais trabalhadores têm probabilidades maiores de trabalhar aos fins-de-semana e mais de oito horas por dia do que aqueles sem filhos (o que não é unânime em outros estudos).
Renee Zung, vice-presidente da empresa de gestão de carreiras Keystone Partners não ficou surpreendida com as conclusões. “É mais fácil desligar a ficha quando se trabalha num escritório”, diz. “Deixar o escritório no final do dia de trabalho cria uma fronteira natural e viajar para casa proporciona o tempo necessário para descontrair e descomprimir. É muito mais difícil estabelecer limites se o escritório estiver no seu quarto ou na mesa da cozinha, sendo muito mais fácil verificar mais um email, adicionar mais detalhes a uma apresentação ou devolver algumas chamadas telefónicas aos colegas”, acrescenta.
Adicionalmente, a falta de formação dos funcionários sobre como gerir os limites entre o trabalho e a vida pessoal nos anos anteriores à COVID-19 é um outro problema subjacente, como alerta também Cali Williams Yost, uma especialista reconhecida em flexibilidade no local de trabalho e fundadora da consultora Flex+Strategy Group. “Gerir as fronteiras entre o trabalho e a ‘outra nossa vida’ é um conjunto de competências que as pessoas precisam de aprender e que a maioria não tinha antes da pandemia e ainda não tem”, afirma. “A simples entrega de um computador portátil a um empregado ou o descarregamento do Zoom ou de outro software colaborativo não é suficiente para ajudar os empregados a gerir o seu trabalho e a sua vida através da pandemia e para além dela”. A juntar a tudo isto, o medo e a incerteza sobre a economia e a (in)segurança do emprego também contribuem para este cocktail agitado. Cali Williams Yost sublinha ainda que, se considerados em conjunto, a falta de competências na definição destes limites, a ausência de alternativas e o medo e a ansiedade, acabam por criar a tempestade perfeita que está a afectar seriamente trabalhadores de todo o mundo.
Um outro efeito secundário que parece ser comum a muitos dos que confessam sentir uma enorme fadiga pandémica está relacionado não só com o excesso de carga de trabalho, mas também com um aparentemente paradoxal refúgio no próprio trabalho como forma de anestesiar a frustração de pouco ou nada se ter para além dele. A sensação de perda de controlo das nossas vidas, o facto de socializar com a família e com os amigos estar fora de questão e de não sentirmos o tempo livre como “livre”, está a contribuir para que muitos trabalhadores, e numa tentativa de evitar tornarem-se passivos ou inactivos, tentem compensar esta estagnação forçada investindo mais tempo e esforço na vida profissional. Os investigadores sublinham a ideia de que o trabalho a partir de casa altera substancialmente a percepção que temos do tempo, o que leva a que os limites entre as horas de trabalho e o tempo livre se esbatam, se confundam e que acabemos por investir demasiado no trabalho com a desvantagem de sentirmos que não estamos a receber nada em troca. Ou seja, para muitas pessoas o trabalho passou a ser cada vez mais um refúgio e não uma fonte de prazer ou realização.
Por outro lado, a relação com o próprio trabalho está igualmente a alterar-se e mediante diversas formas. Como comenta a psicóloga clínica Johanna Rozenblum, trabalhar arduamente nesta fase em particular pode significar várias coisas. “Se algumas pessoas o fazem para proteger os seus postos de trabalho devido ao fantasma do desemprego [existindo também empresas que chantageiam os seus colaboradores para trabalharem mais horas sob pena de virem a serem despedidos], outras há que se agarram às suas rotinas e ritmo de trabalho, como um meio de contrariar o medo, a incerteza, a raiva e todas as emoções desagradáveis que põem em perigo o seu bem-estar psicológico”. E se o trabalho pode ser um salva-vidas para se ultrapassar tempos difíceis,”a longo prazo, isto não é viável”, garante.
Questionada sobre que tipo de perturbações emergentes ou agravadas tem vindo a observar nos seus pacientes à medida que o confinamento se prolonga, a psicóloga clínica elege a ansiedade como aque maior prevalência tem, com os sintomas mais comuns a abarcarem episódios depressivos, incluindo a anedonia [caracterizada pela perda significativa ou incapacidade de sentir prazer em actividades que antes eram consideradas agradáveis], a tristeza, visões muito sombrias relativamente à situação geral vigente, falta de energia e motivação, e distúrbios do sono. E se, à primeira vista, estes sentimentos podem ser considerados como “normais” no contexto anómalo que estamos a viver, existe o perigo de os subvalorizar até que a depressão ou o burnout se instalem e se tornem muito mais difíceis de combater.
Por todas estas razões, as empresas deverão estar particulamente atentas a sinais de potencial sofrimento psicológico nos seus funcionários – mesmo que não seja propriamente fácil identificá-los, em particular através de um ecrã ou de outras ferramentas tecnológicas – e a agirem em conformidade para os poder ajudar.
A disponibilidade de ajuda psicológica por parte dos empregadores é uma prática que está a assumir uma importância cada vez maior em muitos programas direccionados para o bem-estar dos colaboradores [v. testemunhos da Baxter, Bel, EDP e Fidelidade Assistência nesta edição], e são fortes os sinais que indicam que a saúde mental está, finalmente, no mapa dos grandes males que exigem preoucupações redobradas, com o sector empresarial a dar um bom exemplo.
Stress, culpa e saturação
O Financial Times publicou, esta semana, os resultados de um inquérito que, ao longo dos últimos meses, tem vindo a fazer aos seus leitores sobre os efeitos da pandemia e do teletrabalho na saúde mental dos trabalhadores. E qualquer semelhança com a nossa realidade, não será, de todo, pura coincidência.
Os respondentes, provenientes de vários cantos do mundo, expressaram as suas visões relativamente às dificuldades (mas também benefícios) das novas práticas de trabalho e sobre as exigências acrescidas decorrentes da pandemia que afectaram, de uma forma ou de outra, a sua saúde mental. As respostas expressam também as áreas da sua vida – desde a senioridade na carreira, o ambiente laboral “doméstico” e as responsabilidades para com outros membros do seu agregado – com mais impacto na capacidade de cumprirem ou não as suas obrigações laborais. Os dados recolhidos mostram igualmente que “o estado psicológico” varia de país para país, com os britânicos a serem os mais susceptíveis a relatar que a Covid-19 prejudicou a sua saúde mental (65%), seguidos pelos habitantes de Hong Kong (63%) e da Itália (62%) e com os alemães a assumirem-se como os menos afectados (44%).
Seguem-se alguns dos principais lamentos expostos pelos leitores inquiridos e que expressam o estado de exaustão a que crescentemente temos estado sujeitos.
- Mensagens de empregadores para os trabalhadores dizendo-lhes para darem prioridade ao seu bem-estar foram bem-vindas, bem como sessões de meditação, apps variadas e ofertas de terapia. Contudo, para uma significativa percentagem dos trabalhadores, a simpatia e as iniciativas dedicadas ao bem-estar não abordaram – nem mitigaram – a carga de trabalho em excesso. [a título de exemplo, uma investigação realizada pela Universidade de Stanford concluiu que mais de um terço dos americanos que trabalhavam a partir de casa em Agosto passado passaram o tempo que teriam utilizado no seu trajecto de ida e volta a fazer trabalho extra]. Muitos foram também os respondentes que citaram a “chantagem” relacionada com potenciais despedimentos. “Disseram-me para trabalhar mais e com mais inteligência e que se não o fizer posso ser substituído”, afirmou um deles, com um outro participante no inquérito a relatar estar tão preocupado com a perda do seu emprego que tirou apenas dois dos seus 40 dias de férias acumulados.
- Foram igualmente relatadas histórias sobre pessoas que se viram obrigadas a apresentar baixa devido a situações de burnout, mas que encontraram, no regresso ao trabalho, não só o seu serviço normal, mas todo aquele que tinham deixado por concluir, mantendo-se as exigências que levaram ao próprio burnout.
- Vários gestores sublinharam a dificuldade de supervisionar empregados à distância perante todas estas mudanças sem precedentes, afirmando-se mal equipados não só paragerir as exigências do trabalho à distância, como também para lidar com a saúde mental das suas equipas.
- A falta de feedback por parte das chefias foi igualmente citada por vários respondentes. A incapacidade de avaliar o desempenho, particularmente sentida pelos mais jovens e recém-chegados a um posto de trabalho – aumentou os seus níveis de stress e de ansiedade.
- Sem surpresas, o stress relacionado com o encerramento de escolas e de infantários tem tido um custo acrescido para os pais. “Preocupo-me constantemente se os meus filhos estão seguros no berçário ou se os devo ter em casa comigo”, afirmou uma participante, acrescentando que “estou apenas a sobreviver, a trabalhar e a tentar dar a atenção devida aos meus filhos, em detrimento da minha própria saúde mental, o que não é sustentável”. Outra respondente declarou que, desde o início da pandemia, se sente como uma “trabalhadora com responsabilidades de trabalho do século XXI e responsabilidades domésticas dos anos 50 do século XX”, ao ter de equilibrar a gestão de uma equipa com os cuidados necessários a uma criança pequena. Ou, como escreve outra: “na maioria das reuniões Zoom, tive de ter os meus filhos comigo. Consegue imaginar levar os seus filhos a uma conferência de trabalho e não saber quando é que estes podem fazer uma birra? É simplesmente impossível tomar conta dos filhos ao mesmo tempo que se trabalha. Sinto-me constantemente culpada pelos meus filhos e também pelo trabalho. Grito muito mais [com os filhos] do que antes e o sentimento de frustração é arrasador” [de sublinhar o impacto acrescido que a pandemia tem tido nas mulheres].
- Mas se a carga de trabalho aumentou para quem tem filhos a cargo, o mesmo aconteceu para quem não tem. Uma das inquiridas declara que a sua carga de trabalho duplica facilmente em dias bons e, em dias maus, “quadruplica”, devido a ter assumido tarefas de colegas que são pais: “não há nada que eu possa fazer para aliviar esta realidade, pois o trabalho tem de ser feito”, acrescentando que sente não ter direito a queixar-se “nem sequer falar sobre a minha saúde mental”, porque não tem filhos. “É extremamente difícil falar sobre isto, porque é claro que estou feliz por ajudar e sei que as suas vidas são mais difíceis do que posso imaginar. “E sinto-me culpada no que por vezes penso, que é como a minha vida, saúde mental, stress e bem-estar não importam, porque não tenho filhos”, sublihando igualmente o tema da solidão que, a seu ver, não é apenas um problema social, mas “tem igualmente um grande impacto no trabalho, dificultando a concentração”, diz.
Ou, e em suma, cumprir as exigências laborais e manter a sanidade mental em tempo de confinamento prolongado é cada vez mais difícil.
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