Soldado alistado, bombeiro, piloto de aviação, general ou polícia. As profissões mais stressantes do ano são perigosas ou desgastantes. Mas ser CEO ou relações públicas também dá direito a integrar o Top 10 do relatório da CareerCast, segundo o qual há um aumento dos níveis de stress em trabalhos realizados em locais inóspitos, com prazos apertados ou que envolvem tarefas muito detalhadas. Um ‘efeito’ que se produz independentemente do sector de actividade, remuneração, ou nível de educação dos profissionais
Stress. Nos dias de hoje, quem não o conhece, ao vivo e a cores? No mundo real, e no mundo do trabalho, em particular, é impensável não experienciar níveis de stress (leia-se, pressão sentida em resposta a situações particulares, sejam elas concretas ou imaginadas), em maior em menor grau. Apesar de a nossa resposta ao stress ser um factor inerente às nossas características biológicas, e ter constituído, outrora, um factor chave para a sobrevivência dos nossos antepassados, hoje “raramente temos de nos preocupar em ‘ser comidos vivos’ no ambiente de trabalho, já que o conceito de stress é muito diferente, e sentido de um modo mais consistente”. Quem o diz é a CareerCast, uma das maiores plataformas online americanas dedicada a oportunidades de emprego especializado. A organização, autora do relatório The 10 Most Stressfull Jobs of 2012, realizado anualmente e cuja mais recente edição foi divulgada esta semana, adianta que entre as duzentas profissões consideradas no estudo, perigo e riscos são ingredientes comuns às que integram o Top 5 das mais stressantes: soldado alistado, bombeiro, piloto de aviação comercial, general das forças militares e polícia. Seguem-se, na sexta posição, os coordenares de eventos, na sétima, os executivos de relações públicas, na oitava, os Altos quadros executivos, incluindo os CEO, na nona, os fotojornalistas (com destaque para os que trabalham em zonas de conflito) e, na décima posição, os taxistas. Remuneração não é decisiva Os critérios para determinar os níveis de stress em cada profissão utilizados pelos investigadores da CareerCast abrangem estes onze factores, relacionados com este conceito tão globalizado. À prevalência de cada factor ao longo do tempo corresponde a atribuição de uma dada pontuação.
As principais conclusões do relatório de 2012 apontam para um aumento dos níveis de stress em trabalhos realizados em locais perigosos, com prazos apertados ou que envolvem tarefas muito detalhadas. Este ‘efeito’ produz-se independentemente do sector de actividade, remuneração, ou nível de educação dos profissionais. Segundo Tony Lee, editor do CareerCast.com, cada profissão suscita níveis de stress diferenciados. Mas em todas elas é possível encontrar opções positivas para evitar essa tensão que mais não é do que “a soma de respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos e que permitem ao indivíduo superar determinadas exigências do meio ambiente, bem como o desgaste físico e mental causado por esse processo”. Certo é que as diferenças salariais não são o factor mais influente para a acumulação de stress. O site dedicado à promoção de oportunidades de carreira elege ainda, no relatório The 10 Least Stressful Jobs of 2012 as profissões de técnico de arquivos médicos, joalheiro, cabeleireiro, costureiro e técnico de laboratório como as menos stressantes do ano, demonstrando que, na realidade, os profissionais da actividade mais stressante pouco recebem a mais do que os da actividade menos stressante. De acordo com um estudo realizado pela American Psychological Association, mais de um terço (36 por cento) dos trabalhadores manifestam sentir-se tensos ou stressados durante a sua rotina diária de trabalho. Do total de inquiridos, vinte por cento classifica em oito, nove ou dez o seu nível de stress relativamente à profissão, numa escala de dez. Para Karen Sothers, uma especialista norte-americana em redução dos níveis de stress, uma das diferenças entre nós e os nossos antepassados é que nós conseguimos viver mental e emocionalmente em constante tensão. O que “pode levar a um sistema nervoso num estado de quase permanente excitação”, alerta Sothers. Na sua opinião, é fundamental “regular os pensamentos e emoções, de modo a que possamos responder habilmente aos desafios”. Pouco surpreendente é que a maioria dos profissionais avaliados no relatório se sinta stressada. Afinal, “o nível de incerteza no local de trabalho aumenta exponencialmente o nível de stress das pessoas”, explica. E os tempos não são de outra coisa, senão de incerteza. Prazos e pressões são factores de tensão Na segunda posição, os bombeiros pagam os perigos que enfrentam diariamente, a rotina de luta contra o tempo e a pressão para tomadas de decisão rápidas com um total de 60.26 na escala. Seguem-se os pilotos de avião, líderes do ranking no ano passado (com 59.53 na escala de stress), e nesta edição de 2012, já na terceira posição, mas com um nível semelhante: 59.59. A missão de coordenar tropas, gerir pressões e timmings e lidar com baixas entre os seus soldados fazem dos generais os quartos mais pontuados, com 55.17 pontos. Em quinto lugar, os polícias acusam a rotina profissional em permanente apreensão, face à missão de garantir a segurança pública (com uma pontuação de 53.63). Já em sexto, os coordenadores de eventos revelam o seu desgaste em conciliar tarefas, prazos e exigências para produções de sucesso. A tarefa exige a manutenção de bons relacionamentos e capacidade de resposta rápida aos desafios, e talvez por isso, totaliza 49.85 na pontuação do ranking. Por seu turno, os directores de relações públicas trabalham muitas horas diariamente e precisam de manter em permanência, nem que seja aparentemente, o controlo das situações, o que coloca estes profissionais na sétima posição, com 47.56 pontos. Enquanto os executivos sénior atingem níveis de desgaste com a escalada ao topo da carreira: os CEO ocupam a oitava posição do ranking no ranking de stress, com 47.41 pontos, porque ao estatuto profissional corresponde a pressão contínua sobre a suas capacidades e tomadas de decisão, em inúmeras áreas. A pressão por resultados, a responsabilidade de conhecer e gerir em profundidade vários departamentos e a necessidade, por vezes, de tomar decisões difíceis e a prazo, com efeitos negativos para os trabalhadores, contribuem para a sua presença no Top 10 da CareerCast. Em nono lugar, os fotojornalistas enfrentam dificuldades em locais inóspitos para onde se deslocam em reportagem. Poucas condições de trabalho, ordenados pouco atractivos e uma rotina de trabalho sem horários, se preciso for, atribuem a esta profissão 47.09 pontos. Finalmente, na última posição, os taxistas somam 46.20 pontos, no ranking das dez profissões mais stressantes de 2012. Pior que enfrentar o trânsito, é enfrentar o crime urbano, de que são “um dos principais alvos”, conclui o relatório.
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Jornalista