Com base em conversas com centenas de líderes a operar no sector dos serviços de marketing analítico, a consultora Heidrick & Struggles publicou um estudo sobre a nova guerra de talentos que, cada vez mais agressiva, se impõe no domínio do marketing. Identificar desafios e prioridades numa altura em que o marketing é cada vez mais digital e relacional torna-se crucial para que as marcas atraiam e retenham clientes. E, para tal, saber fazer a ponte entre pessoas, processos e tecnologias tem de fazer parte das competências dos novos líderes
“O marketing tem vindo a emergir como a força motriz por excelência na estratégia de negócios e, como resultado, os líderes desta área tornam-se crescentemente valiosos. São muito mais as opções de carreira agora disponíveis e é crescente o número de empresas que está a colocar os seus marketers em posições de liderança comercial de elevada visibilidade. Por outro lado, é agora muito mais difícil atrair, recrutar e reter estes talentos pois existem muito mais opções ao seu dispor. Damos prioridade aos candidatos com um conjunto alargado de competências provenientes de várias funções de marketing e de gestão de marca. Temos de considerar prioridades de curto e longo prazo, em conjunto com as exigências do nosso próprio negócio, quando fazemos contratações para níveis seniores. Ou, em suma, tem tudo a ver com a criação de um portefólio de talento no interior da nossa empresa. Temos de assegurar a existência de uma equipa diversificada que consiga lidar com as necessidades em constante mutação dos nossos clientes” Existe uma nova guerra pelo talento nos serviços de marketing analítico. O sector está a ser alvo de um crescimento verdadeiramente explosivo, devido à influência de tendências significativas como a denominada Big Data (grandes volumes de dados, estruturados e não estruturados), o marketing digital, a sua automatização e a centralidade do cliente.Com estas tendências a ganharem um peso cada vez mais importante nos negócios, empresas de diferentes indústrias convergem neste mercado emergente, enfrentando assim uma verdadeira guerra pelo talento. A necessidade contínua por talentos técnicos, em particular por cientistas e analistas de dados, tem sido bem documentada e manter-se-á como uma grande preocupação para qualquer que seja o negócio cujo motor inclua a pertinência e a análise de dados. Todavia, e como alerta um estudo realizado pela Heidrick & Struggles, intitulado The New War for Talent in Analytics and Marketing Services, o que é geralmente negligenciado neste tipo de análises é o facto de ser absolutamente prioritário a existência de um forte talento comercial para evangelizar, comercializar e conferir uma escala elevada a estes novos negócios de serviços. Ao longo do ano passado, a consultora Heidrick & Struggles conversou com centenas de líderes no sector do marketing de serviços e de analytics com o objectivo de identificar os seus principais desafios, bem como as suas prioridades no que respeita à contratação e retenção de talentos nesta área. E uma prioridade comum aos entrevistados revelou-se ser a necessidade de se recrutar líderes que sejam igualmente capazes de se envolverem, com o mesmo compromisso, com os Chief Marketing Officers (CMO) e com os Chief Technology Officers (CTO), sendo a sua função inspirar as organizações que, cada vez mais, se estão a tornar integradas e multifuncionais. Repensar, redefinir e reconsiderar Repensar o processo de recrutamento E como afirma o CEO de uma empresa líder na área da adtech: A verdade é que temos de ser muito cuidadosos relativamente à forma como construímos as nossas equipas e a liderança das nossas empresas. O jogo alterou-se e as mesas foram viradas ao contrário. Temos de transformar o processo de recrutamento na sua origem. A concorrência é tão intensa que não podemos apenas competir em termos de compensação. Temos de saber competir no valor que representa a oportunidade para o candidato em causa. Temos de mudar a abordagem e o diálogo com os candidatos. Qualquer pessoa que queiramos contratar pode ir para onde quiser” Apesar de a urgência nunca poder destronar um processo cuidadoso e criterioso de selecção, os executivos devem perceber que, neste mercado, o melhor talento será não só perseguido pelos concorrentes tradicionais, como por outras empresas pertencentes a múltiplos sectores.
Redefinir os critérios de escolha “A forma como seleccionamos e contratamos pessoas alterou-se fundamentalmente. É o caos. Esta nova geração de talentos é extremamente móvel e está constantemente à procura da ‘próxima área quente´. Daí que seja necessário pensar e avaliar o talento de uma forma completamente diferente. Olho menos para o currículo e concentro-me mais nas competências core. Tudo o quefazemos está concentrado em novos serviços ou em novos mercados. E longe vão os tempos em que encontrava alguém com uma carreira extensa feita numa função ou indústria específica. Preocupo-me em saber de que forma é que um candidato descreve as suas competências cruzadas e em que contextos foram estas adquiridas. O recrutamento actual tem mais a ver com encontrar o melhor talento que trabalhou com as melhores marcas do que propriamente encontrar alguém que se encaixe numa carreira tradicional”. A verdade é que neste mercado de evolução rápida, as empresas têm de saber escutar e aprender a partir das diversas experiências que o candidato possui, mesmo que este pareça não se alinhar com um conjunto restrito de critérios de escolha. As evidências em torno de inovações e comercializações bem-sucedidas com marcas importantes constituem a regra de ouro e as empresas têm de ser criativas no que respeita às origens dos seus talentos. Reconsiderar a forma como se atrai um candidato Por fim, e quando considerarem a contratação de um novo executivo, as empresas deverão considerar as forças totais da sua equipa de liderança bem como as competências encontradas nos níveis mais jovens de forma a estabelecer prioridades nas competências e experiências que são mais críticas para assegurar o sucesso geral do negócio. E as empresas mais bem-sucedidas serão aquelas que conseguirem criar equipas excelentes compostas por competências complementares. “Os vencedores serão aqueles capazes de integrar de forma eficaz, a interacção offline e os dados pessoais com os fluxos de dados anónimos online. Para tal, é necessário que exista um líder sofisticado de marketing analítico capaz de integrar as pessoas, os processos e a tecnologia das bases de dados tradicionais, da web analytics e da ciência do Big Data. O que está em jogo é significativo e as coisas estão apenas a começar a aquecer. A guerra do talento com a qual lido todos os dias é similar à que aconteceu durante o boom das dotcom”. |
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Editora Executiva