Os efeitos negativos da atual conjuntura económica não se concretizam apenas nas suas consequências diretas – o aumento (in)justificado dos preços do cabaz alimentar, o preço das casas a níveis históricos, a escalada das prestações bancárias, a subida vertiginosa dos preços dos combustíveis e o agravamento dos custos da energia.
POR MARTA MESQUITA

A pressão gerada pelo desequilíbrio cada vez maior entre o rendimento disponível das famílias e a necessidade de dar resposta aos compromissos financeiros, gera uma pressão que se torna, frequentemente, difícil de gerir. 

Além de manifestações diretas como a subida da conflitualidade ou o aumento da intolerância, a degradação da Saúde Mental, já bastante prejudicada pelos anos da pandemia, acaba por ser um resultado previsível.

Aliás, a Organização Mundial da Saúde (OMS) é clara na forma como tipifica o impacto das determinantes sociais na Saúde Mental – “A exposição a circunstâncias sociais, económicas, geopolíticas e ambientais desfavoráveis – incluindo pobreza, violência, desigualdade e privação ambiental – também aumenta o risco de as pessoas apresentarem problemas de saúde mental.”

Ou seja, a crise e a incerteza financeiras que enfrentamos não têm, apenas, efeitos tangíveis. Há todo um manancial de consequências ‘invisíveis’ que se vão instalando, que vão minando a confiança dos cidadãos, a sua capacidade de resistência e de organizar uma resposta aos problemas, que muitas vezes conduz a uma redução do bem-estar e da saúde mental.

Para a OMS é necessária uma reação coletiva, uma atenção dos Governos e das autoridades de Saúde, organizando respostas e, se possível, apostar em ações de prevenção. 

“As intervenções de promoção e prevenção funcionam identificando os determinantes individuais, sociais e estruturais da saúde mental e, em seguida, intervindo para reduzir os riscos, construir resiliência e estabelecer ambientes de apoio à saúde mental. As intervenções podem ser projetadas para indivíduos, grupos específicos ou populações inteiras”, refere a OMS.

Além da organização da resposta e da adequação da dimensão da intervenção necessária, a abordagem, tendencialmente, deve ser construída de forma holística, multissetorial.

Para a Organização Mundial da Saúde, “a reformulação dos determinantes da saúde mental muitas vezes requer ação além do setor da saúde e, portanto, os programas de promoção e prevenção devem envolver os setores de educação, trabalho, justiça, transporte, meio ambiente, habitação e bem-estar.”

A coordenação destes esforços deve estar assente, naturalmente, nos sistemas de Saúde, o que pode ser um problema no nosso país, devido à crise da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde. 

A OMS, uma vez mais, é lapidar na forma como os cuidados devem ser organizados, forçando a uma responsabilização dos Cuidados de Saúde Primários– “Os cuidados de saúde mental baseados na comunidade, que são mais acessíveis e aceitáveis do que os cuidados institucionais, ajudam a prevenir violações dos direitos humanos e proporcionam melhores resultados de recuperação para pessoas com problemas de saúde mental. Os cuidados de saúde mental baseados na comunidade devem ser fornecidos por meio de uma rede de serviços inter-relacionados.”

E a este desafio, o Estado Português tem de dizer – presente. Também por isso, a DECO PROTESTE elegeu a Saúde Mental como uma das suas prioridades fundamentais para 2023. 

Alertar, prevenir, formar, organizar respostas são os passos essenciais. Apostar na promoção da Saúde Mental e tratar a doença mental tem de ser uma tarefa nacional.

Fonte: OMS

Marta Mesquita

Licenciada em Comunicação Empresarial, Marta Mesquita Pais, conta com mais de 20 anos de experiência em comunicação estratégica de marcas e empresas, nacionais e internacionais, dos setores das telecomunicações, turismo, retalho, distribuição, alimentação e saúde. Atualmente, é Public Affairs Officer na DECO PROTESTE, onde tem a oportunidade de trabalhar, diariamente, uma multiplicidade de temáticas relevantes em Defesa do Consumidor português.