Quando se perfazem seis meses sobre o extraordinário evento do Verão de 2023, a ACEGE Next convidou os associados para um dia de reflexão na Universidade Católica. Carmo Teixeira Diniz e Salvador Mathias fazem o acolhimento. Oportunamente baptizado como NEXT SUMMIT, este encontro convida os jovens à reflexão sobre o passado, presente e futuro. Perante uma plateia com umas boas dezenas de espectadores atentos, ambos agradecem as presenças e manifestam o seu entusiasmo com o evento. Afirmam que os jovens da ACEGE não estavam juntos desde 2019, pelo que a celebração é realmente grande
POR PEDRO COTRIM
As primeiras palavras dos apresentadores vão para a ACEGE e para o seu presidente, João Pedro Tavares. Nas palavras deles, mostrou-se sempre disponível para o que fosse necessário. Agradecem ainda à ACEGE o seu compromisso pela excelência e pelos valores cristãos e éticos no trabalho. Agradecem à UCP as instalações e o apoio ao evento, considerando a colaboração como essencial.
Carmo e Salvador dirigem também uma palavra de agradecimento aos voluntários e aos respectivos núcleos – pela primeira vez, foram reunidos voluntários de todos os núcleos: Porto, Braga, Coimbra, Lisboa e Santarém. Dedicaram muito tempo à organização do evento. Relatam o caráter incansável em todos os detalhes do Summit para que não fosse apenas mais um evento, mas uma experiência memorável – nove semanas intensas que culminaram neste dia.
Agradecem ainda à Ecclesia, que faz a cobertura do evento. Esta presença garante que estas mensagens e aprendizagem chegam a mais pessoas.
Afirmam que os convidados são a essência do evento e que contam com todos. Que, no final do dia, haja um compromisso com o crescimento coletivo e com a construção de um futuro mais promissor, mais sustentável e mais ético.
Informam os presentes que ao longo do evento haverá oportunidade de todos se conhecerem melhor, de explorar fronteiras e de desafiar convenções, fazer pontes com a sociedade, com a igreja e entre todos. Manifestam confiança em que a jornada seja um catalisador de construção após as JMJ. Não querem que as coisas fiquem pela teoria e querem que haja mais ação na sociedade. Sem os jovens, numa altura tão crucial, não será possível pensar no futuro.
Convidam então João Pedro Tavares ao palco com os desejos de que seja um dia de fortalecimento do compromisso dos jovens.
O presidente da ACEGE dispensa o microfone para poder falar com mais proximidade. Nas suas palavras, há dias que nasceram para ser de esperança. Afirma que este é um dia assim e que sente enorme alegria pelo que vê. Confessa-se curioso e garante que vai aprender. Salienta que alguns dos presentes aprenderam nestes mesmos bancos. Convida todos a serem participantes, agentes ativos. Acrescenta que o mundo precisa de uma visão nova e renovada e que os jovens estão ali para tal.
Prossegue com graça e afirma que Next da Acege não significa que a sua hora já tenha chegado; não é after, é agora. É futuro mas é presente. Pede aos jovens que sejam protagonistas, que bem vale a pena. Acrescenta que Darwin afirmava que os vencem na vida não são os mais fortes nem os mais inteligentes, mas os que se adaptam à mudança. Para João Pedro Tavares, são os que são os que não desistem dos sonhos. Pede aos presentes que sejam a própria voz activa e afirma querer que o sejam na ACEGE.
Termina mencionando os grandes sonhos dos jovens, mas assegura que sonha há muito mais tempo que eles. Diz que há alguém presente que sonha há muito mais tempo que ele próprio e que é o jovem mais antigo da sala: o primeiro presidente, o João Alberto Pinto Basto.
E João Pedro Tavares fala um pouco da história da ACEGE que se funde com a história de vida do ilustre orador que se irá seguir. João Alberto Pinto Basto fundou a UCIDT (União Católica dos Industriais e Dirigentes do Trabalho) em 1952. Em 1974, tiveram de se esconder. Foi um período de revolução e os empresários e gestores cristãos não eram muito bem vistos, segundo o atual presidente.
O presidente da ACEGE prossegue a narrativa: «Esconderam-se como se estivessem nas catacumbas e assim ficaram até 1998. Foi a perseverança destes jovens na altura que nunca deixou que esta chama deixasse de brilhar. Este homem é fundador da ACEGE e ele diz muitas vezes que sonhou com isto. Hoje é um dia de sonho realizado – agradeço muito à Carminho e ao Salvador – e convido o nosso presidente João Alberto para o palco».
João Alberto Pinto Basto
Saudado com uma tremenda salva de palmas, o presidente emérito da ACEGE conta que num almoço, há apenas três dias, lhe perguntaram se queria dizer alguma coisa. Diz que resolveu em boa hora vir conhecer a ACEGE next. Confessa que era um sonho, mas que dissera a João Pedro Tavares que não queria atrapalhar os mais jovens no trabalho.
Emocionado, conta de como é a única pessoa viva que conhece a ACEGE desde a fundação e promete ser breve. Eram seis os jovens empresários de Coimbra, acompanhados pelo Monsenhor João Evangelista, cheios de entusiasmo e perseverança, de fé viva, que lançaram a UCIDT. Um deles disse qual seria a missão da UCIDT: «Travar uma luta no coração dos homens que são responsáveis pelo campo do trabalho, sabendo que o problema social dos nossos dias é o problema do homem; Cristo, o nosso Chefe, não nos trouxe nem planos nem fórmulas, contentou-se em falar do amor».
Prossegue, afirmando que UCIDT não era fácil de dizer e que houve uma congénere italiana com um nome semelhante, a UCID (Unione Cristiana Imprenditori Dirigent) que ajudou grandemente a associação portuguesa de então. Começaram Coimbra, mas passado pouco tempo a sede foi transferida para Lisboa.
Na década de 60, João Alberto Pinto Basto era ainda estudante. Foi mobilizado para África e pouco sabia do que se passava, mas era informado de que a UCIDT atravessava um período áureo. Muitos empresários passaram a ser associados. Conta que depois vem o 25 de Abril e a ACEGE foi espoliada de tudo. A sede foi ocupada e tudo desapareceu. Conforme dissera João Pedro Tavares, esteve quase vinte anos desaparecida. Entrou depois uma nova direcção, da qual ele próprio fez parte, e alteraram-se os estatutos e mudou-se efectivamente o nome.
O presidente emérito conta que se fizeram-se coisas fantásticas, mas que depois de ver o que vê hoje, percebe que não é necessário falar do passado. Fez-se muita coisa importante, mas vê ali o futuro. Confessa ter descoberto ao longo da vida, e com a graça de Deus, o que é importante. Afirma ter descoberto um Jesus totalmente diferente do que conhecia até então.
João Alberto Pinto Basto nasceu numa família católica, estudou em colégios jesuítas e Jesus passou a ser o seu Amigo por excelência. Afirma não se poder queixar da companhia nem do que Ele tem feito. «Deus é amor e ama cada pessoa com amor incondicional e está sempre presente no coração de cada um. Quando nos dedicamos ao trabalho, pensando nos outros e em espírito de missão, faz toda a diferença. Não desisto, apesar de por vezes haver desaires. Obrigado a esta nova ACEGE que eu não conhecia e obrigado por me fazerem lembrar este percurso.»
Com uma grande salva de palmas, o presidente emérito sai do palco. Entra o Pe. Lourenço Lino, que irá falar da proposta espiritual.
Começa por saudar o fundador da ACEGE e agradecer-lhe as belas palavras. Acrescenta que é um testemunho de fé, um enquadramento histórico e que também permite perspetivar melhor a missão da ACEGE e a sua ação na sociedade. Como é visível pela aparência inegavelmente jovem, afirma que é padre há pouco tempo e que é muito bonito ver os pontas de lança da igreja, que são os leigos que estão no mundo e que têm mais intervenção na sociedade, que estão no mundo do trabalho, das empresas, podem levar avante o projecto de amor que é o cristianismo e contagiar o mundo inteiro.
Nas suas palavras: «Não pretendo alongar-me. Temos aqui uma dinâmica espiritual para vos propor, e uma vez que o tema do nosso encontro é passar da teoria à prática, e com o impulso das JMJ, e sermos empreendedores, pessoas que testemunham que empreendimentos e nos mostram força para transformar o mundo».
Afirma que todos temos de ser empreendedores de alguma coisa. A fé também é um empreendimento que carece de obras. A dinâmica que propõe, e que será espelhada na missa, é da parábola dos talentos, do Evangelho de São Mateus, sobre o capital que temos para empreender e que Deus nos concedeu para desenvolver.
O Padre Lourenço Lino prossegue, falando dos nossos talentos e das nossas capacidades, e também do que somos chamados a fazer, sentindo-nos interpelados para agir. «Uma coisa em se se sintam convocados a investir. Um capital que sintam já tenham para depois investir em alguma coisa de útil, de cristão, de espiritual. Na missa, no ofertório, as crianças gostam de pedir a moeda. Vamos fazer esse papel e vocês oferecem-na. A missa é a oferta de Cristo, é a oferta do todo que Cristo é para a salvação do mundo. Nós não podemos igualar esta oferta, mas podemos igualar-nos a ela. Propomos-vos que o façam simbolicamente com esta moeda e que possam ir preparando a missa com esta moeda. Na missa irei levantar, com Cristo, como oferecimento ao pai.»
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