No âmbito da sessão de encerramento da 3ª fase do Programa AconteSer – Liderar com Responsabilidade, a qual teve lugar em Torres Vedras, no passado dia 25 de Junho, coube a António Pinto Leite, presidente da ACEGE, fazer um breve enquadramento do caminho já percorrido – e consequentes resultados – da iniciativa Compromisso Pagamento Pontual, a qual tem merecido um marcado destaque enquanto eixo fundamental deste projecto
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Sublinhando a importância das entidades parceiras que, ao longo dos últimos anos, têm apoiado e “dado a cara” por esta iniciativa – CIP, IAPMEI, APIFARMA e CGD – e sem esquecer o precioso apoio da União Europeia, via QREN-COMPETE – Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional, António Pinto Leite sublinhou a “pequena dimensão” da ACEGE, comparativamente aos demais “parceiros de peso”, não escondendo, porém, a presença forte da primeira na medida em que e acima de tudo, esta “não defende interesse algum, a não ser o do bem comum”. Razão pela qual, a seu ver, tem vindo a ser tão bem-sucedida na relação com “estes grandes e leais parceiros”.

Para o presidente da ACEGE, é importante deixar claro, face ao esforço efectuado ao longo de todo este período em que a associação a que preside se tem dedicado ao “conceito de liderar com responsabilidade”, que o mesmo é “tipicamente cristão”, na medida em que o que mais importa é o facto de “se acreditar que é possível fazer a diferença”. E é esta crença que explica a transversalidade a todo o programa no que respeita ao “envolver pessoalmente os líderes das PME”, um esforço que tem sido contínuo e decisivo também para “trabalhar com o apoio em grandes redes, regionais e locais, com o apoio das câmaras e das associações empresariais”, em conjunto com as centenas de organizações que já aderiram, em particular, ao Compromisso Pagamento Pontual.

Socorrendo-se dos resultados “devastadores” que constam dos estudos elaborados no âmbito desta iniciativa de “pagar a horas” – os quais traduzem, em números, as consequências inimagináveis de não se cumprirem prazos de pagamento -, António Pinto Leite afirma estarmos perante um enorme “problema de consciência”. E que se, no ditado popular que reza “pagar e morrer, quanto mais tarde melhor”, concorda com a segunda parte, no pagar “há que ter atenção para não se matar os outros”. Enquanto católico que procura viver de acordo com a sua fé, “pagar tarde em Portugal não é apenas um desastre económico, mas também um desastre humanitário”, afirma, referindo-se ao número vergonhoso de pessoas que perdem o seu emprego devido ao não pagamento a horas por parte de muitas empresas.

E é para inverter a ideia “amarotada” que continua a subsistir no nosso país – “o Portugal dos espertos” e que é um “verdadeiro desastre”, que a aposta em potenciar uma liderança responsável nas PME tem sido uma bandeira agitada pela ACEGE. Recordando que a desculpa dada por muitos “que se o Estado é mau pagador, por que motivo deverei ser eu a fazer diferente?” não serve de justificação “para os que não pagam a horas e nada têm a ver com o Estado”, Pinto Leite sublinha que a ideia que, de forma imperiosa, se tem de passar é a de que “pagar a horas é absolutamente fundamental para a nossa economia e para as nossas empresas”.

E se, por um lado, os dados e informações que constam da sua apresentação sobre esta realidade em Portugal [a qual pode ser acedida no final deste artigo] demonstram não serem ainda satisfatórios, apesar de apontarem para uma tendência positiva, por outro, as cerca de 500 empresas que já assinaram o Compromisso Pagamento Pontual, e o assumiram publicamente, constituem um bom sinal que algo está a mudar na cultura nacional no que a esta temática diz respeito. E se algum “bem” resultou da crise, afirma também, foi o facto de ter aumentado a consciência de “que temos de tomar conta do nosso país, como se fosse um bebé doente que começa agora a dar os primeiros passos na convalescença”.

Assim, aproveitando este “novo” momento, e apostando numa legislação correcta em conjunto com uma gestão responsável, é possível, assegura, “alterar esta cultura que não provoca só desastre económico, como sofrimento social”.

O presidente da ACEGE alertou ainda para o facto de pouco valer a existências de políticas de responsabilidade social empresarial muito avançadas, se as empresas não se comprometerem a pagar de acordo com o prazo acordado com a outra entidade – compromisso que nada tem de irrealista. “De nada vale pintar paredes, limpar jardins ou reflorestar matas, se não se assumir o pagamento a horas como algo central a uma organização”, caso contrário é “uma hipocrisia”, lamenta.

António Pinto Leite terminou a sua apresentação com uma mensagem de manutenção deste compromisso para o futuro, sublinhando ainda que “Portugal depende de nós”.

Para aceder à apresentação de António Pinto Leite sobre o programa, a realidade dos pagamentos em Portugal e as propostas para o futuro, clique aqui.

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