Micro ventures de trabalho voluntário para capacitação de desempregados, aldeias eco-sustentáveis para combate ao envelhecimento e à desertificação, um Banco do Trabalhador com ofertas de ocupação ocasional. Estas são algumas das 25 Ideias de Origem Portuguesa já submetidas na plataforma de incubação de projectos de inovação e empreendedorismo, lançada pelas Fundações Gulbenkian e Talento. A iniciativa, que convoca a diáspora portuguesa a dar respostas aos desafios sociais que o País enfrenta, recebe ideias criativas até ao dia 25 de Março Soluções de eficiência energética chave na mão, moradias auto-sustentáveis com fins culturais e artísticos, micro ventures de trabalho voluntário para capacitação de desempregados, revisão da definição da idade de velhice (tida hoje a partir dos sessenta anos), criação de aldeias eco-sustentáveis para combate ao envelhecimento e à desertificação, melhoria do impacto das organizações sociais através de redes partilhadas de contactos e serviços de apoio empresarial; angariação de fundos para o Terceiro Sector a partir de desafios radicais como escaladas ao Kilimanjaro ou expedições à Antárctida; ou a criação de um Banco do Trabalhador para intercâmbio de ofertas de serviços ocasionais, como jardinagem ou pequenas reparações. Estas são algumas das 25 Ideias de Origem Portuguesa já submetidas na plataforma de incubação de projectos de inovação e empreendedorismo social que convoca a diáspora portuguesa a pensar “novas e melhores respostas para os desafios que o nosso País enfrenta”. O concurso, lançado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação Talento (que visa a prossecução de acções de carácter cultural, científico e social que promovam o talento português e bebam do talento estrangeiro), visa dinamizar as ideias dos portugueses residentes no estrangeiro para que, em conjunto com portugueses residentes no País, as transformem em projectos inovadores nas áreas do Ambiente e Sustentabilidade, Inclusão Social, Diálogo Intercultural e Envelhecimento. Em entrevista ao VER, a directora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano (no âmbito do qual foi criado o FAZ – Ideias de Origem Portuguesa), Luísa Valle, defende que as ideias “de quem vê a nossa realidade a partir de fora, com o distanciamento que lhe permite uma maior racionalidade, mas com a motivação de quem cá deixou o coração, são de certeza um grande contributo para melhorarmos”. E assim se coloca um movimento da sociedade civil a promover “a responsabilidade individual e o exercício de uma cidadania activa, envolvente e participativa”, através de práticas de inovação social, finalidade da iniciativa. Incentivar a formulação e a implementação de novas respostas às necessidades sociais mais prementes, numa lógica de inclusão e de justiça sociais, nas quatro áreas referidas – Ambiente e Sustentabilidade, Diálogo Intercultural; Envelhecimento; Inclusão social -, todas elas “temáticas que marcarão de uma forma muito profunda as nossas sociedades no século XXI”, segundo Luísa valle, é um dos objectivos do FAZ-IOP. Outros são aumentar a participação da sociedade civil na resolução de problemas sociais; promover o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade cívica e de cidadania solidária; fomentar a ligação, o diálogo e a colaboração entre os portugueses da diáspora e os que residem no território nacional; capacitar os cidadãos para o desenvolvimento e implementação de projectos na área social; e, concretamente, financiar um projecto de empreendedorismo ou de inovação social seleccionado no âmbito de um concurso. “Lá se pensam, cá se fazem”
Questionada sobre a opção de o projecto se direccionar exclusivamente à Diáspora portuguesa, e não (também) a projectos de portugueses residentes em Portugal, a directora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano esclarece: “o FAZ é um programa que, admitimos, terá mais componentes, e esta é só uma delas. O grande objectivo é passarmos do paradigma dos dez milhões de portugueses para o dos quinze milhões, e esta iniciativa é um contributo para esse movimento e para o estreitamento de ‘relações’ entre todos”. No âmbito do FAZ-IOP, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Talento lançarão um concurso com o objectivo de financiar a execução de um projecto de empreendedorismo e/ou de inovação social nas quatro grandes áreas escolhidas. O concurso decorrerá em duas fases: a primeira fase corresponde à apresentação e pré-selecção de ideias, enquanto a segunda corresponde à apresentação e selecção do projecto com base nas ideias pré-seleccionadas. O projecto a implementar deverá necessariamente ser apresentado por emigrantes portugueses ou luso-descendentes que, para este efeito, deverão constituir uma equipa de projecto em que, pelo menos, um elemento deverá ser um cidadão português a residir em Portugal. Todas as informações para as candidaturas, incluindo os formulários de submissão, estão disponíveis online. O período de candidaturas à primeira fase do concurso decorre, como referido, até ao dia 31 de Março, sendo as ideias pré-seleccionadas anunciadas até ao dia 15 de Abril. A segunda fase do Concurso decorrerá entre os dias 24 de Abril e 30 de Junho de 2011, data em que se anunciará a candidatura vencedora. A decisão de selecção das candidaturas é da responsabilidade do Conselho de Administração da Gulbenkian, com base numa proposta de um júri independente “composto por personalidades de reconhecido mérito”. Os critérios de selecção centram-se na prossecução dos objectivos que presidiram à instituição do FAZ-IOP e do concurso, bem como o impacto, a originalidade, o carácter inovador e sustentabilidade da contribuição do projecto para a resolução das necessidades sociais nas quatro áreas escolhidas. A candidatura seleccionada será objecto de financiamento até cinquenta mil euros, pela Fundação Calouste Gulbenkian, para a sua implementação no terreno. Às ideias pré-seleccionadas na primeira fase do concurso será facultada uma verba de mil euros, destinadas aos trabalhos e despesas preparatórias da segunda fase do concurso. Os vencedores dos melhores projectos formarão equipa com portugueses residentes no País, para implementar as ideias apresentadas, a partir da “imaginação e capacidade de iniciativa dos concorrentes”, sublinha Luísa Valle, sugerindo que “as redes sociais podem ter aqui um papel importante”. A possibilidade de concretização de um dos projectos, através do financiamento previsto, traduz-se não só numa estratégia de cidadania efectivamente activa, como “no desafio à responsabilidade e à capacidade de concretização”, conclui.
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Jornalista