POR GABRIELA COSTA
Há uma nova plataforma em Portugal que dá a conhecer todas as oportunidades de financiamento nacionais e internacionais disponíveis para a economia social. A GEOfundos foi lançada a 16 de Maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, por iniciativa conjunta de nove entidades do sector – Associação Mutualista Montepio Geral, Call to Action – Consultoria em Fundraising, Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação EDP, Fundação PT, IES-Social Business School, Stone Soup Consulting e TESE – Associação para o Desenvolvimento –, e promete colmatar a falha de respostas adequadas ao nível de informação sobre ofertas e processos de candidatura a fundos nesta área.
A grande mais valia desta que é “a única plataforma online em português” que reúne todas as fontes de financiamento disponíveis para entidades e iniciativas da Economia Social é o facto de divulgar essas oportunidades entre os actores deste sector de uma forma personalizada, isto é adequando-as ao seu perfil através de uma segmentação que torna a pesquisa simples, rápida e dirigida à apresentação de resultados concretos.
Para além do acesso à base de dados gratuita com todos os fundos disponíveis, a GEOfundos permite aceder a um serviço de apoio customizado, adequado às necessidades específicas de cada candidato de forma a promover uma maior eficiência na obtenção de financiamento, através do registo na plataforma e do pagamento de uma mensalidade.
Por um sector mais “forte, capacitado e com sustentabilidade”
Em declarações ao VER, Cláudia Pedra, que apresentou a GEOfundos no lançamento da iniciativa, em representação do consórcio que está na génese da sua criação, sublinha que a plataforma tem como impacto previsto “aumentar a sustentabilidade financeira de médio e longo prazo das organizações e empreendedores sociais”.
A GEOfundos dirige-se não só às organizações sociais como aos empreendedores, “que muitas vezes têm dificuldade em encontrar oportunidades”, tal como as primeiras que, regra geral, “não têm capacidade para procurar todas as ofertas que estão abertas” num determinado momento. Caso optem por subscrever o serviço personalizado, “o próprio site faz a triagem dos projectos que são exequíveis à sua ideia de negócio ou projecto”, explica a Managing Partner da Stone Soup Consulting.
Para além do serviço gratuito disponibilizado através da base de dados que reúne as ofertas de financiamento e recursos financeiros nacionais e estrangeiras, a plataforma disponibiliza um “Espaço de Aprendizagem”, com informação de valor acrescentado para melhorar a aptidão das organizações e projectos na obtenção de financiamento; um “Centro de Especialistas” que agrega todos os prestadores de serviços de capacitação, consultoria e formação dos utilizadores da GEOfundos, dotando as entidades e iniciativas da economia social de apoio específico na sua capacitação organizacional e na preparação de candidaturas para financiamento e o “Apoio GEOfundos”, serviço de Apoio em Linha que esclarece sobre todas as questões relacionadas com a navegação na plataforma, questões administrativas e técnicas ou de gestão e manutenção na plataforma. Estas valências têm por objectivo dar uma resposta integrada e ajustada às necessidades da sua entidade ou iniciativa, com elevado nível de conhecimento.
A par da agregação de todas as ofertas de financiamento e dos serviços especializados que integra, a grande mais-valia desta plataforma é “permitir às organizações e empreendedores encontrar todas as oportunidades de financiamento e investimento num só local, fazendo-os ganhar tempo precioso que podem usar no cumprimento da sua missão”, conclui Cláudia Pedra.
Depois de identificada a necessidade de contribuir para um sector mais “forte, capacitado e com sustentabilidade”, contrariando os entraves que muitas vezes enfrenta no acesso a financiamento sustentável, a ideia de criação de uma iniciativa com estas características – que se quer afirmar como um aliado da Economia Social em Portugal – tem na sua base a vontade comum entre as nove organizações que constituem o consórcio de “criar e partilhar ferramentas de valor acrescentado” para esta área de actividade, contribuindo “para a sua sustentabilidade de médio e longo prazo”.
Todas elas reconhecem que existe também a necessidade de melhorar a transparência na divulgação de oportunidades de fundos; que a atuação dos financiadores poderá ser mais articulada e complementar, nomeadamente através de parcerias; e que há uma necessidade de simplificar e agilizar os processos de candidatura. Ou seja, que existe um caminho a fazer na melhoria da oferta de financiamento.
A nível estratégico, o consórcio responsável pela implementação desta plataforma inovadora desenvolveu já um plano de parcerias que passa por garantir a qualidade da informação na plataforma com a ajuda de um conjunto de parceiros tecnológicos e institucionais, a nível nacional e internacional. “Estão a ser contactadas várias instituições, incluindo a Comissão Europeia, a Organização das Nações Unidas e diversas fundações”, adianta a especialista ao VER. O objectivo da GEOfundos é que estas organizações “nos dêem informação qualitativa e calendários de candidaturas, para podermos divulgar entre as organizações”.
Criar uma árvore de financiamento
Para identificar as oportunidades de financiamento nacionais e internacionais foram mapeados os financiadores / investidores nacionais e internacionais, assim como as áreas de intervenção e tipologias de projetos para as quais estas ofertas estão disponíveis, no momento. Trata-se de “criar uma árvore de financiamento”, sumariza Cláudia Pedra. Como alerta, “as pessoas têm de entender que existem muitos fundos ao longo do ano, mas a plataforma só regista as oportunidades que estão abertas de momento. As restantes oportunidades irão sendo disponibilizadas à medida que abrem os processos de candidatura”.
Nesta plataforma estão já identificadas mais de 120 ofertas de financiamento, das quais 40% são nacionais e 60% internacionais, e que representam um valor disponível superior a 500 mil milhões de euros.
No evento de lançamento da GEOFUNDOS, durante o qual os participantes foram convidados a experimentar a plataforma, testando em primeira mão todas as suas funcionalidades, as entidades que representaram o consórcio que gere a plataforma (Montepio Geral, Call to Action, CASES, Fundações Gulbenkian, EDP e PT, IES, Stone Soup e TESE) demonstraram como, pela sua experiência de atuação junto do sector, congregam conhecimentos e capacidades para desenvolver um projeto deste tipo, respondendo às necessidades existentes.
Para além da apresentação da missão e soluções propostas pela GEOfundos, o Encontro, cuja sessão de abertura foi presidida pelo Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, integrou um debate dedicado ao “Financiamento sustentável do futuro”.
Destinada a todos os actores da economia social que pretendem candidatar-se a fundos nacionais ou internacionais, incluindo empreendedores sociais, instituições particulares de solidariedade social, organizações não governamentais (ONGD, ONGA, ONPD), associações, colectividades, fundações, cooperativas, associações mutualistas e misericórdias, a GEOfundos garante um acesso rápido, simples e objetivo a todas as fontes de financiamento, através de respostas direccionadas às necessidades de cada entidade, em actualização permanente sobre os fundos em vigor.
Os alertas imediatos sobre novas oportunidades, aliados ao Espaço de Aprendizagem e Centro de Especialistas, que garantem o acompanhamento na elaboração da candidatura, permitem planeá-la com tempo e qualidade, com vista ao sucesso na obtenção de financiamentos. O que aumenta a eficácia das organizações e lhes permite dedicar mais tempo à sua verdadeira missão.
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Uma aliança estratégica para a economia social nacional
O VER pediu aos responsáveis das nove entidades parceiras que integram esta nova plataforma que explicitassem, de forma sucinta, não só o que os levou a abraçar esta iniciativa conjunta, como também as suas principais funcionalidades e mais-valias, em conjunto com os principais resultados ambicionados
Paula Guimarães
Directora do Gabinete de Responsabilidade Social Associação Mutualista – Montepio Geral
Em Portugal, a GEOfundos é a única solução que agrega todas as oportunidades de financiamento em vigor nacionais ou internacionais, pretendendo cobrir as necessidades de fundos na economia social, as quais se têm vindo a agravar com a diminuição das verbas transferidas do sector público para a economia social.
Com o preenchimento do registo na plataforma de cada entidade ou iniciativa é possível apresentar as candidaturas em vigor para cada utente, de forma personalizada, através do recurso a critérios de segmentação rigorosos.
A plataforma pretende facilitar a sustentabilidade das entidades da economia social e a sua capacitação através da disponibilização de um ‘Espaço de Especialistas’ em consultoria e formação, um ‘Centro de Aprendizagem’, com a compilação de várias formas de conhecimento necessárias para apresentar candidaturas a financiamento de sucesso e ainda uma ‘Linha de Apoio’ que permite esclarecer dúvidas que surjam durante a sua utilização.
A construção desta plataforma pioneira congregou o esforço financeiro e de recursos humanos de nove entidades que, em parceria e com grande partilha de conhecimentos, lançaram um instrumento muito útil e já esperado pelas entidades em causa, também elas participantes na fase final, contribuindo com a análise da solução criada e propondo sugestões de melhoria (cerca de 30 potenciais utilizadoras da GEOfundos foram envolvidas na validação final).
Mariana Rebelo de Andrade
Directora de Desenvolvimento de Negócio, Call to Action
A GEOfundos é uma plataforma ao serviço da economia social e, como tal, nasce com o objectivo de disponibilizar, às entidades que a integram, uma ferramenta de trabalho útil para o dia-a-dia de quem procura financiamento através de candidaturas a fundos.
Através de uma pesquisa simples e rápida, o resultado surge de forma personalizada, ou seja, tendo em conta o perfil de cada entidade. Desta forma, a plataforma GEOfundos permite às entidades da economia social não só aumentarem a sua probabilidade de angariar financiamento, como também dedicarem mais tempo à sua missão.
Carla Pinto
Vice-presidente, CASES
Ao longo dos anos, são poucas as entidades que se têm especializado ou dedicado à captação de fundos e diversificação de fontes de financiamento, os quais têm diferentes graus de complexidade e níveis de acesso.
É neste sentido que a GEOfundos, enquanto plataforma agregadora de conhecimento, pode conferir um importante contributo na democratização do acesso à informação e apoio na elaboração das candidaturas.
Em suma, a GEOfundos, assente numa parceria entre nove organizações, pretende ser uma plataforma facilitadora da acção das entidades da economia social.
Luísa Sanches Valle
Directora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano
Pensar, construir e trabalhar em conjunto com os outros resulta da ambição de fazer melhor e de chegar mais longe. Se à colaboração e parceria juntarmos mais dois pilares particularmente importantes para a Fundação Gulbenkian – o da inovação e o da resposta a uma necessidade comprovadamente existente – temos como resultado iniciativas como a plataforma Geofundos que, acreditamos, será uma resposta útil, importante e oportuna para as outras organizações.
Margarida Pinto Correia
Directora de Inovação Social, Fundação EDP
O duro trabalho de limar arestas entre todos os parceiros, alinhar expectativas e exigências, exigindo uma eficácia inquestionável levou-nos, em Maio deste ano, ao “cais de lançamento” da GeoFundos, na medida em que esta se afigura apenas como um começo. Neste “novo tempo”, qualquer agente social pode aprender, através da GeoFundos, a construir melhor a sua proposta, a definir melhor a sua ideia e a estruturar mais claramente os seus objectivos. Adicionalmente, pode cruzar ainda o seu projecto com outros exemplos do terreno e assegurar a pertinência da sua proposta. O tempo, raro na grande maioria das instituições, é agora optimizado: através da GeoFundos, não só há um conhecimento actualizado, permanentemente estudado, do que está disponível no mundo, como há uma customização de cada perfil: por exemplo, se uma entidade trabalha com a 3ª idade, não precisa de saber que fundos abrem para o apoio à infância ou, se o problema é uma equipa restrita ou pouco capacitada nas áreas de gestão e finanças, ou mesmo nas áreas administrativas, tem agora acompanhamento e aconselhamento em cada passo da candidatura. O que se traduz num aumento de eficácia, melhor gestão do tempo e num acompanhamento estruturado e “à medida” da proposta social de cada um.
A GeoFundos propõe não só uma monitorização permanente dos seus associados e resultados obtidos, como se obriga a uma avaliação constante por esta “aliança estratégica” entre os seus vários parceiros.
Graça Rebocho
Directora, Fundação PT
Considerando que a Portugal Telecom é uma empresa reconhecida como Pólo de Inovação em Portugal, no desenvolvimento de soluções tecnológicas através da Altice Labs, não poderíamos deixar de estar presentes neste grupo de trabalho.
Uma boa parte das entidades da economia social, desenvolve, com frequência, projectos interessantes e inovadores a nível social, com potencial de impacto na comunidade, mas nem sempre têm capacidade para procurar, de forma autónoma, financiamento e acabam por “disparar para todos os lados” na expectativa de alguma resposta positiva de apoio. Utilizam a mesma fórmula de “pedido” para todos os potenciais investidores e nem sempre conseguem descrever o que pretendem. Este problema agrava-se quando falamos em pedidos de financiamento internacionais, aos quais se junta o factor língua/tradução.
Capacitar para melhorar as candidaturas e disponibilizar todas as oportunidades de financiamento, numa única ferramenta que possibilita segmentar e dirigir de forma personalizada cada linha de financiamento foi a “fórmula” encontrada por todos nós. Desta forma levámos o velho ditado à letra – “Damos a cana e ensinamos a pescar”. Cabe às entidades agarrarem a oportunidade das oportunidades.
Filipa Pires de Almeida
Impact Business Development, IES-SBS
A plataforma GEOfundos é um projecto único e inovador: único pela sua dinâmica colaborativa – envolvimento de diferentes entidades com perfis distintos, mas complementares, que se propuseram criar uma iniciativa de valor impar para a sociedade portuguesa – e inovador por garantir a diversificação de fontes de financiamento para o sector social que tantas necessidades tem em Portugal. Acreditamos, desde a sua génese, que este projecto será considerado uma excelente prática internacional e que permitirá o encontro de agentes diferenciados na criação de impacto na sociedade. E tem sido muito gratificante ver a sua receptividade por parte de todos os que fazem parte deste sector. Contamos, até ao momento e dado o estado de maturidade do projecto, com dezenas de contactos e adesões, o que demonstra o elevado potencial de criação de valor.
Estamos convictos que o “financiamento certo com sucesso” é verdadeiramente transformador. O IES-SBS terá sempre uma presença activa neste projecto, seja como promotor ou com embaixador.
Joana Furtado de Mendonça
Coordenadora de projectos, TESE
“A TESE trabalha por um mundo com mais opções de escolha, aprendendo diariamente com a experiência no terreno. Encontrámos na criação da plataforma tecnológica GEOfundos uma forma de concretizar a nossa missão. A GEOfundos dá acesso a informação sobre as oportunidades de financiamento nacionais e internacionais disponíveis e abre caminhos de reforço de competências para aceder às mesmas com sucesso. Presta um serviço customizado a cada uma das entidades e empreendedores sociais em Portugal, pretendendo potenciar a capacidade de geração de impacto da nossa economia social”.
Cláudia Pedra
Managing partner, Stone Soup
“A GEOfundos permite às organizações e empreendedores encontrar todas as oportunidades de financiamento e investimento num só local, fazendo-as ganhar tempo precioso que podem usar no cumprimento da sua missão”.
Jornalista
