Se duas cabeças pensam melhor do que uma, três sectores – o público, o privado e o social – poderão, decerto, contribuir para gerar respostas sociais inovadoras aos muitos desafios existentes em Portugal. A CGD e a TESE deram o pontapé de saída, no passado dia 27, para um co-laboratório de inovação social que aposta na acção multi-direccional e intersectorial para criar novas ideias. Uma loja gerida por reformados com serviços adaptados às necessidades da comunidade local foi a ideia vencedora. Em conversa com o VER, Suzana Ferreira, da CGD e Helena Gata, da TESE, explicam como irá funcionar este co-laboratório Dinamizar a inovação social em Portugal e impulsionar as organizações dos três sectores a trabalharem conjuntamente para a criação e implementação de respostas sociais inovadoras é o objectivo do Co-Laboratório de Inovação Social, uma iniciativa lançada no passado dia 27 de Junho pela TESE – Associação para o Desenvolvimento e pela Caixa Geral de Depósitos. No evento de apresentação, Suzana Ferreira, responsável pela Direcção de Comunicação e Marca da CGD, alertou para a necessidade não só de se reinventar a democracia, mas “a de nos reinventarmos a nós próprios” a partir da reconstrução do diálogo público. Por seu turno, em representação da TESE, Helena Gata definiu o Co-Lab como “um espaço sem fronteiras onde todos podem colaborar, aprender e ensinar, com o grande objectivo de se valorizar a intersecção intersectorial”. Com base num estudo elaborado pela TESE em 2010 intitulado “Necessidades em Portugal: Tradição e Tendências Emergentes”, foram eleitas três necessidades para serem posteriormente trabalhadas pelo Co-Lab: o endividamento e dificuldades de poupança das famílias com baixos rendimentos; serviços de apoio às crianças, desadequados aos horários dos trabalhadores sobreocupados, nomeadamente com baixos rendimentos e, por último, novas aprendizagens e formas de ocupação para pessoas em transição para a reforma. E, na verdade, foi esta última a necessidade que, para já, encontrou uma resposta a ser implementada com o projecto “Chá, Café e Limonada”(v. caixa). Ao longo de dois dias e depois da cerimónia de arranque que contou com vários oradores nacionais e internacionais nas áreas da Liderança, Empreendedorismo, Inovação Social, Design e Responsabilidade Social, as duas entidades promotoras, em conjunto com a Mastercard e o Lisbon MBA, levaram a cabo uma pequena maratona de ideias para dar resposta às necessidades acima identificadas. Divididos em equipas multidisciplinares, cerca de 60 participantes, pertencentes ao sector público, privado e terceiro sector, colocaram as suas “cabeças pensantes” ao serviço da inovação social. O VER conversou com Suzana Ferreira, da CGD e Helena Gata, da TESE, no sentido de aferir os caminhos que conduziram a este projecto, o balanço que fizeram desta primeira edição e as expectativas deste co-laboratório para o futuro.
Como surgiu a ideia deste co-lab? Este Co-Lab de Inovação Social é a primeira iniciativa que não se esgotará no evento de dois dias que ocorreu na Fundação CGD-Culturgest nos passados dias 27 e 28 de Junho, e que funcionou como lançamento de um programa de acção mais vasto que será apresentado com maior detalhe nos próximos dias.
Helena Gata (HG) –TESE: A Ideia do Co-Lab social surge de um feliz encontro entre a CGD e a TESE, que decidiram unir esforços para fazer algo pelo país. Desta vez a preocupação não era dizer, mas sim fazer, partir para a acção e desencadear a mudança. Fomos muito inspirados pelo Efeito Medici, revelado Frans Johansson num livro com o mesmo nome, revelando o poder da intersecção disciplinar, ou seja da colaboração para a construção de novas soluções. Assim, a CGD/TESE decidiram acelerar o processo de Inovação Social, convocando 60 pessoas representantes dos três sectores (Público, Privado e Social) para, em conjunto, encontrarem soluções para três problemas identificados no Estudo de Necessidades em Portugal. A maior lição que se retira do Co-Lab social é que este projecto não só promove um processo original de colaboração na construção de novas ideias, como ele próprio resulta de uma parceria colaborativa e equilibrada, em que todos os parceiros desempenham uma função fundamental e reconhecida. A CGD tem uma capacidade de dar escala, visibilidade e impacto que poucas organizações em Portugal têm. Aliando-se à TESE, que é ágil e flexível na concepção dos processos, resulta numa combinação perfeita e focada que pode dar um contributo fundamental ao país. Que balanço faz desta edição? Os oradores que participaram na manhã do dia 27 conferiram também uma visão abrangente e inovadora a um tema que ganha todos os dias maior importância como resposta da sociedade e do sector público a um novo modelo de desenvolvimento económico e social. A CGD continuará a desenvolver e promover, no âmbito possível da sua intervenção, todas as iniciativas que se enquadrem nesta procura de um modelo económico e social mais justo, solidário e colaborativo. A TESE é um dos parceiros de referência para o cumprimento desta missão e o apoio na organização desta iniciativa deixa bem clara a sua competência e motivação para, em conjunto com a Caixa, constituirmos uma parceria de referência neste novo modelo colaborativo que estamos a implementar. HG – O balanço foi muito positivo e demonstrámos que a fórmula funciona! De realçar também que marcámos um ponto de viragem. Foi o 1º passo para a mudança de paradigma. Deixámos para trás o assistencialismo que tem marcado as últimas décadas, e até mesmo séculos, quando se trata de resolver problemas sociais, para passar a uma abordagem construtiva e de co-responsabilização, que implica uma mudança sistémica. Bill Drayton afirmou, há uns anos, que temos que deixar de dar o peixe. E também já percebemos que não chega ensinar a pescar e que é preciso revolucionar a indústria da pesca. É disso que trata o Co-laboratório de Inovação Social, de uma nova maneira de fazer as coisas, de uma nova Revolução Social que nos leve a um desenvolvimento realmente sustentável. Como vai funcionar a implementação das ideias eleitas e qual o papel da CGD e da TESE na mesma? HG – A implementação das primeiras ideias que resultaram do Co-lab Social vai seguir o mesmo princípio de colaboração intersectorial. As pessoas que criaram as ideias vão continuar a participar e outras pessoas e entidades serão convidadas a entrar no processo. Em termos práticos, foram identificadas várias fases de implementação pelas quais cada ideia deverá passar, de forma a garantir que haja o desencadeamento de uma mudança sistémica. A CGD e a TESE irão garantir a condução do processo, mas queremos que o Co-lab Social seja um espaço democrático e, por isso, é fundamental para nós que haja uma apropriação do mesmo por parte dos seus participantes, sejam eles entidades ou pessoas individuais. Que próximos passos estão previstos para que o Co-Lab se mantenha continuamente “activo”? Fundamentalmente, o Co-Lab pretende ser a plataforma colaborativa para os três sectores e cativar as organizações, entidades e cidadãos que pretendam mobilizar-se e trabalhar em conjunto, aproveitando as competências e os recursos de todos, para desenvolverem e concretizarem soluções inovadoras para os problemas da sociedade portuguesa com uma visão inclusiva, no sentido de que todos devem ter lugar neste novo modelo económico e social. HG – Em termos práticos e ainda durante o mês de Julho, iremos proceder à transformação/actualização do website, para além de comunicarmos o processo de implementação e aumentarmos a rede de participantes. A implementação das ideias identificadas é uma etapa crucial do Co-Lab e irá ser o GRANDE desafio do Co-laboratório de Inovação Social. Esta crise é uma oportunidade única para a criação e implementação de novas ideias e soluções que funcionam. Por exemplo, o projecto Café, Chá ou Limonada, vencedor do Co-Lab demonstra bem a ruptura com o modelo tradicional de resposta oferecido aos reformados. O projecto põe na linha da frente os reformados, sendo eles os protagonistas de todo o projecto. Esta premissa é essencial nesta nova abordagem, nesta nova maneira de fazer as coisas. Queremos, até ao final do ano, garantir que esta ideia vai ser prototipada, experimentada e consolidada, para depois ser replicada e ganhar escala ainda em 2012.
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Editora Executiva